domingo, 1 de novembro de 2009
Sobre o ter ou não ter
Outro dia, recebi a triste notícia que uma grande amiga havia se separado. A relação já durava quase uns dez anos, os dois tinham muito em comum, e ainda veio com um enteado super querido a tiracolo. Ela criou um laço com o menino, primeiros contatos na infância dele. Agora, o menino já é um adolescente e, tenho certeza, a separação não vai balançar a conexão entre os dois.
A novidade me lembrou de um papo nosso, coisa de um ano atrás, no qual ela falava sobre ter filhos. Durante muito tempo não pensou no assunto, aliás, protelou a decisão de sequer pensar na tema fraldas e afins o quanto pode. Na ocasião, com quase 40, vivia uma relação estável. À sua volta, todos os aspectos eram favoráveis para a vinda de um bebê. A surpresa foi que, mesmo assim, ela estava em dúvida. Será que desejava mesmo ter filhos? Se queria, já não tinha muito mais tempo, precisava resolver rápido e agir. O problema é que ela precisava de mais tempo.
Essa coisa de filhos deixa a gente sempre pensativa. Pensar no assunto é importante. Afinal, temos um relógio biológico e ele determina o nosso prazo. Por mais que sejamos independentes, donas dos nossos lindos narizes e auto-suficientes, quanto a isso, queridas, não tem papo, nem deixar para depois. Há que se ter em mente que, num determinado momento, seremos colocadas em xeque sobre esta questão.
Agora, tem uma coisa fundamental quando a encruzilhada chegar. Não cabe ao parceiro, família, convenções sociais, nem ao nosso ego decidir isso. Os três primeiros são fáceis de identificar. O quarto é que é um tanto quanto traiçoeiro. Quem nunca teve o sonho irresistível de ter um bebê que é a sua cara, o seu temperamento, e é lindo como o cara que você escolheu para partilhar essa experiência?
A cilada dessa situação é achar que é só isso. É só para cumprir tabela, fazer bonito na festa da família, gabaritar este item da agenda social e familiar, satisfazer a sua própria ideia de mulher perfeita, fértil, mãe, profissional, e por aí vai. Mulheres sem filhos não são menos mulheres. Algumas, acredito, fizeram um grande favor para si e para os filhos que não tiveram.
Sim, queridas, porque ser mãe é para o resto da vida. É amar alguém mais do que qualquer coisa no mundo, de forma incondicional, doadora e sincera. Nem todo o mundo está preparado para isso, ou sabe muito bem que o buraco é mais embaixo e não quer mesmo. O não ter é também uma forma de ser feliz.
Uma criança pode acontecer na vida de alguém. Assim como uma relação estável e ser mãe não são causa e consequência. Claro que ter filhos dentro de uma relação de amor, afeto, carinho, admiração e respeito é muito melhor. Mas, sejamos realistas, há mulheres com suas crias independentes, outras que recorreram a bancos de sêmem e vivem muito bem com seus rebentos e tantas outras que não tem filhos de sangue, mas puderam escolher os seus pela adoção. É sempre uma questão de escolha.
Acho curiosa a pressa de algumas mulheres - e até de alguns homens - em colocar os filhos no mesmo balaio das decisões sociais mais bestas. Algo como receber um convite para uma festa e decidir a melhor roupa. Coisas como "quero ter filhos antes dos 30" ou "já estarei muito velha para ser mãe depois dos 35. Quando ele for adolescente, já terei passado dos 50, o que vou aproveitar?" são algumas das bobagens que já ouvi e, o que mais me assusta, de meninas muito mais novas.
Pensar no assunto é ter a sensibilidade de tomar a decisão na hora certa, sem precipitações, nem quando já é tarde demais, o que pode ser muito doloroso. E a tal hora certa é quando ser mãe vira uma vontade sua, genuína, de ter alguém ao seu lado que, um dia, vai sair debaixo da sua asa para seguir o próprio rumo.
Giovana - A Solteira
PS: a foto é uma provocação, pra deixar todo o mundo pensativo.... :O)
15 comentários:
Belo texto, se fosse época de dia das mães, eu diria que era perfeito pra época.
2 de novembro de 2009 às 01:09Ser mãe não é para todas não... é preciso muito amor e muita doação...
2 de novembro de 2009 às 02:44Adorei o exto...
texto...
2 de novembro de 2009 às 02:45meu teclado tá um saco.... duro.... preciso fazer um esforço enorme pra digitar...
É, realmente a decisão é delicada!
2 de novembro de 2009 às 08:26Principalmente porque mulher tem data de validade...chega um dia q n pode mais ter filho...
Mas ter, só pra ver a carinha, tb n é bom.. filho tem sentimento, tem vida..é um ser humano e requer cuidados básicos...
Cada um é responsavel por seus pensamentos e atos e devem pensar muito antes dessa decisão!
Hoje falo sobre mulheres no blog q fui convidada!
Adoraria q vc passasse por lá!
bjs
http://aceuabertodaboca.blogspot.com/
ótimo texto.
2 de novembro de 2009 às 12:53Parabens pelo blog.
Maurizio
A foto é fofis, dá uma vontade de apertarr! rs...
2 de novembro de 2009 às 13:06"mãe é para o resto da vida" está é a grande verdade... Ser mãe requer responsabilidade, sensibilidade e vocação...
Nem toda mulher nasceu com esse dom, e infelizmente muitas mulheres tem filhos apenas por ter.. sem pensar na responsabilidade que é colocar uma vida no mundo...
Abraço, Otimo Dia!
Pra mim, não existe outro motivo biológico para vivermos a não ser ter filhos. Qualquer pensamento diferente disso é puro egoísmo. Eu me sentiria uma mula (que não se reproduz) se não tivesse sido mãe. Poderia até ser uma "mula" feliz, mas, a longo prazo, não teria servido pra nada. A coisa mais bonita da vida é perceber que você fez o seu papel e passou adiante o seu jeito de ser e dos seus antecessores. Não importa essa questão de estar preparado ou não, nunca estaremos totalmente prontos, esta é que é a verdade. Mas colocar a felicidade própria acima do seu papel biológico e social é egoísmo do mais rasteiro. Viver pra ficar solteira e sem filhos, trancada num apartamento me masturbando ou tendo encontros efêmeros sem nenhum compromisso? De que terei servido?
2 de novembro de 2009 às 18:02Bjs Marta
Acho que ser mãe não é pra qualquer mulher. Algumas não tem condições fincanceiras, psicólogicas e muito menos o tal instinto materno pra ter filhos. E pra mim esse papo de que se a mulher não é mãe, ela não se realiza, vai depender de cada uma... Tenho exemplos na família a respeito disso e quando tiver meu(s) filho(s), quero estar bem certa de que saberei, ou pelo menos tentarei, ser a melhor mãe que eu puder ser. Bjs gurias... Adoro o blog de vocês!
2 de novembro de 2009 às 21:09Excelente reflexão, Giovana. Também acho péssima a cobrança e a pressão que fazem para que as mulheres tenham filhos. Este negócio de cumprir tabela é triste. Acho que filho não é para todo mundo mesmo, dá muito trabalho, sim, não é só uma carinha bonita para ser exibida nos passeios.
3 de novembro de 2009 às 09:50E não vejo egoísmo numa mulher que não quer ter filhos. Hoje em dia, graças a deus, isso é questão de escolha. Conheço muita gente feliz e realizada sem filhos e muitas mães que vivem reclamando da vida. Acho que quem quer ter tem de saber a responsabilidade que isso implica.
Beijos
Gio, a foto e o texto não são apenas "pra deixar todo mundo pensativo" não... É digno de não se dormir mais!!!
3 de novembro de 2009 às 14:36Essa questão de filho é uma decisão que abre um leque de outros questionamentos na vida de uma mulher... A definição do que é prioridade, a idealização de tempo, a divisão de uma vida com "o" pai (aí entra a escolha desse cidadão!)... São escolhas difícies e que cabem um "sim" ou um "não", contando que esta resposta sejam sincera de alma e que o corpo saiba que a partir desse sim a mulher terá uma parte do alma, em um outro corpo!!!
Pra ser mãe não basta querer mesmo!!!
3 Bjos
Se fosse só questã de querência eu já teria tido uma penquinha de debinhas e debinhos!! haha
3 de novembro de 2009 às 16:17É um emaranhado de coisas mesmo...
O lado perverso, como vc mesmo lembrou, é que não se pode esperar muito tempo.
Mas tudo tem lá seu porque tb.
bitocas
debinha
Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii o texto...estou exatamente nessa encruzilhada...e pior é que sou meio teimosa, quanto mais as pessoas insistem e enchem meu saco para engravidar, menos eu quero, sabe....
5 de novembro de 2009 às 08:59Agora o que a anônima, quer dizer Marta, escreveu foi bem radical, vc não acha??? Cada um sabe da sua vida, não somos animais que precisamos seguir um "papel biológico" pará, né...Me senti nos anos 30, ou na pré história e/ou na inquisição...Cuidado mulheres sem filhos com as fogueiras...
Oi Karina,
5 de novembro de 2009 às 10:06pois é, é algo a se pensar mesmo. Esse assunto rende muitos e muitos posts. Também acho que os filhos são cada vez mais uma escolha do que destino.
Beijo carinhoso, Giovana
Às vezes me pergunto o que seria um filho em minha vida, sei que muitas mudanças virão, só não sei o que isso implicará em minha vida. Nem vou saber se não tiver, certo?
8 de novembro de 2009 às 11:54É fogo esse lance de relógio biológico, ainda mais agora estudando Medicina Tradicional Chinesa, vai pegando mais ainda... enfim...
Muitas questões interiores, muitas dúvidas, mas na verdade eu tô é deixando fluir... ver o que a vida me reserva e estou de braços abertos para receber o que tiver que vir. Adorei o texto.
bjs
estou gravida de 8 meses e meio, amei seu texto! bom, acho que devemos sim planejar (ou tentar) uma gravidez... mas mesmo planejando tudo pode dar errado. estou passando por um momento delicado no meu casamento, a gravidez trouxe a tona outros problemas q ja tivemos no passado. estamos juntos ha quase 7 anos e so este ano decidimos ter um filho, mas agora o marido "surtou" e estou pensando em separaçao a esta altura... entao eu acho q por mais q agente planeje nunca vai sair exatamente do jeito q pensamos! o momento pode ser o certo na hora de engravidar, mas ate o bebe nascer sao 9 meses que muitas coisas acontecem! se agente for pensar nunca teremos filhos! mas apesar de tudo estou feliz com a chegada do meu filho e entreguei tudo nas maos de Deus! acho sim q toda mulher, melhor, todo ser humano deveria ser mae! nos tornamos pessoas melhores sim!! beijos
11 de novembro de 2009 às 16:53Postar um comentário