domingo, 23 de novembro de 2008
Mulheres de fases, a la Woody Allen
Se você ainda não viu "Vicky Cristina Barcelona" então não leia este post, pule para o próximo e, pelamordedeus, resolva isso na sua vida indo a uma sala de cinema mais próxima. Agora, se você já viu, então gostaria de um lero contigo sobre la última película de Woody Allen.
Taí um filme que não termina depois que as luzes se acendem. Levamos tudo o que vimos conosco, e recordamos outras tantas caso a sorte de ir a Barcelona já tenha ocorrido na sua vida. De cenários, o filme é sedutor por si só. Como não querer pegar o primeiro avião até Oviedo? Ou alugar um carro, fazer a costa do Cantábrico rumo a Avilés, e então sentar-se na frente daquele mar sem fim e ficar admirando o farol e tudo em volta? Simplesmente irresistível. Não esquecendo de um bom vinho para acompanhar, claro. Destinos marcados na agenda para serem conhecidos muito em breve, quem sabe.
Sobre as personagens, curioso, acho que somos todas em uma. Quem nunca agiu como Vicky quando surpreendida pela vida? Quem nunca desejou o desprendimento de Cristina ao aceitar o convite do personagem de Javier Bardem para um final de semana incrível? Aliás, aqui cabe um parênteses: até para a Maracangalha iria se o Bardem me convidasse. E você? :O)
E, quem não tem uma María Elena (Penélope Cruz) dentro de si, que atire a primeira pedra.
O grande barato deste filme é justamente essa sensação que ele nos provoca. Nos diz o tempo todo que somos cada uma delas, dependendo da nossa fase. Afinal, somos mulheres! E, aconteça o que acontecer, é o que fazemos com as nossas experiências, com o que aprendemos graças a cada uma delas, o que realmente importa.
Cristina saber o que não quer é sim uma grande coisa. De verdade. Vicky sustentar sua vidinha american way of life, quando o que queria mesmo era que todas as cores de Gaudí invadissem a sua vida, é que é de fato discutível. Porque que é o racional, o convencionalmente certo a fazer e, por isso, tão banal. É muito fácil escolher o que está mais à mão, decidir sobre grandes coisas como se fossem pequenas. Mas não são.
Ao passar uma noite incrível com o pintor interpretado por Bardem, assim no susto, e ao admitir para ele com todas as letras de que estava morrendo de medo do que sentia pelo cara, Vicky parecia que se libertaria daquele "freio" de racionalidade. Mas o caminho rumo ao aeroporto foi mais forte.
Agora de quem dá inveja mesmo é da Maria Elena. Sim, porque o coração, mente e corpo do pintor pertencem a ela. Talvez porque ela não tenha censuras, seja só emoção, mesmo daquela forma canhestra e sem limites. É impossível conviver, mas não dá para esquecer. Parece não haver remédio para o amor romântico entre os personagens de Bardem e Penélope Cruz. E aí, de novo, o filme nos fala que é o que fazemos das nossas experiências o que realmente importa.
Por aqui, fico torcendo para que Vicky, ao se deparar com aquele marido usando chinelinhos sentado na cama com seu laptop e olhando a super TV japonesa, largue tudo e pegue o primeiro vôo de volta para Barcelona. E que Cristina continue sua travessia doida descobrindo o que realmente não quer. Uma hora ela se acha. Alguém duvida?
A Solteira
PS: o filme deste post você já sabe. A trilha sonora é esta.
8 comentários:
Também acho que somos todas em uma. Cada momento, uma mulher. Mas discordo um pouco de você sobre a Cristina. O final do filme (SORRY PESSOAL!), quando as duas voltam tal qual chegaram, me dá a sensação de que ambas não se permitiram a transformação.
23 de novembro de 2008 às 21:22Uma continuou insistindo no coxinha-master-mala, morrendo de medo da instabilidade de um amor español, e a outra continuou insistindo na sua busca, morrendo de medo da estabilidade que os amores por vezes exigem - até a Maria Elena exigiu isso dela! hahahaha
É que, claro, é mil vezes mais fácil e apaixonante se identificar com a personagem Cristina. Mais leve, livre, solta e que sabe viver o que a vida lhe traz.
Mas sigo acreditando que nem uma, nem outra. Mas um mix das duas. (ainda tenho minhas dúvidas se eu tenho um lado Maria Elena, rsrsrsrs)
Nossa! A gente tá levando esse filme a sério mesmo né??
beijos
The Married
Concordo que somos todas em uma, no fundo, bem no fundo agimos e pensamos mais como Vick e morrendo de vontade de às vezes jogar tudo e ser como Cristina. É claro, sem esquecer da Maria Helena, que essa nunca morrerá de câncer, pois não guarda nada, muito pelo contrário.
24 de novembro de 2008 às 11:00Entretanto o caminho do meio é muito interessante e ao mesmo tempo muito difícil de se encontrar. Ter a real abertura de coração e mente, de se envolver e simplesmente viver.
Na minha opinião, no final, a Cristina sai da mesma forma que entrou, em busca de algo que ainda não sabe, talvez nunca chegue a encontrar, pois segundo Maria Helena, ela possui a síndrome da insatisfação, embora muito mais experiente. Será que somos assim?
Em contrapartida, Vick que no começo sabia o que queria, resoluta de seu casamento, de sua vida com o coxinha, saiu de Barcelona completamente em dúvidas, agoniada e frustrada. Ela se ferrou nessa viagem, ou simplesmente abriu os olhos?
O mais interessante é que os homens continuam a ser o que são. Isso me intrigou um pouco, será que as mulheres são tão instáveis, cheias de idéias e os homens assim tão práticos? De novo, o caminho do meio. Encontrar um pouco de cada uma delas e ainda assim se prática como os homens. CAMINHO DO MEIO!!!
Bjs
Amiga solteira,
24 de novembro de 2008 às 11:54Javier Bardem é o que interessa, o resto não tem pressa, hahaha!!!
Eu também iria fácil para Maracangalha com ele!!!!
Esse filme é a nossa nova série Calcinhas, né?
Beijos,
A Divorciada
Oi Rita, adorei suas observações. O caminho do meio é sempre a senha, porém, claro, muito difícil de seguir 100% o tempo todo. Tomara que você esteja certa quanto a Vicky. Se ela voltou frustrada com a vida que iria encontrar em casa, então é porque há alguma chance pra ela. beijos, A Solteira
24 de novembro de 2008 às 20:34Meninas: é tão lindo a gente ler os comentários sobre o novo filme do Woody Allen e ficar apenas imaginando quando será que será a estréia dele por terras caetés...ai, ai, ai...
24 de novembro de 2008 às 22:22Marcia A.
HAHAHAHAHAHAHA
26 de novembro de 2008 às 09:08SÓ AGORA EU VI O CLIP DOS RAIMUNDOS QUE VC POSTOU!
Sensacional!!! Não lembrava desse clip! Chorei de rir.
Mas ainda sobre o filme, uma blogueira que eu adoro fez um texto super bacana. Acho que ela conseguiu dizer o que eu gostaria de ter dito.
Aí vai: http://cafenocentralperk.blogspot.com/2008/11/em-barcelona-aqui-em-qualquer-lugar.html
beijossss
A Casada
Meninas, cheguei aqui pela Débora e adorei o blog. Identificação imediata. Aliás nossos posts sobre o filme são siameses, eu diria. Vou visitar com freqüência. Beijo pras três!
26 de novembro de 2008 às 23:39acuradíssima! Solteira eu acho que tu é meio Vicky!
3 de dezembro de 2008 às 13:14HEHEHE UM beijão. foi uma grata surpresa ler teu post. muito inteligente e divertido. e aliás concordo em gênero, número e grau: De médico e Maria Elena, todo mundo tem um pouco!"
Postar um comentário