segunda-feira, 19 de março de 2012
É pedir demais?
Hoje tem convidada especial, a
advogada Clarice Moraes, amiga de uma super amiga minha. Muito fofo o texto
dela, muito sincero. Na pauta, amor, maternidade, romantismo, parceria, entre
outros dilemas nossos.
Vamos dar juntos boas-vindas para
ela? Thanks, Clarice! Beijo procê, volte quando quiser.
Beijos, beijos, boa semana para
nós todos,
Isabela – A Casada
Tenho 36 anos e amor em mim, mas
nunca o encontrei.
Cresci
vendo novelas e lendo romances (tinha 11 anos quando li todos os livros do
Sidney Sheldon possíveis...shame on me). Amor idealizado, do tipo
perfeitinho, portanto, me fala à alma: de Camões a Aguinaldo Silva – todos têm
o condão de me fazer acreditar que sim, existe uma tampa para cada panela, ou
um chinelo para cada pé cansado.
Provei a mim mesma, por quatro
vezes, que esta máxima pode não ser verdade. Descobri que, na real, o casamento
precisa de mais do que paixão. É feito com dedicação e com a atenção ao
encontro de homem com mulher, mesmo sendo pai e mãe. Ser
mãe nunca foi meu objetivo. Devo ser honesta e admitir que crianças não me
comovem. Talvez, me falte tolerância ou mesmo maternagem, mas o fato é que
tenho medo de não ser uma boa mãe. Sempre sonhei com mãe de comercial de
margarina, aquela que se entrega por ter nascido moldada para a função. Numa
comparação metafórica, desejo ser mais como a Dona Benta do que como a Cuca. Portanto,
para mim, é nova a ideia de ter filhos. Resultado de terapia que iniciei aos 34
anos, significa pulsão de vida: desejo de vencer os padrões e me permitir a
experiência, que dizem ser transformadora, de ser mãe.
Mas,
para tanto, considerando meus medos e preconceitos, sinto necessidade de que um
homem me inspire a ter filhos. Alguém que eu admire tanto que me deixe segura o
suficiente para dar-lhe filhos. Cresci num lar que, embora disfuncional, era
composto por pai e mãe e isto me parece definitivo para a criação de uma
família, especialmente quando ambos trabalham.
O
ponto nevral aqui é que tenho lá minhas ideias sobre casamento. A monogamia
parace-me artificial. Digo, não é natural pensar que se vai ter desejo por uma
única pessoa por uma vida inteira, ainda mais neste mundo de constantes
encontros e desencontros, por tanta informação, por tamanha oferta. Sexo casual
é uma das coisas mais simples hoje em dia.
No
entanto, eu cansei de banalizar meu sentimento, meu corpo e em consequência,
meu desejo. Sexo por sexo não me interessa mais, já tive o suficiente para uma
vida inteira. Agora, busco um companheiro, um amigo e um amante numa mesma
pessoa. Alguém que vai entender e compartilhar meus medos, minhas angústias,
alegrias, conquistas e idiossincrasias.
Gosto da solidão. Gosto de ter um
tempo só para mim, mas quanto mais vivo, mais percebo que há espaço para o
Outro na minha vida. Alguém que me dê a mão e me leve para vida a dois, entendendo
minhas reservas quanto aos relacionamentos e à materninade, sendo meu
companheiro na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.
Assim, chego à conclusão de que
sou romântica e ainda espero o amor descrito por Jane Austen ou pelos
folhetins. Quero o amor que arrebata, que designa, que se impõem ante todas as
adversidades. Quero ser a rainha de um homem, e deixá-lo ser o governador dos
meus desejos. Quero cultivar, cuidar de uma relação, e espero descobrir neste
processo que sou perfeitamente capaz de me realizar como esposa e como mãe de
uma família, por isto pergunto: será meu desejo possível ?
Devo
admitir: ainda sonho com o vestido de noiva e com o amor de uma vida inteira,
ainda que transformado em algo fraternal, digo, sem desejo sexual. Louca?
Talvez. Confusa, certamente. Estou mudando, e a terapia tem me ajudado a
descobrir quem eu sou. E esta nova pessoa entende que merece uma chance de amar
de verdade, de construir uma família, de ser uma boa mãe.
É pedir demais?
Clarice Moraes
7 comentários:
De forma alguma...temos que nos permitir mudar sempre, os nossos sonhos mudam e a vida tem que acompanha ;D
19 de março de 2012 às 10:35boa sorte pra ti!
É pedir demais.
19 de março de 2012 às 13:22Confusão, assim, é pedir demais.
Não acho pedir demais. São apenas sonhos que devemos sempre sonhar.
19 de março de 2012 às 14:56Beijos
Evelin
Eu tbm queria um amor fraternal assim, mas acho ser impossivel
19 de março de 2012 às 18:13=/
Que lindo isso. Te entendo super. Essa aí sou eu tb...é o que sempre digo: eu, com toda a minha casca e todo meu pânico da estabilidade, monogamia e da vida doriana, sou, no fundo, muito mais romântica que supunha...
20 de março de 2012 às 15:19obrigada pela colaboração!
bjks
deb
É o que a maioria de nós quer.
20 de março de 2012 às 15:27Eu agradeço muitíssimo a oportunidade de ter postado este desabafo aqui. Contem sempre comigo!
21 de março de 2012 às 16:21Clarice Moraes
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