quarta-feira, 14 de março de 2012
Sobre pessoas que não passam
Depois de
16 anos nesta vida de “jornaleira”, já posso dizer que passei
por um bocado de lugares. Nesta carreira instável que escolhi, é um
eterno começo e recomeço, num jornal aqui, numa revista ali, outro
frilinha (lê-se trabalho freelancer) cá... E me dei conta de que a
maioria das pessoas com quem convivi ficam só na memória. Assim
como as reportagens viram vagas lembranças (a maioria nem me lembro,
confesso) ou guardadas (perdidas) no armário, ou apenas dentro do
Google mesmo.
Mas outros não. Muitos transcenderam as
dificuldades, a pouca grana ou os chefes pentelhos e se transferiram para um patamar mais elevado do que simples colegas de redação.
Lembro-me
com saudade da Nêga Deise, a diagramadora faz tudo do primeiro
jornal que trabalhei. O sorrisão dela sarava qualquer cansaço de
fechamento e me fazia esquecer que o salário nunca durava até o
final do mês. A Deise economizava no almoço, mas estava sempre
linda graças ao investimento em dezenas de cremes à base de
manteiga de karitê para os cabelos.
Outra
redação e mais gente inesquecível. A voz doce da Fernanda (hoje
uma especialista em gastronomia que enche os colegas de orgulho)
acalmava os meus dias atolados de pautas. Na primeira assessoria de
imprensa, a Thais, loira e linda, era meu muro das lamentações a
cada intervalo, e me fazia gargalhar com suas estratégias para
dormir sentada sem ninguém perceber, depois de uma noite de balada.
No jornal que durei mais tempo, há uma coleção de pessoas que guardo no coração, e até hoje elas me fazem pensar que, sim, valeu a pena todo o sacrifício. E que bom que elas estavam lá para me ajudarem a enfrentar os momentos difíceis. Sem a Tati, com sua doçura e alegria com a vida, eu não teria conseguido tocar meus dias ali, ao mesmo tempo que encarava uma das fases pessoais mais difíceis da minha vida.
Quando morei fora do País, a Luciana me dava força para suportar o frio e a solidão
todos os dias naquela loja de loucos. E o Iago, um brasileiro gente
boa do centro de lazer onde eu era salva-vidas (ainda preciso contar
esta história pra vocês), era a fonte de risadas para eu esquecer
que ali naquele lugar nem jornalista mais eu era. Na volta para o
Brasil, teve a Carol, numa pequena assessoria de imprensa no Centro
de São Paulo, com seu cotidiano repleto de cursos e compromissos e
sua paixão por cabelos e canto em coral. Ainda espero vê-la à
frente de um bombado salão de beleza ou fazendo turnê cantarolando
pelo País.
E depois veio a Débora, sem a qual eu não estaria escrevendo estas linhas aqui, e também seria alguém bem mais dura com a vida. Como vocês que nos acompanham sabem, ela é especialista em auto-deboche e tive o privilégio de receber lições diárias desta técnica própria que ela desenvolveu de tirar sarro dela mesma. Sem falar nas sessões de tarô, das cachacinhas no boteco e das joaninhas (ela é viciada em joaninhas).
Agora, espero novamente ver este atual emprego passar um dia, mas tendo a alegria de carregar um monte de gente pra sempre marcada em mim.
Houve
muito mais pessoas especiais nestes lugares todos, mas através
destas que citei, espero que todas se sintam homenageadas neste meu
singelo post.
Muito obrigada por terem cruzado meu caminho e me ajudarem a ir tentando ser alguém um tiquinho melhor a cada dia.
Patrícia,
A Solteira
8 comentários:
Muito bonita essa homenagem.
14 de março de 2012 às 09:07E a gente poucas vezes se dá conta de que, assim como algumas pessoas não passam, a gente também não passa pra algumas pessoas.
É o que sempre penso, as coisas passam, as pessoas ficam...nem que seja só na memória e no coração!!
14 de março de 2012 às 12:14Beijos
Que fofo, Pat!!! Muito bom cultivar sentimentos lindos assim, ter pessoas que não passam no coração.
15 de março de 2012 às 15:57Beijos, beijos,
Bela - La Casada
Coisa máaarrr fofa de se ler!!!
15 de março de 2012 às 17:19Grata surpresa num dia assim de "férias" =)
Tb para mim é assim: são as pessoas que ficam como a melhor herança!
=)
Sorte grande nesse novo emprego!
bjks
Deb, a debochada
Bonita homenagem.
16 de março de 2012 às 08:34Sorte com seu novo emprego.
Em Santos né?
Beijos
Evelin
Oi Patricia..
20 de março de 2012 às 12:44É verdade ainda hoje postei no blog algo sobre isso as pessoas que ficam para sempre em nossas vidas.. geralmente na memória.
Adorei ler
Sorte e paz nessa nova jornada.
Debby :)
Que lindo esse texto, amiga! Me fez chorar. Obrigada por ter cruzado o meu caminho. Aprendi e ainda aprendo muito com você. Bjs e muito sucesso nessa sua nova etapa da vida. Sou sua fã, sabe disso.
20 de março de 2012 às 23:48Hi, fabulous post, thanks for sharing. Would you please consider adding a link to my website on your page. Please email me back.
20 de abril de 2012 às 04:55Thanks!
Hailey William
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