quarta-feira, 23 de março de 2011

Filosofia de escada rolante

Sempre me alegra o dia quando, apressada pelas estações de metrô todos os dias, me deparo com uma criancinha tentando subir a escada rolante do lado da descida, como que nadando contra uma forte correnteza. Os adultos olham com desaprovação, enquanto elas se esmeram em se equilibrar subindo no sentido contrário. Apesar do grande esforço, morrem de rir com a própria travessura e se deliciam com a sensação de contrariar uma regra.

Hoje aconteceu de novo. E, depois de desviar de uma menininha sapeca que se segurava no corrimão para não cair, segui pensando sobre como deixamos de lado a parte lúdica da vida depois de adultos e nem percebemos.

A gente passa a fazer as coisas só depois que encontramos uma forte razão para elas, e isso até nas coisas que a razão não serve para muita coisa. Ou seja, primeiro, perguntamos “Por que sim?” e só então nos convencemos de que tal coisa vale mesmo a pena. Mas, analisando as crianças, elas não se fazem estes questionamentos ao tomar suas simples decisões cotidianas, como correr no sentido contrário de uma escada rolante. Elas sentem uma vontade e devem, no máximo, se perguntar: “Por que não?”.

Engraçado como essa simples observação/reflexão teve o poder de mudar minha visão sobre um monte de coisa. Por que não amar quem está perto em vez de esperar a pessoa perfeita? Por que não rir alto no cinema se achei realmente engraçado? Por que não viajar o mundo em vez de comprar um carro? Por que não pedir o namorado em casamento? Por que não aprender a andar de skate aos 40? Por que não conhecer uma pessoa e casar na semana seguinte? Por que não tomar banho de chuva e estragar o sapato novo? Por que não aprender finlandês? Por que não repetir a sobremesa? Por que não inventar uma desculpa para não ir trabalhar? Por que não chorar quando alguma coisa dói? Por que não dizer “Eu te amo?”. Por que não usar esmalte vermelho com batom vermelho e ainda sapato vermelho? Por que não dançar em cima da mesa? Hein, hein?!

Às vezes, ir contra o fluxo dá mais trabalho e a gente leva mais tombos, mas, no mínimo, pode ser bem mais divertido.

Patrícia - A Solteira

11 comentários:

Anônimo disse...

aêê....mto bom o texto...não é piegas, não é óbvio, mas é simples e na mosca.

23 de março de 2011 às 03:43
Andarilho disse...

Desde que não em atrapalhe quando eu estiver na escada rolante, tudo bem, hehehe.

O problema é quando ir contra o fluxo não afeta apenas vc, mas quem está no fluxo e quer ir nele.

23 de março de 2011 às 10:21
Kamylla Cavalcanti disse...

Adorei o cantinho de vcs meninas!!!
já estou seguindo e adoraria ver vcs lá no meu:
http://cronicasdeanjos.blogspot.com/
bjs!

23 de março de 2011 às 12:11
Nadja disse...

Confesso que eu, já marmanja, nutria na época da faculdade esse hábito de seguir pelo lado contrário da escada rolante.
Mesmo sendo vista como uma 'babaca', gostava de fazer isso e, sei lá por quê cargas d'água, me sentia aliviada e até contente comigo mesma por não parar com a brincadeira por conta dos outros....
Há horas em que a criança interior pede espaço. E acho importante prover isso, porque é uma forma de ela dar sinal de vida...
Beijos

23 de março de 2011 às 12:15
Fernanda disse...

Deixamos o lúdico de lado pq somos criados para "crescer" e pensar demais. Pensamos se está certo ou errado, o que os outros vão pensar, o quão ridíclos poderemos parecer,nos importamos demais!
Concordo plenamente contigo, Patrícia, temos de nos importar menos com os conceitos e convenções e nos deixar levar menos a sério. Só que o primeiro passo demooooora... bjs

23 de março de 2011 às 12:50
Sal disse...

AMEI!!!

Falou tuuuuudo, Paty!!!

Lancemos a campanha: Arrisquemos no contra fluxo!

Bjo

23 de março de 2011 às 13:18
Mirys disse...

Paty: falou e disse, garota!!!

Esse post tem tudo a ver com o meu jeito de pensar. Em tudo! Arrisca! Se joga!!! Se não vai machucar nem magoar os outros, por que não tentar????

Bjos. Adorei!
Mirys
www.diariodos3mosqueteiros.blogspot.com

23 de março de 2011 às 13:34
Fermina Daza disse...

Que delícia de texto!

Vim parar aqui em dia certo. Aliás, hoje o meu passeio por blogs andam me levando para os caminhos da simplicidade - talvez a verdadeira sabedoria.

Adorei, meninas!
Beijinhos

23 de março de 2011 às 13:57
O Divã Dellas disse...

Eu adoro fazer o que as pessoas normais, normalmente, não fariam...
E, acredite, me sinto muito feliz. Porque consigo viver de forma mais intensa, saborear outros gostos.
Viver e não dar risada... De que adianta?
Adoro ser feliz e as crianças são mestres nisso!
Aprendo com meu Pequeno Mestre (meu filhote) todos os dias.
Beijos,
Cinthya

http://odivaadellas.blogspot.com

23 de março de 2011 às 14:56
Razinha Arruda disse...

Adorei o texto, Pat!!!!!!!!!! Muito bom mesmo!!!!!!!!!!!! =)

Beijos para o Trio!

Ra

23 de março de 2011 às 14:58
Marta Melo disse...

Realmente ,nós adultos começamos a nos importar demais,questionar demais e julgar demais...Adorei o texto e prometo pensar mais sobre o meu lado lúdico!!!!Bjs

23 de março de 2011 às 17:45