Musashi não me deixa trabalhar
Fazia tempo que um livro não me agarrava assim. Tudo culpa do João, cara lá do aikido, que um dia me convenceu a ler este clássico japa que é lido entre dez a cada dez alunos de artes marciais. Eu resistia bravamente porque achava que era leitura-menininho-quero-brincar-de-espada. E até é. Mas é também uma saga samurai, um épico nipônico, uma linda história de amor e o caminho espiritual de um único e solitário homem. Impossível parar de ler o tijolão – 921 páginas, só o primeiro volume.
O livro conta a história do samurai mais famoso do Japão, devidamente romanceada pelo escritor Eiji Yoshikawa que imortalizou Musashi na literatura mundial nos anos 30, quando lançou sua história em episódios publicados no jornal Asahi Shimbum. Impossível não se deixar levar pelas reflexões sobre as escolhas que cada um faz, sobre os caminhos que escolhemos e sobre os caminhos que escolhem a gente – como foi o aikido para mim. É também uma deliciosa viagem pelo Japão do século XVII.
O problema é que Musashi não tem me deixado viver socialmente e está me atrapalhando profissionalemte. É que eu prefiro ler de manhã (à noite eu tenho sono). E como entro tarde no trabalho, posso me dar ao luxo de me deitar com um livro por um tempinho. O problema é que tenho me empolgado e esquecido da hora. E, cá entre nós, Musashi anda muito mais divertido que meu trampo. Só troco meu samurai favorito por um outro carinha aí. Mas isso é outra história. Que, quem sabe, não vira uma saga, um épico. Ou só um romance dos bãos mesmo.
Débora – A Samurai Divorciada