quarta-feira, 21 de março de 2012

A vida que existe à tarde

São 17h30 de uma quinta-feira. Essa era a hora em que, até duas semanas atrás, eu atingia o auge da minha concentração no trabalho. Não via o sol se pôr, não sentia o dia esfriar, não via a agitação da vida que volta do trabalho a partir das cinco. No máximo, ia tomar um lanche fora da revista e via alguns fragmentos disso tudo. E logo voltava à baia. Nessas minhas duas primeiras semanas sem trabalho, me dei a chance de simplesmente observar a vida que existe à tarde.


São velhinhas na porta do SESC e crianças voltando da escola – os principais personagens que deixam de existir para quem bate cartão. São donas de casa ou mães trabalhadoras que se desdobram em mil para estar na porta da escola do filho na hora certa. São os adolescentes que fazem cursos extracurriculares após a escola. São universitários que ainda não conseguiram o estágio, o primeiro emprego e - fazer o quê, né? - ficam nas chinelas, lendo um livro na livraria cultura ou no café.


A cidade vibra à tarde. Uma vibração diferente daquela da manada que entulha os trens de manhã e no fim do dia. A cidade vive. Bom recordar isso de vez em quando.


Débora – A Divorciada

8 comentários:

Andarilho disse...

A gente que trabalha em escritório e tem rotina fixa acaba esquecendo que o mundo continua lá fora.

Por isso gosto de matar o trampo de vez em quando no meio da semana. Faz um bem... (só não dá pra exagerar).

21 de março de 2012 às 08:30
Giselle Mota disse...

Nem me fale, eu que trabalho 12horas por dia aqui, so consigo ver o sol agora pq trabalho em frente duas janelas...mesmo assim, de longe!! Quando passo pela rua para ir ao banheiro que sinto ele na pele, aiai...que delicia! Parece bobagem, mas a gente deixa de ver um pouco "a vida" por causa do trabalho!
APROVEITA ;D
Bjos

21 de março de 2012 às 09:21
Bruna Angeli disse...
Este comentário foi removido pelo autor. 21 de março de 2012 às 09:21
Bruna Angeli disse...

Para ver um pouco dessa "vida", que vira e mexe eu dava uma fugida por volta das 16h 45 e 17h 00 para ir à padaria buscar um pãozinho, e então também me deparava com cenas como essa citada, o mais engraçado era a competição das madames que iam buscar seus filhos numa escola de crianças ricas,é um verdadeiro desfile de bolsas de grifes e papos madames, mas o melhor mesmo era sentir os raios dos Sol já enfraquecidos e um leve ventinho de final de tarde.

21 de março de 2012 às 09:26
Anônimo disse...

Por isso eu defendo o hábito de tirarmos um tiquinho de férias todos os dias, seja tomando um sorvete, falando com uma pessoa querida ou cuidando do corpo e da aparência.

Não é fácil, mas, do contrário, nos desumanizamos.

Um brinde às tardes, sejam de sol ou chuva.

E boa sorte na sua nova fase.

Bjos da Solteira

21 de março de 2012 às 10:43
Evelin disse...

Verdade, como é bom lembrar que a tarde existe...
Pouco mais de um mês consigo olhar para chuva que cai sempre as 14-15h e para o sol das 17h. Muito bom.

bjs

Evelin

21 de março de 2012 às 14:17
A. Marcos disse...

Dia desses lá estava eu lembrando dos tempos em que eu também vivia a tarde assim.

Bons e saudosos tempos.

Mas cada época tem sua graça e, como tudo é ciclico, se eu não morrer antes ainda voltarei a vivenciar a tarde. Me refiro a segunda infância, aquela de quem está a caminho da senilidade.

21 de março de 2012 às 18:19
Paula Rocha disse...

Que delícia, Débora!

Aproveite tudo o que puder nesse respiro sabático. Faça como os estudantes ainda em busca de um estágio e vá ler um livro de chinelas na livraria cultura, ou passar num parque para sentir a grama com os pés, passeie pela Liberdade ou vá a feira comer pastel sem pressa!
Adorava fazer essas coisas no meu tempo de mulher liberta, hehehe.
E parece mesmo que a cidade tem outro clima e ganha outras cores à tarde. :)

21 de março de 2012 às 18:46