quinta-feira, 5 de novembro de 2009
O carnezão de 60 e a pressa da vida
Na semana passada eu vivi uma situação que não esperava. O passado bateu à minha porta e eu e a minha porta ficamos um bocado surpresas. Minha cabeça ameaçou dar nó e me cobrar uma posição, uma resposta àquela nova (velha) situação. Mas aí cheguei em casa e olhei o carnê de 60 parcelas do meu carro, o Tião. Olhei de novo, folheei aquelas páginas que me levam até novembro de 2014, e pensei: qual é a pressa? Por que tenho essa mania de querer resolver as coisas no ato? Tenho cinco anos para pagar o carro. E em cinco anos terei 35 anos. Estarei longe de ser caquética. Terei uma vida e tanto pela frente. A não ser, claro, que o Barba me leve antes por motivos de força maior.
Esse ano eu tive pressa. Muita pressa. De fazer muita coisa. De resolver muita coisa. Agora, a dois meses do fim do ano, não sei nem o que vou fazer no Natal e no Reveillon. Não faço planos. E, pela primeira vez em meses, isso não me soa angustiante. Pelo contrário, parece é bem gostoso. Meu quartinho novo acaba de ficar pronto. Quanto tempo ficarei aqui? Não faço a menor ideia. Mas nesse exato momento, ele parece o lugar mais gostoso do mundo (e, pelo visto, para minha família toda também: eles não saem daqui!).
Esse ano tudo pareceu provisório. Meus relacionamentos, meus trabalhos, minhas moradas. Mudei duas vezes de casa. Carreguei malas para aqui e para lá. Tive tanta dúvida e chorei um rio São Francisco inteiro de lágrimas. E também dei muita risada. Estive, e estou, em permanente movimento. Me mexendo e recuperando o meu centro. Do movimento ao centro. E tô quase chegando lá.
Mas agora, toda vez que eu tiver pressa, volto a olhar pro meu carnezão de 60.
=)
Débora - A Descasada
13 comentários:
Tem horas que a gente tem que ter pressa (pq não nunca sabe quando acaba), e tem horas que a gente precisa ir com calma (pq o caminho geralmente é mais importante que o destino).
5 de novembro de 2009 às 20:16Débora, esse foi o post mais bacana que li nessa blogosfera nos últimos tempos...
5 de novembro de 2009 às 21:07Maravilhoso...
É e assim mesmo... com sabedoria que a vida te deu, vc vai vivendo umdia por vez... sem angústias...sempre em paz!
Grande beijjo
Dé...
5 de novembro de 2009 às 22:40Não me canso de dizer que sou sua fã...
Além de prima, e agora confidente...rsrsrsrs
Adorei o POST...sou testemunha dessas mudanças nos ultimos dias e pode ter certeza que você não demonstra pressa nenhuma em resolver "alguns" problemas!!!
Leia bem: alguns hahaha
Te cuida muiééé...
Olívia
Concordo com o Andarilho! Adorei o texto, eu também tenho um carnezão desse em casa, rsss
5 de novembro de 2009 às 22:40Dé, acho que você ainda vai dar o Tião de entrada para tirar uma Ferrari. Já vai pensando no nome da macchina: Ettore, Giuseppe o Ruggero? beijos, adorei o texto.
5 de novembro de 2009 às 23:20Gio
"Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos...
6 de novembro de 2009 às 00:36Tempo tempo tempo tempo, entro num acordo contigo...
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo e pareceres contínuo,
Tempo tempo tempo tempo, és um dos deuses mais lindos..."
Seus posts me fazem repensar nas coisas mais fundamentais da minha vida viu Déb?!! E não sei chamo de "conhecidência" mas seus escritos me trazem a reflexão sempre na hora propícia!!!
3 bjos
Puxa, Débora...
6 de novembro de 2009 às 08:33Tive um ano tão complicado, com tanta coisa que começou e acabou e outras que permanecem sem definição, que fiquei com inveja dessa sua serenidade.
Estou precisando encontrar o equilíbrio em meio a este mar de indefinições. Minha vida anda muito provisória!
beijo e parabéns pelo texto!
Levar a vida com menos expectativas, planos... evita algumas frustrações...
6 de novembro de 2009 às 13:55Viver cada momento presente, bom ou ruim, sem pressa... De boa, é ter sabedoria!
Abraço!
Ah, menina, eu também tenho aprendido muitas lições nesse último ano.
6 de novembro de 2009 às 16:30Minha história tem similaridades com a sua, descasei, voltei pra casa da mãe etc etc. Aprendi muito de desapego nesse caminho.
Mas eu sempre fui muito otimista e de repente tenho me pegado pensando:
" mas e se não for melhorar? E se a vida for isso aí?"
Aliás tenho pensando num post sobre isso... sobre ser feliz com a que gente tem, quando é muito menos do que a gente quer...
beijo!
"Não se afobe não, que nada é pra já....."
6 de novembro de 2009 às 20:02Beijos,
Bela - La Divorciada
Oi Débora, ainda não nos conhecemos, mas achei muito bacana o que escreveu. Me identifiquei na verdade. Estou prestes a ser proprietária de um carnê destes e às vezes acho que o mundo vai acabar amanhã. Quem sabe ele não pode ser meu aliado no controle da ansiedade. Vai saber ...
7 de novembro de 2009 às 11:47Adorei. Quem sabe seremos colegas. Beijos.
Viver o presente sempre, amiga. O carnê é só um símbolo do "um passo de cada vez".
8 de novembro de 2009 às 11:43bjs
Leia os sinais! Leia os sinais!
8 de novembro de 2009 às 19:35Adoro conversar com minha nova amiga. :)
Postar um comentário