O João Carlos Martins não me conhece.
E eu não entendo patavinas de música clássica.
Mal sei diferenciar um instrumento de sopro de outro.
E não consigo entender como funciona a interação maestro-orquestra.
Ainda assim, sou sua discípula.
Admiro, demais, o pianista e maestro. Não só pela sua história de
superação – ele diz que é teimosia – como por sua generosidade. Os
movimentos de suas ágeis mãos foram lhe traindo ao longo da vida, ora era
acidente no futebol, ora era L.E.R. e até uma pancada na cabeça durante um
assalto (leiam essa entrevista feita na ISTOÉ no ano passado). Ainda assim,
ele foi descobrindo maneiras de lidar com a dor e as limitações e, mesmo com
as mãos recolhidas, é capaz de reger orquestra e tocar música ou outra ao
piano.
Mais que suas capacidades técnicas, admiro seu sorriso, seu acolhimento e
sua bondade. Poucos músicos clássicos entendem que nem todo mundo entende de
música clássica. Ele sabe disso e ajuda sua audiência. Cita nomes de
compositores, dá créditos, mostra a hora certa de bater palma. Recupera um
maestro de 86 anos já esquecido e o coloca para reger uma menina de 13 anos,
uma revelação lírica. Coloca em uma mesma apresentação Mozart, Bach,
Adoniran Barbosa, Vila Lobos e o novo compositor do momento. Leva seus
meninos e meninas da sua Fundação Bachiana e da Orquestra Filarmônica
Bachiana de São Paulo para tocar no Lincoln Center, em Nova York. Leva o
samba para o palco. Abraça causas, abraça gente, abraça a música.
Existe o lado sombrio de sua trajetória de 71 anos. Ele chegou a ser condenado à prisão
por ter feito Caixa 2 para a campanha do Maluf, coisa que até hoje ele se
lamenta e se vê obrigado a se explicar.
Mas, honestamente, isso não reduz minha admiração por ele. Ele é honesto com
sua trajetória, com sua história e até com seus tropeços. Demasiado humano.
Ele costuma resumir toda sua incrível história dizendo que “A música
venceu” – tema da Vai Vai desse ano, que o homenageou e também venceu.
A vitória, na verdade, é a de um homem. Que mais que um maestro, é um
mestre. Que inspira muita gente e que fez eu, o primão e centenas de pessoas
chorarem na última terça, na última apresentação do ano da sua orquestra.
Obrigada, maestro.
Débora – A Divorciada
7 comentários:
Mais um ponto pra ele: Tocou Evidências, com Xororó e Chitão. Rsrs.
25 de novembro de 2011 às 10:27Eu assisti uma apresentação dele com os meninos da Fundação, tb não entendo muito, mas achei linndiuu. É emocionante.
Beijo
Me fez chorar de novo =D
25 de novembro de 2011 às 13:02Lindo o texto e acho que ele merece ler... =D
Foi lindo vê-lo na terça-feira... me renovou antes mesmo do ano novo hehe
Bjs primaaa
Que post lindo!!!
25 de novembro de 2011 às 13:16Concordo!!!
Também admiro demais o maestro.
Beijos, beijos,
Bela - A Casada
Eu tbm não entendo nda de música clássica, mas admiro muito a sua história de vida! Ele tem um brilho nos olhos que me cativa e me faz ficar encantada assistindo toda e qualquer entrevista que ele esteja dando.
25 de novembro de 2011 às 14:42Muitas palmas para o mestre \o/
Abraços
http://fortalezanobre.blogspot.com
É maravilhoso, continue conosco por muito tempo maestro.
25 de novembro de 2011 às 15:18Obrigada,
Beliza
Sabe admiro pessoas que superam problemas e que aproveitam a chance para se superarem tb (para torna-se melhor).Acho que a força e alegria que esse maestro transmite o fez vencer esses obstáculos e ser exemplo e inspiração para todos aqueles que carregam a vontade de vencer.Espero um dia poder me emocionar vendo-o se apresentar.Lindo texto!
25 de novembro de 2011 às 20:39Admiro o maestro. Admiro que vive de música clássica. Adoro música clássica. Cada dia procuro saber mais sobre esse universo grande e lindo. E, Bach, sempre me faz chorar...
26 de novembro de 2011 às 11:21Legal o texto.
Beijos
Evelin
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