segunda-feira, 16 de maio de 2011

As lições da insegurança

Foi Michael Kepp que me fez pensar no assunto, ao escrever um artigo sobre o tema na Folha, dias atrás. Em seu texto, o jornalista citou o filósofo inglês Allan Watts para explicar a ideia que defendia: “O desejo de segurança é uma dor e uma contradição e, quanto mais nós o perseguimos, mais doloroso fica”.

Profundo, não? Mas muito verdadeiro. Achei maravilhoso quando, linhas adiante, o autor escreveu que “renunciar à compulsão por se sentir seguro torna você mais seguro”.

Kepp me fez pensar em mim mesma. E de como eu me sentia na fase mais trash do divórcio, a inicial, os primeiros dias depois que o outro vai embora (é assim com todo mundo, não? Pois comigo foi). É óbvio que eu estava triste, tentando pisar no chão de novo, juntando os cacos, pensando no que seria de mim, no que fazer com todos aqueles planos mortos antes de virarem realidade. Acontece que, como intervalos naqueles dias tristes, eu me pegava olhando pela janela do apartamento, com aquela vista ampla e iluminada da Zona Sul de São Paulo, e pensando: pode ser muito bom, muito novo, muito especial começar do zero. E isso me deixava feliz, por instantes plena na minha total insegurança. Por que não?

Fazer de mim uma tábula rasa, pronta para ser preenchida como eu bem quisesse, acalentava o meu coração. E me acalenta ainda, a cada vez que eu tenho medo que o “seguro” não seja tão seguro assim. O importante, agora eu sei, é estar aberto para que a vida nos apresente novas possibilidades. Ou, como escreveu Michael Kepp:

“(...) descobri que você encontra segurança não quando a procura, mas quando aceita os mistérios e as incertezas da vida. (...) É a diferença entre passar pela vida e deixar a vida passar por você.”

Much love,

Isabela – A Divorciada

PS: Gostou do Michael Kepp? Eu adoro os textos dele. E recomendo o livro Sonhando com sotaque, que reúne crônicas que abordam principalmente a visão dele, que é norte-americano, sobre o Brasil e sobre nós, brasileiros.

7 comentários:

Andarilho disse...

Segurança é ilusão. E quem é feliz perseguindo uma?

16 de maio de 2011 às 08:37
João do Espírito Santo disse...

Verdade, nunca estamos 100% seguros. Aceitar isso e estar abertos ao novo, ao diferente, aos desafios que a vida nos coloca é tira um peso grande das costas.

Por outro lado, nos proteger, nos respeitar e saber discernir o que é bom para nós, creio eu, é tão importante quanto, não é mesmo? Acho que seria a tal da prudência.

Enfim, penso que não saber a próxima curva faz parte do caminho mas enfiar no pé no acelador antes da mesma ou contorná-la com velocidade apropriada é escolha nossa.

Much love pra vc tb, Bela.

16 de maio de 2011 às 10:56
3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Maravilhosa a sua reflexão!!

Aceitar o mistério...ouvi isso de uma psicóloga quando nosso amigo Vince estava quase morrendo..."aceite o mistério". Aquilo ficou guardado no meu peito. Nossa cultura racional (salve, Tim!) às vezes não permite que o aceitemos. Mas vale o esforço.

beijos e ótima semana

deb

16 de maio de 2011 às 12:05
Alynne disse...

Preciso internalizar mais esta verdade, rsrsrsrs. Difícil mesmo é abrir mão da tão desejada certeza,mesmo tendo clareza que ela é ilusória, pois toda certeza é momentanea!

Bjs. Como sempre, adorei!

16 de maio de 2011 às 15:54
Cilo Roberto disse...

Confesso que fiquei pensando sobre isso. adorei o texto.

beijos pensativos!
:)

16 de maio de 2011 às 17:03
Ana disse...

Adorei o texto querida!

E segurança é algo relativo... sempre foi!

Bjs

17 de maio de 2011 às 11:26
Débora disse...

Segurança total não existe, mesmo.

Se fosse assim que graça teria??São as incertezas que nos fazem crescer, tomar decisões, muitas vezes, não as mais acertadas, mas a que naquele momento seria a melhor pra gente, mas principalmente ter responsabilidade de aguentar as consequencias daquela escolha.

Fui arrebatada muitas vezes pelas intempéries da vida, verguei, mas não quebrei e é assim, a vida é complicada, mas é deliciosa.

A vida por si só é incerta. Tudo pode mudar, mesmo o que não escolhemos.

18 de maio de 2011 às 11:32