terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Dar, receber e saber escolher
Acho que perdi horas preciosas da minha vida sofrendo por não ter recebido em troca o que eu esperava das pessoas. Se há um aprendizado que é para vida toda, é esse: não esperar nada, nadica, nadona em troca de alguém por quem você fez algo. Difícil, hã? Fácil na teoria. Na prática, ainda hoje me pego pensando coisas do tipo “não deveria ter feito aquilo por ele” ou “ela não merecia”. E conheço quase ninguém que não se frustre com isso. Tenho uma conhecida que anda em crise com a cunhada, que abusa da boa vontade dela – e ela, como eu, tem uma incapacidade enorme de dizer não.
Eu não só sofro com a falta de retribuição como ainda sou extremamente criticada por ser boba demais. Levo até a mãe da namorada do amigo à rodoviária, meu carro já chega sozinho a Guarulhos e faço toda uma movimentação para ajudar a filha da faxineira arranjar emprego. Às vezes me sinto idiota, e usada. Mas na maior parte das vezes eu faço simplesmente porque gosto. Uma hora no trânsito da Marginal para levar uma amiga ao aeroporto? Uma oportunidade de conversamos, um tempo exclusivo com ela. Um prazer. Emprestar dinheiro para um amigo em apuros? Se eu posso fazê-lo, é uma honra. Só sofro quando é algo que não me dá prazer, mas não consigo dizer não.
Contando essas e outras histórias para uma amiga, me deu um insght de como já diminuí as funções que me deixam desgostosa. Não porque eu aprendi a recusar pedidos, mas sim porque fui naturalmente eliminando gente que não me faz bem. Minhas relações são muito mais orgânicas hoje. Vivo intensamente cada troca de energia com as pessoas do meu círculo. As não tão próximas, que não dão liga, têm de mim apenas a energia necessária. E quando as amizades ou amores já não são mais naturais, a vida trata de levar embora.
Quando as relações são verdadeiras, a troca é natural. É impossível de ser medida em quantidades. Se é medida, já não é orgânica. Logo, se não podemos esperar nada em troca, podemos, ao menos, escolher nos relacionar apenas com essas pessoas que nos fazem bem.
Débora - A Divorciada
8 comentários:
OO coração bom dessa prima viu =D
20 de dezembro de 2011 às 00:18amo cada dia mais =D
.Olívia.
Muito bom texto. Um dia ainda consigo ser assim...me despreender do que não é necessário e não criar expectativas em relação às pessoas.
20 de dezembro de 2011 às 06:39Bjs
Estou aprendendo a ser assim tb como vc, pois antes eu cobrava de volta com juros e correcao!rsrs
20 de dezembro de 2011 às 08:08Eh um exercicio diario que vale a pena, vc nao eh nada boba, praticar o BEM, so nos traz coisas boas ;)
Bjos
Eu adotei o 'não' como resposta padrão.
20 de dezembro de 2011 às 09:21Depois de dizer não, até posso pensar e considerar um 'talvez', mas o 'não' sempre vem primeiro.
Se da pra ajudar, pq não ? Isso alimenta a alma de quem faz !!!
20 de dezembro de 2011 às 10:58Bondade nunca é demais, tampouco sinonimo de ser boba, desde q não se torne exploração, é claro.
Estou com vc e não abro Débora !!!
Bjs
A pessoa que vale a pena não se sentirá bem se você faz algo que te fira.
20 de dezembro de 2011 às 12:51O melhor favor, nessas horas, é não fazer.
Parabéns pelo grande coração.
Legal. Me empresta algum? hehe
20 de dezembro de 2011 às 12:56Bem, tenho problema de procurar ajudar o outro, de identificar o problema da pessoa e ja pensar em mil coisas para ajudar, sem nenhum pedido da pessoa e sem eu esperar nada em troca, mesmo. Mas nunca tinha me sentido tão mau com isso como nos últimos meses...
Beijos
Evelin
Amei! Um exercício de vida. Um dia eu chego lá.
20 de dezembro de 2011 às 22:13Beijão,
Bela - A Casada
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