terça-feira, 8 de setembro de 2009
Dúvidas, escolhas, certezas
Eu acho que decidi tanta coisa ao longo dos dois últimos anos que até cansei. Entre pequenas e grandes decisões, escolhi torrar minha poupança na Nova Zelândia, resolvi pedir demissão e ser frila, montar uma sociedade e decidi terminar um casamento. Ufa. Essas foram só as grandes. Das pequenas já nem me lembro. Essas tomam a vida da gente a todo momento. O que vestir? O que comer? Aceito esse trabalho mal remunerado? Faço o exame de faixa agora ou só no ano que vem? Vou treinar hoje ou não? Vou a pé ou de carro? Gasto dinheiro com isso? Crio mais um blog? Respondo essa mensagem? A lista é infinita.
Para mim, a parte mais difícil de tomar decisões é ficar eternamente me martelando se tomei a decisão certa. Quando os outros decidem pela gente é tão mais simples. Pois eis que lendo duas revistas nesse feriadão, me deparei com reflexões muito boas sobre as decisões. Em uma revista, um filósofo diz que temos sempre a impressão de que estamos escolhendo “entre isso e aquilo”, entre duas opções, quando na verdade, as escolhas são permeadas por uma gama de fatores que vão se transformando o tempo todo. “Não se para o tempo para fazer uma escolha entre duas opções”, diz ele.
.
Já a outra revista traz o tema “escolhas” logo na capa. É a revista Sorria*, cuja venda é revertida para o GRAAC (comprem, comprem, comprem!). Mais interessante que a matéria em si, o editorial da Roberta Faria, a editora-chefe, quase afagou minha alma. Era tudo o que eu precisava ler. Reproduzo aí abaixo os trechos mais interessantes.
Boa semana, pessoal!!
Débora – A Descasada
Num piscar de olhos
Todas as grandes decisões que tomei na vida foram fáceis. Dito assim, soa prepotente, mas é verdade – porque no fundo sempre soube exatamente o que queria. Não que escolher rapidamente seja uma habilidade especial. Parece mais um instinto primitivo.
(...)
O fato é que a decisão era simples, e estava tomada, por maior que fosse a questão: ter ou não ter filhos, mudar ou não de cidade, terminar ou não o namoro, continuar ou sair do trabalho. O mais difícil, angustiante e assustador sempre foi assumir a escolha. Ter coragem para dizer, em voz alta e para quem quisesse ouvir, que esta é a minha aposta. Porque, quando faço isso, estou renunciando a todas as outras opções. Disponho-me ao incerto e tenho de enfrentar as consequências, imensas ao menos na imaginação. Foi isso – e não escolher – que mais me doeu em todas aquelas grandes decisões.
(...)
(...)
O fato é que a decisão era simples, e estava tomada, por maior que fosse a questão: ter ou não ter filhos, mudar ou não de cidade, terminar ou não o namoro, continuar ou sair do trabalho. O mais difícil, angustiante e assustador sempre foi assumir a escolha. Ter coragem para dizer, em voz alta e para quem quisesse ouvir, que esta é a minha aposta. Porque, quando faço isso, estou renunciando a todas as outras opções. Disponho-me ao incerto e tenho de enfrentar as consequências, imensas ao menos na imaginação. Foi isso – e não escolher – que mais me doeu em todas aquelas grandes decisões.
(...)
Enquanto a escolha mora apenas nas ideias, permaneço no universo do “e se...” (...) É longo o caminho do “e se...”. Cheio de ilusões, de diálogos imaginários, de uma ansiosa tentativa de controlar todas as variáveis – que é, claro, não controlo.
(...)
Essas experiências todas me ensinaram três coisas. A primeira é confiar nos meus instintos – e me agarrar àquela decisão tomada num piscar de olhos. Tento então gastar o tempo em que pensava no “e se...” planejando como vou assumir – e bancar – a tal escolha feita. A segunda é que nunca terei certeza de que estou fazendo a coisa certa: a vida é risco, e tudo o que posso fazer é me esforçar para que funcione. E a terceira é que, se tudo der errado, posso mudar de ideia – até porque, quanto mais escolhas duras eu faço, mais fáceis são as próximas.
(...)
Essas experiências todas me ensinaram três coisas. A primeira é confiar nos meus instintos – e me agarrar àquela decisão tomada num piscar de olhos. Tento então gastar o tempo em que pensava no “e se...” planejando como vou assumir – e bancar – a tal escolha feita. A segunda é que nunca terei certeza de que estou fazendo a coisa certa: a vida é risco, e tudo o que posso fazer é me esforçar para que funcione. E a terceira é que, se tudo der errado, posso mudar de ideia – até porque, quanto mais escolhas duras eu faço, mais fáceis são as próximas.
12 comentários:
Eu há muito desisti de tentar fazer a 'escolha certa', pq não existe uma escolha certa.
8 de setembro de 2009 às 11:18Existem apenas escolhas, decisões e consequências. Que a gente só consegue enxergar o quadro todo quando ele já passou.
É incrível como a gente, muitas vezes, duvida da nossa intuição. É ela que nos fala como que num sussurro ao pé do ouvido e nos mostra claramente o caminho a seguir. É ela que faz a escolha ser fácil, como diz o artigo. Se a gente dá muito valor à dúvida, ficamos paralisadas. Eu concordo totalmente com o artigo. Quantas decisões eu sempre soube que deveria tomar, e adiei por conta do se expor. Mas acho também que tudo é aprendizado. Quando a gente aprende a confiar na nossa intuição, tudo parece que fica mais fácil. Eu acho que demorei um pouco pra descobrir isso. Mas nunca é tarde,né?
8 de setembro de 2009 às 11:38beijos
Post muito muito bom...Adorei as mudanças na sua vida...mulher de coragem!!! Bju
8 de setembro de 2009 às 13:51Bacana esse editorial hein!?!?
8 de setembro de 2009 às 14:21Afagou minha alma também.
Esses dias estava pensando nisso: nesses últimos meses, minha vida praticamente não me exigiu tomadas de posições grandes como as ue tomei no ano passado.Aí, concluí que nesses últimos meses, minha vida esteve se posicionando para os novos caminhos por mim escolhidos.
E algo em mim se aquietou...
Afinal a vida é um ciclo...
E um ciclo interessantíssimo....
Beijocas ....
O grande "peso" está nas consequencias das nossas escolhas... ISSO sim é o que amedronta... O risco... e a grande verdade é que sempre estamos correndo riscos...
8 de setembro de 2009 às 14:54E vou ler o artigo, ver se Afaga a minha alma também.
Abraço!!!!
As escolhas que fiz, sempre assumi. Muito embora, se pudesse, teria voltado atrás em várias. Mas sempre paguei o preço.
8 de setembro de 2009 às 16:47Agora, e quando escolhem pela gente? Aí sim, fica difícil...
Consolo-me com a máxima de que não existe caminho melhor do que o outro. A felicidade, quero acreditar, pode ser construída em qualquer lugar.
beijos e obrigada pelo texto!
Como disse o "Andarilho", não existe "escolha certa", entretanto a escolha que fizer sempre será a CERTA. Concordo que escolher é fácil o duro é renunciar a todas as outras opções, assumir a escolha e pagar um preço por ela, pois pode ter certeza que a gente paga.
9 de setembro de 2009 às 00:34Escolher o caminho a ser trilhado é algo fascinante e é isso que nos move todos os dias ao abrir os olhos.
Adorei o post, bjs
Dé, post de uma mente que fervilha de ideias e escolhas. Que bom! O movimento é o que importa. Se bem que, às vezes, não há nada de errado em ser um gatinho olhando a janela, com um ponto de interrogação no pensamento.
9 de setembro de 2009 às 01:01O importante é seguir, apostar, crescer com os erros, curtir os acertos e virar a página (sem olhar pra trás) no momento certo. Nada pode ser melhor do que escolhemos, porque isso simplesmente não existe.
beijos, Gio - A Solteira.
Escolher e bancar a escolha. Depois, esquecer o termo "culpa".
9 de setembro de 2009 às 10:14Penso que as nossas escolhas e as consequências que experimentamos em decorrência delas nos dão a oportunidade do crescimento e do aprendizado. Concordo com o comentário da Giovana.
9 de setembro de 2009 às 17:43Entre sucessos e tropeços, vamos nos fortalecendo para trilhar nossos caminhos com mais confiança e serenidade.
Beijinhos mil, meninas!!!
Parabéns! Tenho que dizer que fiquei emocionada ao ver como ela expressou tao bem o que acontece com todas nós qdo o assunto é tomar decisão!
9 de setembro de 2009 às 18:04se eu tivesse contado quantas vezes relí esse texto...obrigadinha Amiga...eu tou precisando novamente tomar uma atitude...e esse texto me motivou!
10 de setembro de 2009 às 20:50tem algumas atitudes que são fróids de resolver né
beijo
Postar um comentário