quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Morreram porque eram mulheres

Poucas coisas chocam tanto as mulheres quanto uma notícia de estupro. Cada vez que a gente escuta sobre o crime, é como se tivessem invadido nosso próprio corpo. Sentimos nojo, raiva, medo, desejos de vingança dos mais irracionais. Dá agonia porque tem a ver com aquilo que a Miriam Goldenberg descobriu em uma de suas pesquisas: a de que sentimos inveja da liberdade masculina. Não é uma inveja só por não fazermos xixi em pé ou por não gozarmos da liberdade sexual deles – sem sermos alvo de preconceito. É mais sutil, e ao mesmo tempo grave. É o medo de simplesmente não podermos caminhar por aí livremente sem correr riscos.

Ontem eu acordei e li no jornal sobre o estupro coletivo em Queimadas, na Paraíba. Seis mulheres foram convidadas para uma festa. Chegando lá, cilada macabra, foram todas presas num quarto, vendadas e violentadas por um bando de homem. Duas delas, Isabela e Michelle, reconheceram os algozes e perceberam que não era um assalto: eram amigos delas. Diz a polícia que apura o caso que dois irmãos planejaram tudo. Que um deles deu o estupro coletivo de presente ao irmão. Aparentemente, Isabela não dava a menor pelota para um deles. Então foi na marra.

O que leva um homem a achar que ele tem esse direito? O que leva um bando de dez homens a agir assim? Que tipo de gente que cogita cometer um crime contra outro que, ainda por cima, é do seu círculo social?

Chorei no café da manhã. Chorei muito. Por Michelle, Isabela, pelas outra quatro vítimas do “presente de aniversário”.

Não estamos no Irã, não estamos nos rincões da África, não estamos no Paquistão. E, ainda assim, às vezes parece um fardo ser mulher.

Michelle e Isabela morreram simplesmente porque eram mulheres.

Débora – A Divorciada

5 comentários:

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

AVISO:

Gente, eu apaguei sem querer o post original da Debs, publicado ontem, por isso os comentários desapareceram.

Perdão!!! Mil vezes. Não consegui recuperar. Sorry, Debs!!!

Quem não leu o texto dela, leia, que está maravilhoso.

Beijos,

Bela - A Casada e A Tchonga que não sabe usar o Blogger direito

16 de fevereiro de 2012 às 18:05
ADVOGADO ADRIANO ESPÍNDOLA CAVALHEIRO disse...

Infelizmente, na sociedade capitalista - em especial em países periféricos como o nosso - a violência contra a mulher, o abuso sexual contra as mulheres, não é levado a sério. Veja as novelas da Globo ou, o programa Zorra Total, onde um dos quadros, uma das piadas, é uma mulher sendo molestada sexualmente em um metrô e achando bom tal fato. Além de demonstrar que abusar sexualmente das mulheres seria algo não reprovável, afinal seria motivo de risos, o referido quadro passa a ideia que absurda ideia de que as mulheres até gostam de ser abusadas. Até onde os jovens carnificeros da Paraíba, não tiveram na Globo a inspiração para seus atos?

16 de fevereiro de 2012 às 19:04
ADVOGADO ADRIANO ESPÍNDOLA CAVALHEIRO disse...
Este comentário foi removido pelo autor. 16 de fevereiro de 2012 às 19:08
ADVOGADO ADRIANO ESPÍNDOLA CAVALHEIRO disse...

Publiquei vcs no meu face vejam: http://goo.gl/XUFM7

16 de fevereiro de 2012 às 19:10
Evelin disse...

Ta aí um grande medo que tenho: ser vítima de um estrupo.

Realmente, não dá para saber o que passa na cabeça de um elemento a agir assim.

Triste.

Evelin

21 de fevereiro de 2012 às 20:16