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Sobre pessoas que não passam

Depois de 16 anos nesta vida de “jornaleira”, já posso dizer que passei por um bocado de lugares. Nesta carreira instável que escolhi, é um eterno começo e recomeço, num jornal aqui, numa revista ali, outro frilinha (lê-se trabalho freelancer) cá... E me dei conta de que a maioria das pessoas com quem convivi ficam só na memória. Assim como as reportagens viram vagas lembranças (a maioria nem me lembro, confesso) ou guardadas (perdidas) no armário, ou apenas dentro do Google mesmo.

Mas outros não. Muitos transcenderam as dificuldades, a pouca grana ou os chefes pentelhos e se transferiram para um patamar mais elevado do que simples colegas de redação.

Lembro-me com saudade da Nêga Deise, a diagramadora faz tudo do primeiro jornal que trabalhei. O sorrisão dela sarava qualquer cansaço de fechamento e me fazia esquecer que o salário nunca durava até o final do mês. A Deise economizava no almoço, mas estava sempre linda graças ao investimento em dezenas de cremes à base de manteiga de karitê para os cabelos.

Outra redação e mais gente inesquecível. A voz doce da Fernanda (hoje uma especialista em gastronomia que enche os colegas de orgulho) acalmava os meus dias atolados de pautas. Na primeira assessoria de imprensa, a Thais, loira e linda, era meu muro das lamentações a cada intervalo, e me fazia gargalhar com suas estratégias para dormir sentada sem ninguém perceber, depois de uma noite de balada.

No jornal que durei mais tempo, há uma coleção de pessoas que guardo no coração, e até hoje elas me fazem pensar que, sim, valeu a pena todo o sacrifício. E que bom que elas estavam lá para me ajudarem a enfrentar os momentos difíceis. Sem a Tati, com sua doçura e alegria com a vida, eu não teria conseguido tocar meus dias ali, ao mesmo tempo que encarava uma das fases pessoais mais difíceis da minha vida.

Quando morei fora do País, a Luciana me dava força para suportar o frio e a solidão todos os dias naquela loja de loucos. E o Iago, um brasileiro gente boa do centro de lazer onde eu era salva-vidas (ainda preciso contar esta história pra vocês), era a fonte de risadas para eu esquecer que ali naquele lugar nem jornalista mais eu era. Na volta para o Brasil, teve a Carol, numa pequena assessoria de imprensa no Centro de São Paulo, com seu cotidiano repleto de cursos e compromissos e sua paixão por cabelos e canto em coral. Ainda espero vê-la à frente de um bombado salão de beleza ou fazendo turnê cantarolando pelo País.

E depois veio a Débora, sem a qual eu não estaria escrevendo estas linhas aqui, e também seria alguém bem mais dura com a vida. Como vocês que nos acompanham sabem, ela é especialista em auto-deboche e tive o privilégio de receber lições diárias desta técnica própria que ela desenvolveu de tirar sarro dela mesma. Sem falar nas sessões de tarô, das cachacinhas no boteco e das joaninhas (ela é viciada em joaninhas).

Agora, espero novamente ver este atual emprego passar um dia, mas tendo a alegria de carregar um monte de gente pra sempre marcada em mim.

Houve muito mais pessoas especiais nestes lugares todos, mas através destas que citei, espero que todas se sintam homenageadas neste meu singelo post.

Muito obrigada por terem cruzado meu caminho e me ajudarem a ir tentando ser alguém um tiquinho melhor a cada dia.

Patrícia, A Solteira

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