quinta-feira, 14 de outubro de 2010
O meu primeiro amor
Eu estava entediada com aquela fila imensa na seção 257. Nunca peguei fila para votar. Azar. Estava mandando um torpedo para a Patrícia – conteúdo vazio, pura distração – quando ele apareceu sorrateiramente. Tomei um baita susto! Quanto tempo já fazia desde a última vez que o vi? Dez anos, oito? Nossa história terminou há exatos 15 anos. E lá estava ele: com a mesma carinha de menino. Alguns fios de cabelo brancos, muitos quilos a menos que da última vez que o vi e vestido com uma camisa vermelha. Lindo, como sempre foi. Demos um abraço apertado – quantas lembranças vieram à mente em poucos segundos – e um encontro foi logo marcado.
Dias depois, durante o jantar, ele me contou do casamento dele. E eu, da minha separação e das minhas histórias enroladas. Voltamos no tempo e fizemos uma longa reflexão sobre nosso amor adolescente. Todas as descobertas daqueles idos de 1995 e 1996 até o fim do namoro. Eu me lembro bem daquela fase. Foi o meu primeiro pé na bunda – o primeiro de muitos. Eu, que nunca fiquei muito preocupada com as groupies que ficavam na cola dele durante os shows, demorei a perceber que o perigo estava era no palco: ele me trocou pela backing vocal da banda.
Durante nosso reencontro ‘direto do túnel do tempo’, ele revelou que até hoje não sabe porque terminamos. O diálogo que seguiu foi mais ou menos assim:
- Eu sei bem porque você terminou!
- ...ela?...aquilo foi só tesão!
- Tesão é importante, faz parte da vida.
- Sim, sem dúvida. Mas eu era apaixonado por você...
- E eu por você. Mas, olha só, até hoje eu agradeço por você ter terminado.
- Por quê?
- Porque se não nós teríamos nos tornado um desses casais que se casam aos 20 anos, têm filho com 22 e separam com 26.
- Você acha mesmo?
- Acho. Muito difícil namoro de adolescente dar certo. E veja só, eu conheci o meu segundo namorado e depois o Charlie e foi maravilhoso o que vivemos. E você também seguiu seu rumo.
- Sim, é verdade. E eu acredito que somos mesmo a soma de nossas experiências.
- Isso! Sem dúvida seríamos também interessantes se tivéssemos ficado juntos. Mas talvez não tão experientes...
- É um ponto de vista.
Depois do burger com cerveja (eu, porque ele bebeu suco), ele me deixou em casa. Me deu um abraço forte e agradeceu pelo reencontro. Eu também. Adoro fazer balanços do que passou. Principalmente pra continuar tocando em frente com a certeza de que arrependimentos definitivamente não fazem parte do meu cardápio.
Quando eu estava descendo do carro, propus: novo encontro daqui 15 anos?
Débora – A Separada
18 comentários:
É incrível como o dia da votação acaba em reencontros. Também acho que arrependimentos 15 anos depois não valem. O legal é lembrar das coisas boas e guardar quem nos fez bem num cantinho do coração. Lindo texto. bj
14 de outubro de 2010 às 00:42Patrícia, a do torpedo.
Parabéns Debora, lindo seu texto... Espero um dia ter um reencontro assim, na paz pois o que levamos desta vida são as lembranças e o amor... Só não precisa esperar os 15 anos... Rs
14 de outubro de 2010 às 02:58Bjo
Adorei o texto.
14 de outubro de 2010 às 08:45Oi Deb,
14 de outubro de 2010 às 11:05adorei o texto. Totalmente sem imaginar vocês acabaram por fazer realmente um balanço, talvez até passando a limpo o que ficou na dúvida e no ar. Muito legal, principalmente a proposta de um novo encontro.
bjssssssss
Deb, adorei o texto!
14 de outubro de 2010 às 11:51Adoro reencontros...
Bjs
Nossa, meu sonho era ter uma conversa assim com meu primeiro namorado, passar a limpo aquela história linda que acabou mais ou menos como a sua. Hoje, mais de 10 anos após o término, nas poucas vezes que encontramos só rola uma tensão muito estranha, das 2 partes... Casei com o meu segundo namorado e sou muito feliz, nenhum arrependimento. Mas uma conversa sincera e aberta como essa deve ser o máximo...
14 de outubro de 2010 às 12:36Parabéns!
Eu voto na escola que estudei de propósito, sempre reencontro amigos. Nada de namoradinho, pq não namorei ninguém na escola, rsrs.
14 de outubro de 2010 às 12:55Oi,
14 de outubro de 2010 às 12:57meu primeiro namorado também me deu um pé na bunda sem qualquer explicação, simplesmente deixou de ir me ver.
A próxima vez que o vi ele já estava com outra e passados mais de 20 anos, somos vizinhos e ele sempre diz que se arrepende do que fez comigo.
E eu retruco dizendo que foi a melhor coisa que ele fez, se não eu estaria levando a mesma vidinha que ele.
bjs
Eu comecei a namorar com 18, me casei com 23 e me separei aos 27... rs. Só não tive filhos... mas com certeza a experiência com relacionamentos eu estou vivenciando agora. Eu e meu ex vivemos fazendo esses balanços já que somos amigos. Adorei o texto. Super beijos!!
14 de outubro de 2010 às 14:19Eu me lembro do meu primeiro Amor.
14 de outubro de 2010 às 15:19bjs
Insana
É por essas e outras que continuo achando que grandes reencontros acontecem quando a gente menos espera!
14 de outubro de 2010 às 18:43Um abraço,
Heitor
Deb, adoro seus textos!
14 de outubro de 2010 às 22:33Também nunca transferi meu título, faço questão de votar onde morei por 23 anos. Vários reencontros... com amigas e ex-amores! Muitas recordações.
Bjs
Texto Lindo!!!
15 de outubro de 2010 às 09:30Texto interessante e inspirador, quantas pessoas não gostariam de ter um encontro como esses?
15 de outubro de 2010 às 10:22bjs
Realmente muito doida essa história Dé. E o importante é seguir em frente, sempre, sem arrependimentos...
15 de outubro de 2010 às 12:25Beijos
Geo
O "até hoje eu não sei porque terminamos" foi muita cara de pau. Perdeu a chance de estar com uma mulher maravilhosa. Será que algum dia eles vão se tocar que essa estória de "aquilo não foi nada, foi só tesão" não cola?
16 de outubro de 2010 às 00:32Sabe, acho isso um pouco chato, apesar de não conhecê-la, concordo com frô. Mas que bom que vc tirou o melhor disso, continue mesmo assim.
16 de outubro de 2010 às 12:17=)
Engraçado ler este post hoje...Semana passada descobri que o meu primeiro amor trabalha no mesmo local que eu [estou lá há 4 meses] e só nos reconhecemos depois de 10 minutos de prosa. Gostaria até de um encontro pra colocar a conversa em dia , mas só. Nossas vidas tomaram rumos diferentes e acredito que só dá mesmo pra lembrar o que foi bom daquela época. Ah! E essa história foi há 17 anos.
26 de outubro de 2010 às 21:24Postar um comentário