terça-feira, 3 de novembro de 2009

A herança da França e outras histórias

Três dias longe da civilização, da internet, só bebendo muita cerveja, à beira da piscina, ouvindo meus primos falando besteira e tendo alucinações com tatus gigantes, eis-me de volta! Posto um textinho que fiz na semana passada, antes de viajar. Não postado antes por pura falta de tempo.

beijos e boa semana!

Débora - A Descasada

Sábado de manhã, após minha primeira noite na minha velha nova casa, saí para caminhar com minha mãe e seus dois cachorros – o que exige mais braço que um treino de cinco horas de aikido. Conforme ia revendo meu antigo bairro, minha mãe ia contando as histórias das pessoas que ali viveram ou ainda vivem. “Tá vendo aquela casa ali? Então, a dona dela...”. Nessas, ela me contou várias histórias interessantes de mulheres que ela conheceu ao longo dos 30 anos que meus pais vivem ali. Divido com vocês as duas que mais me chamaram a atenção.

A primeira é a da mulher que um belo dia surtou, largou marido e filho, e foi viver na França. Ficou lá uns dois ou três anos e viveu uma grande paixão com um francês. Depois de um tempo nessa vida de fuga, decidiu voltar e tentar reconquistar marido e filho. Eles a receberam de volta e ela tocou a vida. Alguns anos depois, recebeu uma carta da França informando-a de que sua paixão francesa tinha morrido e deixado sua casa de herança para ela. Como ela nunca tinha contado nada do que se passara na França ao marido, deu um jeito de contornar a situação e recusou a herança. Anos depois ela se mudou para o interior para cuidar da mãe doente. A última notícia que mamãe teve foi a de que ela morreu logo após a morte da mãe.

A outra é mais triste. Uma japonesinha discreta e tímida já nem falava com o marido fazia anos. Nesse período de silêncio, arranjou um amante, também casado. Viveu anos com essa história paralela até que um dia o amante adoeceu. E ela não podia visitá-lo, nem sequer saber dele. Quando ele morreu, ela ficou arrasada porque não pôde se despedir. A agonia dela era tanta que acabou desabafando com a minha mãe, que ela mal conhecia, porque precisava colocar aquilo para fora.

Fiquei pensando o quão misteriosa pode ser a vida de uma pessoa que a gente vê saindo de casa logo cedo, para trabalhar, imaginando que a rotina dela é só um eterno ir e vir para casa. Quantos segredos, aventuras, mistérios e sentimentos podem conter o coração de pacatas mulheres suburbanas como essas duas?

14 comentários:

SAL disse...

É como já diz uma canção sertaneja por aí "E quantos segredos traz
o coração de uma mulher...?!" ...

Não consigo julgar ambas histórias de tristes... Acredito que triste mesmo é aquela mulher acomodada com as convenções e que se conformou em sentir o amor fraterno, que o tempo trouxe junto com o amadurecimento de um relacionamento estável.

Não que eu apoie a bigamia... Eu apoio a coragem de viver mais! Eu acho lindo a vontade de viver até a ultima gota que moveu mulheres como essas duas!

Porque entre viver e sobreviver, há um grande precipício... e poucos encaram o salto!!!

pra variar, amei o texto... e a reflexão q ele me trouxe!!!

3 bjos

3 de novembro de 2009 às 14:12
Andarilho disse...

Se a gente observar muito tempo qualquer pessoa, vai ver que ela é cheia de dramas.

3 de novembro de 2009 às 14:55
Anônimo disse...

Ficar de pernas pro ar so na brejinha é otimo,nao tem coisa melhor...
Deve ter aproveitado tanto quanto eu rs.
Otima semana

3 de novembro de 2009 às 15:24
Fernanda disse...

Sou uma verdadeira voyer de gente! adoro observar as pessoas no trânsito, no supermercado, nos bares, etc. Às vezes faço disso combustível para os posts do meu blog ou guardo alguma inspiração que surja dali em diante.
Concordo com quem disse que não tem coisa melhor! Todos somos interessantes, apesar de nossas rabujices e idiossincrasias! beijo

3 de novembro de 2009 às 19:04
Paulinha Costa disse...

Tão misteriosa quanto a nossa, não é?
Todos temos os nossos segredos, mistérios e sentimentos, alguns publicáveis outros nem tanto...
Adorei o texto! Bjss

3 de novembro de 2009 às 22:17
3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Grandes histórias.......

Espero que as duas estejam bem e felizes. Isso é que é vizinhança, hahaha!!!

Beijos,

Bela - La Divorciada

3 de novembro de 2009 às 23:00
.Olívia T. disse...

Meu...que tatu foi esse???

Alucinaçõesss??

Que demaisss!!!

Novo final para o POST: O que será que eu terei para contar daqui a uns anos???

PS: ahahahahahaha

Olívia

3 de novembro de 2009 às 23:50
Nina disse...

Gostei muito do seu post.

Tão "Pontes de Madison" essas histórias, não?

beijo!

4 de novembro de 2009 às 07:48
Paulo Veras disse...

Poxa menina, seu blog é muito bom. Li os dois ultimos post e gostei muito.
Posso voltar mais vezes?
Abraços e bom resto de semana.

4 de novembro de 2009 às 09:45
Anônimo disse...

"Uma japonesinha discreta e tímida"................ sera?!?!?!
rsrsrsrsrsrs

4 de novembro de 2009 às 19:25
André disse...

1- Alucinaçao com tatu gigante? Eu quero! Me dá um desse ai!

2- A japonesinha poderia ter escrito um blog, ia bombar!

4 de novembro de 2009 às 21:22
Unknown disse...

Nelson Rodrigues faria a festa na sua vizinhança. beijos, Gio

5 de novembro de 2009 às 00:55
Johnny na Babilônia disse...

Todos nós temos um "dark-side"!!!!

bjsss

5 de novembro de 2009 às 07:55
Anônimo disse...

eu tenho medo de pessoas aparentemente normais...são as piores...

7 de novembro de 2009 às 03:38