quinta-feira, 10 de março de 2011

Pelo direito de ter opções

Passei um Carnaval típico de uma solteira. Não, não fui para Salvador disputar quem beija mais. Fui para o "mato" com outras meninas em período de entressafra (traduz-se: entre um relacionamento e outro). Mulheres que classificaria como sozinhas, mas não como solitárias. Que mantêm o alto astral mesmo isoladas em um sítio e rodeadas de mulheres. Uma turma tão "mente aberta e coração tranquilo" que consegue até rir com filmes romanticamente dramáticos e músicas melancolicamente tristes.

Enfim, foi um feriado de muita risada e também terapia em grupo, como não poderia deixar de ser com tanta mulher cheia de história para contar. Uma das pautas foi "ter ou não ter filhos". O assunto surgiu por causa de uma matéria muito interessante da revista TPM deste mês. A reportagem traz entrevistas com mulheres que decidiram não deixar herdeiros, pelos mais variados motivos. Uma, porque acha que não tem talento para ser mãe; outra, porque quer dedicar a vida a outros objetivos, e por aí vai. Entre nós, também tinha opinião de todo tipo. A que sempre sonhou em ter filhos, mas como o casamento acabou, parou de pensar a respeito e não se tortura com a ideia de não ter. "Se passar meu tempo, adoto numa boa, sem problemas", diz. A outra disse que não se imagina como mãe. "Confesso que não me vejo com filhos, mas é duro dizer isso para as pessoas e sentir olhares como se você não fosse normal", lamenta. Da minha parte, acho que ter filhos é consequência de um grande amor e a necessidade de perpetuar esse sentimento através de um ser em comum, ou seja, levar às últimas consequências essa ideia de compartilhar a vida. Portanto, ter filhos não é algo que simplesmente se decide, é preciso estar dentro de um contexto. Do contrário, nem dá para responder direito à pergunta: "Você tem vontade de ter filhos?" Como assim, se ainda não conheci o pai deles?

Teorias e opiniões à parte, o que acho muito positivo é essa mulherada toda podendo escolher o que quer da vida. Nossa maior conquista nas últimas décadas não foi termos direitos iguais aos dos homens. Mas ter poder de escolha, ou seja, se queremos ou não casar; se vai ser na igreja ou não; se queremos dar a volta ao mundo em vez de ficar grávidas; se é melhor ter vários parceiros ao invés de um só etc. Isso que considero valioso, já que até há bem pouco tempo, não tínhamos para onde correr. E sofríamos muito mais quando tomávamos decisões sobre as próprias vidas em desacordo ao esperado.

Viva nossa liberdade de tomar as rédeas do nosso destino. Embora mais complexa, nossa vida ficou muito mais justa e emocionante.

E feliz Dia das Mulheres atrasado!

Patrícia - A Solteira

20 comentários:

Unknown disse...

Acho que essa foi realmente a conquista do século para as mulheres, a de poder fazer suas próprias escolhas. Mas ainda sofremos com o preconceito da sociedade quando as nossas escolhas não são exatamente o que esperavam que nós "escolhêssemos". Mas aos pouco isso também irá mudar. Eu sempre quis ter filhos e tive, muitos. Escolhi tê-los. Mas tem dias que sinceramente compreendo quem escolha não ter. Eles dão tanto trabalho e preocupação!

Feliz dia da mulher para esse trio bacana!

Beijos

10 de março de 2011 às 00:09
Frô disse...

Adorei e assino em baixo. Eu gostaria de ter um filho, mas na hora certa e com a pessoa que eu amo. Se não rolar, tudo bem também.

10 de março de 2011 às 00:22
Andarilho disse...

Sem opções, o que nos resta? Como diria William Wallace: liberdade!

10 de março de 2011 às 08:50
Olívia disse...

O mais legal é ter fases de querer e não querer... rsrsrs

Hoje, eu não quero...

(o duro é quando já tem o filho e você não quer mais ter rsrsrsrsrsrs - que máááááá)

.Olívia.

10 de março de 2011 às 10:07
Clarissa disse...

Acho que todo mundo precisa se dar conta que o importante é ser feliz, independente de filhos, marido, família...Acho que não devemos fazer nada obrigadas ou para seguir padrões estabelecidos pela sociedade há séculos.

Beijão meninas,
Clarissa

10 de março de 2011 às 10:52
Vê Guimarães disse...

Engraçado, me vi em quase tudo ai do texto porque eu já passei pelos olhares reprovadores quando eu dizia que não seria mãe e hoje, mãe de uma menina de 3 anos e louca pra ter mais um, concordo em gênero e grau quando vc diz que filhos são a perpetuação de um sentimento através de um ser comum - bacanérrima a descrição!
Parabéns pelo texto menina, sempre surpreendendo!

10 de março de 2011 às 11:51
3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Apesar de a visão da Digs ser meio romântica, eu concordo. Tanto que tive mta vontade qdo estava com o cara que amava. Hj, trintona-tiazona-solteirona, tb não vejo sentido em querer ter filho se não existe o pai. Confesso que acho meio estranho o "ter por ter".

Mas aqui entre nós: se todo munto pensasse assim, o mundo teria só 1 bilhão de pessoas, haha. Acho que a imensa maioria é, como eu, fruto de "acidentes", rs.

beijoss

deb

10 de março de 2011 às 11:54
SIL...Jasmim Flor ... disse...

Muito bem colocado o tema, agora está mais fácil tomar as rédeas do nosso destino mas algumas escolhas ainda são alvo de muitos preconceitos infelizmente. Acho que me separei justamente por isso cansei de viver para a família e pela família, sei que mitas pessoas me criticam por não ter brigado para ter meus filhos junto de mim, mas se é para ter liberdade de expressão não seria sensato obrigá-los a morar comigo e os deixei a vontade para escolher, conclusão hoje eles dizem que tem duas casas a do pai e a da mãe, se dividem entre as duas conforme a vontade deles. Filhos tenho dois já são crescidos e como disse Patrícia é preciso estar dentro de um contexto, para ser mãe é preciso querer muito e estar disposta a abrir mão de muita coisa. Mas no final acho que tudo valeu a pena.

10 de março de 2011 às 11:57
Anônimo disse...

Sou louca por crianças, e estou num momento doida pra ser mãe, mas sem um efetivo Pai não rola mesmo, sou orfã desde 1 e 8 meses e sei que em um período da vida isso é F***. Concordo que um filho seja a perpetuação de um amor.
E quanto questão de querer e não querer, esse lado bem resolvida acho que terei que fazer uns anos de terapia...

10 de março de 2011 às 13:44
3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Sou 100% a favor da total liberdade de escolher ter ou não ter. Sem pressão, sem preconceito.

Também vejo os filhos como o fruto de um amor grande, Pat, que nem vc. E também adotaria numa boa se, passado o tempo do corpo, batesse a vontade, que nem a sua amiga.

Sejamos livres! E felizes.

Beijos, beijos, beijos,

Bela - A Divorciada

10 de março de 2011 às 18:09
Giselle Mota disse...

Olha Paty, no caso de filhos, acho que a mulher ainda sente que "depende" muito do homem pra isso, eles podem ser "frutos de um grande amor" tendo so mae(adocao ou banco de semen) afinal, gerar uma vida eh escolher ser um grande amor para alguem e ter um grande amor pra sempre. Apesar de achar lindo ter uma familia de comercial de margarina, tb acho lindo e DIGNO mulheres que assumem a maternidade sozinhas e formam sua familia sem a figura paterna, mas nao menos feliz.

10 de março de 2011 às 18:55
F. disse...

Festinha de um ano do filho de uma grande amiga. Há meses atrás, de coração quente, estar próxima de tantas crianças mexeria muito comigo.
Fato. Era a urgência em ser mãe.
Hoje, enxergo que não era o relógio biológico que apitava, eram os sinais do amor, que de tão bonito, insistia em ter frutos.

10 de março de 2011 às 19:16
Anônimo disse...

Coincidentemente, me deparei hoje com uma passagem genial do livro "O terceiro chimpanzé - A evolução e o futuro do ser humano", de Jared Diamond.

"O objetivo de toda atividade humana não pode ser reduzido à produção de descendentes. A cultura humana adquiriu novos desafios. Hoje, muitos debatem se querem ou não ter filhos, e podem preferir dedicar seu tempo e energia a outras atividades... Ter a chance de escolher os objetivos é o que nos distingue mais radicalmente dos demais animais".

Bjs da Solteira

10 de março de 2011 às 19:46
João do Espírito Santo disse...

Viva a liberade de escolha! Viva a liberdade!

Opa, envolve outra pessoa? Hum... acho que é legal pensar mais... afinal, a criança não teria direito a um pai? Você vai segurar o perrengue sozinha?

Acompanho a batalha de mães solteiras, elas ralam e muito. Confessam que sentem a falta de ter o pai por perto.

Também conheço gente que não teve o pai e que sentia muita falta de não ter um.

Ok, tem muito homem bundão que corre da responsabilidade ou é um zero a esquerda pra cuidar do filho mas deveriam ser as excessões, certo? Ah! Só um detalhe: depois que teve não dá para não querer mais. Agora abraça! E com carinho, por favor.

Filho é uma bênção. Hoje o meu é companheirão: viagem, videogame, passeios, da opinião sobre a mulherada. Só não é de balada por conta da idade, hahaha. Mas ele tem o papai e a mamãe.

Enfim, faça pra ti o que tu queres, pois é tudo da lei mas quando envolve outros... seja generosa(o)

10 de março de 2011 às 19:55
Evelin disse...

Aqui vai o comentário de uma pessoa na casa dos 20: nunca tinha parado para pensar que a vontade de ter filhos existe quando se vive o grande amor. Sempre acreditei que era simplesmente pela vontade de ser mãe, como instinto de gênero mesmo.

Peço licença para narrar um acontecimento: em um feriado da vida, aceitei um convite de um amigo para ir num sitio de um amigo dele. Esse amigo, dono do sítio, era gatão, jovem e rico. Vivia (ou vive) em festa, com solteirões com direito a álcool. Logo após conhecê-lo, fui apresentada a sua esposa. Ela estava com o bebê do casal de apenas um aninho. Não era uma mulher bonita, posso dizer assim, ou talvez, não se encontrava devido a gravidez recente. Enfim, ocorre que numa conversa dentro do igarapé, ela me disse que estava louca para engravidar e poder me dedicar ao filho, que casou com ele (o bonitão) porque ele daria condições, social e financeira, para engravidar logo; e, que não se preocupava em ficar no pé dele, só queria que ele fosse um pai mais atencioso, mas também não é um problema, tendo em vista que ele trabalha para eu cuidar do bebê.


Evelin

11 de março de 2011 às 09:56
Kilson disse...

Assim como no lema dos inconfidente: LIBERDADE AINDA QUE TARDIA!
Concordo com vc que a maior vitória das mulheres é essa liberdade de escolha.
Abraços

12 de março de 2011 às 01:23
Unknown disse...

Patrícia, que legal o o seu texto!
E quem diria que um dia eu leria textos seus e me identificaria tanto com eles? Pois é, eu sou a Patrícia irmã da Priscila, estudamos com seus irmãos. Eu estou hoje com 34 anos, recém separada e sem filhos. Acho que essa neura passa pela cabeça da maioria das mulheres, e nossa, como é barra dizer, não quero ter filhos pra família. Também acho que a escolha é fundamental, não somos só um útero, que tenha quem quiser e quando achar conveniente!
Um beijão pra você, adoro o blog!

12 de março de 2011 às 22:52
Mirys disse...

Meninas: faz tempo que não comento aqui, não é não? Sorry... leio sempre! Mas a vida está corridinha...

Que tema polêmico, heim????
Acho que nós, mulheres, somos totalmente competentes para criar filhos sozinhas... mas, falando de quem está nessa há mais de um ano (não por opção, mas pela vida. FAzer o que??), é difícil pacas! Tem horas que dá vontade de ter alguém só pra te abraçar e falar "descansa, agora, que eu assumo o barco".

Mas, talvez seja só o meu ponto (peculiar) de vista...

Bjos.
Mirys


OBS: meninas, vocês viram a ideia do "projeto 10 em 10"? É sobre ver as coisas BOAS do seu dia (porque ninguém quer tirar fotos de coisas ruins), de valorizar os pequenos agrados que a vida nos dá, de se sentir bem no final da jornada.

O meu tá aqui, ó!
http://diariodos3mosqueteiros.blogspot.com/2011/03/10-on-10-by-mirys.html

Será que vocês participam no próximo dia 10??? Se entrarem nessa, não se esqueçam de me avisar, lá no Diário, que eu divulgo!

14 de março de 2011 às 09:46
Sal disse...

sensacionaaaaaaal!!!

adoro sua maneira de opinar e argumentar bem, e simultaneamente respeitar a opinião diversa!

"Viva nossa liberdade de tomar as rédeas do nosso destino. Embora mais complexa, nossa vida ficou muito mais justa e emocionante."

:)

bjoo

14 de março de 2011 às 13:24
Anônimo disse...

Pat, que legal te cruzar aqui. Lembro perfeitamente de vc. Vc e sua irmã eram as amiguinhas dos meus irmãozinhos, rs, naquela época em que dois anos já faziam uma grande diferença né? Agora, sabemos que somos todos da mesma geração, com os mesmos dilemas.
Obrigada por nos seguir. Boa sorte na nova fase e sinta-se à vontade pra escrever coisas pra gente, pra desabafar, ok?
Gde bj pra vc e a Priscila

da Solteira ;-)

14 de março de 2011 às 17:43