terça-feira, 1 de novembro de 2011
Lições do feminino: nem Amélia, nem Madonna -o novo lugar da mulher
A mulher morreu, virou homem. A mulher tá yang mesmo. A mulher quer tudo. A mulher não sabe o que quer. A mulher tem que ser mais dócil. A mulher não pode esquecer do que conquistou com o feminismo. A mulher não precisa ter medo de ceder. A mulher está muito competitiva. A mulher está com medo de ser sensual. A mulher é naturalmente sensual.
A mulher se perdeu.
Essas são apenas algumas das frases que ouvi ao longo da apuração das matérias que fiz sobre o feminino nos últimos meses. E me fez pensar muito mesmo sobre essa busca por algo que é natural.
Por que, de repente, ficou tão difícil ser aquilo que se é?
A teoria de todas as especialistas que auxiliam as mulheres nessa busca é a de que para entrarmos no mercado de trabalho, embrutecemos. Passamos a falar mais grosso e fomos chorar no banheiro que é para não ouvir a acusação de que somos o sexo frágil. Foi um movimento importante, necessário e revolucionário. E ainda não definitivo. Afinal, ainda temos que brigar por, pelo menos, um salário mais igualitário. Entre outras injustiças típicas de gênero.
Só que eu percebi, e aprendi ouvindo essas mulheres todas, que dá para fazer isso com suavidade e leveza. E gostei do que ouvi. Afinal, em 2006, quando dei meus primeiros tombinhos no aikido, eu passei a trilhar um caminho no qual busco justamente o equilíbrio entre a energia masculina e feminina. Eu só não sabia que estava fazendo isso. Foi meio instintivo. Aliás, fazendo essas reportagens eu cheguei à conclusão de que o aikido é mais feminina das artes marciais. Não é competitiva, pelo contrário, é cooperativa. Busca a paz, não o conflito. Liberta o oponente, deixa-o ir em vez de o prender no tatame com uma chave ou na porrada. Só que é, ao mesmo tempo, vigorosa, precisa, a arte da energia. Uma contradição só. Como todos nós.
Eu mesma sempre fui uma mulher yang, mais agressiva. Mas também sempre fui uma baita de uma chorona bicudona. Sempre me vali do que alguns psicólogos chamam de “carícia negativa” – dava umas patadas em busca de atenção. E, ao mesmo tempo, era extremamente carinhosa com quem amo. Nesse poço de contradições, percebi que tinha todos os ingredientes para ser uma mulher assertiva, sim. E também doce. Vi que podia direcionar minha agressividade para nuitas coisas - sem ser grosseira. E que não tinha nada de submissa em ser meiga. Era, e ainda, um treino para usar a energia certa na hora certa.
Essa minha busca pessoal reflete um pouco esse novo caminho que as mulheres estão buscando. É um mix entre o feminino e o feminismo.
De todas as pessoas com quem conversei sobre o tema, adorei em especial o que a terapeuta junguiana Fernanda Tonon, quem eu tive o prazer de conhecer meditando na Shambhala, disse sobre essa busca:
“Ainda estamos no meio de uma transição, e todo processo de transição é caótico. Tenho esperança de estar viva para ver o momento em que vamos chegar ao equilíbrio. O que ajuda nesse sentido é que o mundo está mesmo precisando do feminino. As empresas estão doentes, as famílias estão em conflito, os relacionamentos estão brutos. E a mulher é fundamental para trazer o equilíbrio de volta. Só que não precisamos, para isso, voltar ao passado. Quando sai do útero, não tem mais retorno. O que conquistamos até aqui, fica. Só precisamos ir aprimorando. Eu diria que em breve os veremos um feminismo renovado”.
Gostei disso. Acho que vale até tese de mestrado e tudo mais (alguém se habilita?).
Resumindo as palavras da Fernanda, diria que não precisamos ser nem Amélia nem Madonna. E nem ter medo daquilo que somos e aprendemos a ser. Mas que dá para ir melhorando, sempre, opa! Isso dá.
Beijocas, meninas e meninos
Débora – A Divorciada
As matérias sobre o feminino:
9 comentários:
Nem Pereirão, nem Thereza Cristina.Ser mulher é um presente de Deus escolhido a dedo. Talvez quem sabe, quando Ele nos criou, ele estava namorando.
1 de novembro de 2011 às 00:11Um abraço. Adooooro seus posts.
Todo mundo anda tão perdido. O que é ótimo, em vez de achar um modelo pronto, procura-se o próprio.
1 de novembro de 2011 às 08:41P.S. E o link pra IstoE está errado.
Linda reflexao, parabens!
1 de novembro de 2011 às 09:40E vamos nos achando. Acho barbaro o livro 'Mulheres que correm com os lobos'. Ele sempre me rondou, mas, estranhamente, nunca tinha me sentido atraida por ele, ate um dia em que ele veio, de novo, eu o acolhi e acho que estava preparada para le-lo. É tambem leitura importante para homens!!!! Alias, gostaria muito de conhecer um titulo similar a este para compreender melhor o universo mitico do masculino. Sugestoes?
Beijos B.
Obrigada, Andarilho!
1 de novembro de 2011 às 10:01B., tb queria ler um livro assim sobre homens!!
Se souber de um, me avisa.
bjs
deb
Ter equilibrio eh bem dificil, mas eh fundamental...estou em busca ;)
1 de novembro de 2011 às 10:59Beijos
Sensacional. Eu tenho mesmo dificuldade de manifestar meu lado muito feminino, mas também to nesta transiçao para o equilibrio, chegando la.
1 de novembro de 2011 às 20:08Bjs da Solteira
Curti!
1 de novembro de 2011 às 22:43Eu acho que lido bem com o meu lado feminino. Acho que ele é grande, aliás, a maior força em mim.
Essa discussão vale muito uma dissertação de mestrado. Até tese de doutorado, viu? Quem sabe um dia eu não venço a preguiça e viro doutora? Bem, primeiro eu preciso acordar para Jesus e tirar a minha dissertação de mestrado da estante, bichinha. Levar a coitada para passear em algum congresso por aí. Boas ideias, vamos falar mais sobre o assunto.
Beijos, beijos,
Bela - A Casada
Debs sou bem parecida com você no quesito agressiva e chorona e quantas patadas para chamar atenção..mas já despertei também que dá pra melhorar e estou sempre buscando isso..quanto à discussão oh como é boa..beijãoo
2 de novembro de 2011 às 00:34Valeu pelo link, Deb! Um dia a gente encontra o caminho do meio!
3 de novembro de 2011 às 19:38Postar um comentário