Outro dia, recebi a triste notícia que uma grande amiga havia se separado. A relação já durava quase uns dez anos, os dois tinham muito em comum, e ainda veio com um enteado super querido a tiracolo. Ela criou um laço com o menino, primeiros contatos na infância dele. Agora, o menino já é um adolescente e, tenho certeza, a separação não vai balançar a conexão entre os dois.
A novidade me lembrou de um papo nosso, coisa de um ano atrás, no qual ela falava sobre ter filhos. Durante muito tempo não pensou no assunto, aliás, protelou a decisão de sequer pensar na tema fraldas e afins o quanto pode. Na ocasião, com quase 40, vivia uma relação estável. À sua volta, todos os aspectos eram favoráveis para a vinda de um bebê. A surpresa foi que, mesmo assim, ela estava em dúvida. Será que desejava mesmo ter filhos? Se queria, já não tinha muito mais tempo, precisava resolver rápido e agir. O problema é que ela precisava de mais tempo.
Essa coisa de filhos deixa a gente sempre pensativa. Pensar no assunto é importante. Afinal, temos um relógio biológico e ele determina o nosso prazo. Por mais que sejamos independentes, donas dos nossos lindos narizes e auto-suficientes, quanto a isso, queridas, não tem papo, nem deixar para depois. Há que se ter em mente que, num determinado momento, seremos colocadas em xeque sobre esta questão.
Agora, tem uma coisa fundamental quando a encruzilhada chegar. Não cabe ao parceiro, família, convenções sociais, nem ao nosso ego decidir isso. Os três primeiros são fáceis de identificar. O quarto é que é um tanto quanto traiçoeiro. Quem nunca teve o sonho irresistível de ter um bebê que é a sua cara, o seu temperamento, e é lindo como o cara que você escolheu para partilhar essa experiência?
A cilada dessa situação é achar que é só isso. É só para cumprir tabela, fazer bonito na festa da família, gabaritar este item da agenda social e familiar, satisfazer a sua própria ideia de mulher perfeita, fértil, mãe, profissional, e por aí vai. Mulheres sem filhos não são menos mulheres. Algumas, acredito, fizeram um grande favor para si e para os filhos que não tiveram.
Sim, queridas, porque ser mãe é para o resto da vida. É amar alguém mais do que qualquer coisa no mundo, de forma incondicional, doadora e sincera. Nem todo o mundo está preparado para isso, ou sabe muito bem que o buraco é mais embaixo e não quer mesmo. O não ter é também uma forma de ser feliz.
Uma criança pode acontecer na vida de alguém. Assim como uma relação estável e ser mãe não são causa e consequência. Claro que ter filhos dentro de uma relação de amor, afeto, carinho, admiração e respeito é muito melhor. Mas, sejamos realistas, há mulheres com suas crias independentes, outras que recorreram a bancos de sêmem e vivem muito bem com seus rebentos e tantas outras que não tem filhos de sangue, mas puderam escolher os seus pela adoção. É sempre uma questão de escolha.
Acho curiosa a pressa de algumas mulheres - e até de alguns homens - em colocar os filhos no mesmo balaio das decisões sociais mais bestas. Algo como receber um convite para uma festa e decidir a melhor roupa. Coisas como "quero ter filhos antes dos 30" ou "já estarei muito velha para ser mãe depois dos 35. Quando ele for adolescente, já terei passado dos 50, o que vou aproveitar?" são algumas das bobagens que já ouvi e, o que mais me assusta, de meninas muito mais novas.
Pensar no assunto é ter a sensibilidade de tomar a decisão na hora certa, sem precipitações, nem quando já é tarde demais, o que pode ser muito doloroso. E a tal hora certa é quando ser mãe vira uma vontade sua, genuína, de ter alguém ao seu lado que, um dia, vai sair debaixo da sua asa para seguir o próprio rumo.
Giovana - A Solteira
PS: a foto é uma provocação, pra deixar todo o mundo pensativo.... :O)
Leia Mais