terça-feira, 13 de setembro de 2011
Porque a gente decidiu que assim seria
A mulher, quando quer, faz. E às vezes ninguém percebe. Ou demora um tempo a perceber. Foi o que aconteceu com a gente aqui no Brasil, com a baixa taxa de natalidade que temos hoje: 1,9. A mudança radical dos 16 filhos que a minha bisavó teve para o zero filho que eu tenho hoje aconteceu de forma mais concentrada nas últimas três ou quatro décadas por uma razão muito simples: porque nós, mulheres, a despeito de pais, maridos, governo e, principalmente, da igreja católica, decidimos que ter filhos demais atrapalharia nossas vidas como um todo. Minha avó ainda teve nove (uma que morreu logo depois que nasceu). Já mamãe, com pílula a tiracolo e uma profissão, teve três. Três, hoje, é demais. A nossa conta hoje fecha em dois – cada vez mais caminhando para um – quando não, nenhum, algo cada vez mais comum.
Esse movimento silencioso e revolucionário é descrito numa narrativa saborosa e impecável feita pela jornalista americana Cynthia Gorney na National Geographic desse mês. Ela veio ao Brasil para tentar entender porque, afinal, isso aconteceu aqui sem que nenhum programa de governo nos obrigasse a isso, como aconteceu na China. E num país católico, onde o controle de natalidade é, ainda hoje, visto com péssimos olhos. Cynthia aponta diversos fatores para o acontecimento, como uma rápida industrialização que levou milhares de pessoas para as grandes cidades, fazendo com que o mundaréu de filhos que ornava com a vida na roça não fosse mais necessário. Ou ainda pela melhoria da saúde do país, que diminuiu as taxas de mortalidade neonatal e infantil, acabando com aquele pânico que os pais tinham de ter poucos filhos e perdê-los logo cedo. O motivo mais divertido, entretanto, é a influência das novelas, sempre retratando famílias enxutas e bem-sucedidas.
Todos esses fatores criaram o cenário perfeito para que se chegasse a um índice de natalidade digno de um país em plena expansão econômica. Só que nada disso teria acontecido se a gente, em especial a geração das nossas mães, não tivesse invadido as universidades, os postos de trabalho, os cargos mais desejados, os postos políticos e os papeis de destaque na TV.
Ponto para nós.
Débora – A Separada
ps: na mesma edição, tem uma matéria incrível da mesma jornalista sobre meninas que são obrigadas a casar novinhas (até cinco anos!) no Rajastão e no Iêmen
6 comentários:
Engracado que mesmo tendo conquistado tantas coisas, nos mulheres sem filhos, ainda somos vistas com preconceito...e o pior, preconceito vindo de outras MULHERES! Nesse ponto, ainda acho que a mentalidade esta bem atrasadinha...
13 de setembro de 2011 às 02:03No princípio eu era a EVA
Nascida para a felicidade de Adão
E meu paraíso tornou-se trevas
Porque ousei libertação.
Mais tarde fui MARIA
Meu pecado redimiria
Dando à luz aquele que traria a salvação
Mas isso não bastaria
Para eu encontrar perdão.
Passei a ser AMÉLIA
A mulher de verdade
Para a sociedade
Não tinha a menor vaidade
Mas sonhava com a igualdade.
Muito tempo depois decidi:
Não dá mais!
Quero minha dignidade
Tenho meus ideais!
Hoje não sou só esposa ou filha
Sou pai, mãe, arrimo de família
Sou caminhoneira, taxista, piloto de avião
Policial feminina, operária em construção.
Ao mundo peço licença
Para atuar onde quiser
Meu sobrenome é COMPETENCIA
O meu nome é MULHER!!!
PS:Nao sei quem escreveu, li no dia internacional da mulher e achei legal...rs
Uma verdadeira revolução. Parabéns pra nós.
13 de setembro de 2011 às 10:53Bjs da Solteira
Grande matéria. Ela realiza a outra, sobre mulheres em situação totalmente oposta às brasileiras, com maestria igual. Vai o link da reportagem sobre as noivas crianças
13 de setembro de 2011 às 12:55http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-138/meninas-noivas-637546.shtml
Abraço
Estamos mais preocupadas no nosso crescimento profissional, que o desejo de ser mãe fica para segundo plano, e quando decidimos ter já passamos dos trintas...
13 de setembro de 2011 às 13:18http://divasnodiva-lilith.blogspot.com/2011/09/fechando-um-ciclo.html
Nem me fale: pressão total quanto a ter bebês logo depois de ficar quatro dias em Maceió. Mas vamos em frente.
14 de setembro de 2011 às 12:31Beijos, beijos,
Bela - A Divorciada
Parabéns a todas. Mas sabendo que ainda existe um longo caminho a frente.
14 de setembro de 2011 às 16:34Postar um comentário