sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Mulheres que amamos amar: Chiquinha Gonzaga
O Mulheres que Amamos Amar de hoje foi escrito pela nossa leitora e blogueira Paula Dultra. Paula tem 28 anos, é publicitária e mora em Salvador, Bahia. Nas horas vagas, ela arrasa com o blog Mulherzinha, que a gente super recomenda.
Com vocês, Paula e Chiquinha.
Beijos,
A Divorciada
Nos dias de hoje, como seria uma mulher considerada “à frente do seu tempo”? Sinceramente, não sei dizer. Só sei que acho incrivelmente interessante saber mais sobre aquelas mulheres que eram consideradas assim numa época totalmente adversa. No início do século então, esse tipo de coisa era considerada impossível. Dá para imaginar o que é quebrar regras, padrões, costumes... Quando praticamente NINGUÉM fazia isso?
Um dia, por acaso, me chegou às mãos o livro de Dalva Lazaroni Sofri, Chorei e tive muito amor! (Ed. Nova Fronteira), sobre Chiquinha Gonzaga. Depois de ter visto a minissérie da Globo, resolvi me aprofundar na vida dessa mulher incrível. Não conhece? COM CERTEZA você já cantarolou ou ouviu alguém cantarolar a marchinha de carnaval “Oh, Abre Alas que eu quero passar / Oh, abre alas que eu quero passar / Eu sou da lira, não posso negar / Rosa de Ouro é quem vai ganhar...”
Hoje, eu acho que não vai existir outra mulher igual à Francisca Edwiges Neves Gonzaga, ou Chiquinha Gonzaga (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 — Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1935). Vou explicar aqui o motivo desta afirmação: ela foi uma compositora, pianista brasileira e pioneira em muitas coisas - a primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca (Ô Abre Alas, 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Fora isso, ela brigou com todos e contra tudo para encontrar sua felicidade.
Apesar de ser filha de mãe mulata, Chiquinha foi criada numa família tradicional e aristocrática. Só que desde cedo, demonstrava sua predileção pela ala dos escravos: frequentava rodas de lundu, umbigada e outras músicas populares típicas do povo negro.
Aos 16 anos, foi obrigada a se casar com o oficial da marinha, Jacinto do Amaral, e teve dois filhos com ele. Alguns anos depois, por não suportar as imposições do marido e a ordem de se afastar da música, Chiquinha fez o que era inadmissível para as mulheres da época: separou-se. Rompeu relações com a família e saiu de casa, levando seu filho mais velho.
Em 1867, envolveu-se com o engenheiro João Batista e teve uma filha. Outra vez, rompeu padrões ao viver com um homem que não era seu marido. Mesmo assim, continuou se impondo e dando exemplo do que é ser uma mulher de fibra: Por não aceitar as aventuras extraconjugais de João Batista, separarou-se mais uma vez.
Sozinha, arregaçou as mangas e foi trabalhar – outra coisa rara nas mulheres da época. Passou a viver como musicista independente, tocando piano em lojas de instrumentos musicais e dando aulas de piano. Musicista de grande sucesso, tornando-se também compositora de polcas, valsas, tangos, cançonetas, operetas para teatro, entre outros. A necessidade de adaptar o som do piano ao gosto popular valeu a Chiquinha Gonzaga o título de primeira compositora popular do Brasil.
Mas ela não parava de escandalizar: andava com um grupo de homens – músicos de choro - usava calças compridas e fumava charutos. Ela participou ainda, ativamente, da campanha abolicionista e da campanha republicana, sendo fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Ao todo, compôs músicas para 77 peças teatrais, tendo sido autora de cerca de duas mil composições em gêneros variados.
Nesse meio tempo, ela passou por muitas humilhações, foi discriminada, traída, sofreu, mas não teve medo. Venceu e ficou conhecida no mundo, principalmente em Portugal.
Nada para Chiquinha foi fácil. No auge do seu sucesso, ela apaixonou-se mais uma vez. João Batista Fernandes Lage, na época, tinha 16 anos e ela, 52. Para evitar o escândalo, adotou-o como filho para viver esse grande amor. Foi ao lado dele que Chiquinha morreu, em 1935.
Contei essa história para apresentar uma mulher que eu amo amar. Depois de conhecê-la um pouco, olhe para sua vida e responda: você tem medo de quê?
Com vocês, Paula e Chiquinha.
Beijos,
A Divorciada
Nos dias de hoje, como seria uma mulher considerada “à frente do seu tempo”? Sinceramente, não sei dizer. Só sei que acho incrivelmente interessante saber mais sobre aquelas mulheres que eram consideradas assim numa época totalmente adversa. No início do século então, esse tipo de coisa era considerada impossível. Dá para imaginar o que é quebrar regras, padrões, costumes... Quando praticamente NINGUÉM fazia isso?
Um dia, por acaso, me chegou às mãos o livro de Dalva Lazaroni Sofri, Chorei e tive muito amor! (Ed. Nova Fronteira), sobre Chiquinha Gonzaga. Depois de ter visto a minissérie da Globo, resolvi me aprofundar na vida dessa mulher incrível. Não conhece? COM CERTEZA você já cantarolou ou ouviu alguém cantarolar a marchinha de carnaval “Oh, Abre Alas que eu quero passar / Oh, abre alas que eu quero passar / Eu sou da lira, não posso negar / Rosa de Ouro é quem vai ganhar...”
Hoje, eu acho que não vai existir outra mulher igual à Francisca Edwiges Neves Gonzaga, ou Chiquinha Gonzaga (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 — Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1935). Vou explicar aqui o motivo desta afirmação: ela foi uma compositora, pianista brasileira e pioneira em muitas coisas - a primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca (Ô Abre Alas, 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Fora isso, ela brigou com todos e contra tudo para encontrar sua felicidade.
Apesar de ser filha de mãe mulata, Chiquinha foi criada numa família tradicional e aristocrática. Só que desde cedo, demonstrava sua predileção pela ala dos escravos: frequentava rodas de lundu, umbigada e outras músicas populares típicas do povo negro.
Aos 16 anos, foi obrigada a se casar com o oficial da marinha, Jacinto do Amaral, e teve dois filhos com ele. Alguns anos depois, por não suportar as imposições do marido e a ordem de se afastar da música, Chiquinha fez o que era inadmissível para as mulheres da época: separou-se. Rompeu relações com a família e saiu de casa, levando seu filho mais velho.
Em 1867, envolveu-se com o engenheiro João Batista e teve uma filha. Outra vez, rompeu padrões ao viver com um homem que não era seu marido. Mesmo assim, continuou se impondo e dando exemplo do que é ser uma mulher de fibra: Por não aceitar as aventuras extraconjugais de João Batista, separarou-se mais uma vez.
Sozinha, arregaçou as mangas e foi trabalhar – outra coisa rara nas mulheres da época. Passou a viver como musicista independente, tocando piano em lojas de instrumentos musicais e dando aulas de piano. Musicista de grande sucesso, tornando-se também compositora de polcas, valsas, tangos, cançonetas, operetas para teatro, entre outros. A necessidade de adaptar o som do piano ao gosto popular valeu a Chiquinha Gonzaga o título de primeira compositora popular do Brasil.
Mas ela não parava de escandalizar: andava com um grupo de homens – músicos de choro - usava calças compridas e fumava charutos. Ela participou ainda, ativamente, da campanha abolicionista e da campanha republicana, sendo fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Ao todo, compôs músicas para 77 peças teatrais, tendo sido autora de cerca de duas mil composições em gêneros variados.
Nesse meio tempo, ela passou por muitas humilhações, foi discriminada, traída, sofreu, mas não teve medo. Venceu e ficou conhecida no mundo, principalmente em Portugal.
Nada para Chiquinha foi fácil. No auge do seu sucesso, ela apaixonou-se mais uma vez. João Batista Fernandes Lage, na época, tinha 16 anos e ela, 52. Para evitar o escândalo, adotou-o como filho para viver esse grande amor. Foi ao lado dele que Chiquinha morreu, em 1935.
Contei essa história para apresentar uma mulher que eu amo amar. Depois de conhecê-la um pouco, olhe para sua vida e responda: você tem medo de quê?
Paula Dultra (A Solteira que admira mulheres à frente de seu tempo)
6 comentários:
Oi Paula,
23 de janeiro de 2009 às 03:17Seja bem-vinda, viu? Obrigada pelo texto, adorei.
Lerei o livro sobre a Chiquinha o quanto antes.
Beijão,
A Divorciada
Oláaaaaaaa!
23 de janeiro de 2009 às 14:30É uma honra colaborar com um blog de mulheres bem resolvidas como vocês! Muito obrigado por tudo!!
:)
Paula, que lindo!!!
23 de janeiro de 2009 às 19:23Demorei, mas li. E amei.
E digo mais: deu muito mais vontade de ler a biografia dela lendo seu post que vendo a minissérie (é que eu não gosto da Regina Duarte, hehehe).
E mais que o texto, muito bacana sua reflexão final: se ela fez tudo o que fez há mais de cem anos, do que podemos ter medo?
E o grande barato é que ela só viveu de acordo com a verdade dela. Nem mais, nem menos. Parece simples né?
Muito obrigada pela sua colaboração! Vou lá comprar o livro agora, haha.
beijos
Bah, esqueci de assinar aí acima.
23 de janeiro de 2009 às 19:24A Casada!
Oi Paula,
23 de janeiro de 2009 às 21:54que bacana saber que você curte estas três birutas aqui :O)
E que mais bacana ainda é saber que o que a gente escreve você curte, te faz pensar, imaginar, rir... Valeu mesmo pela participação e inspiração. Sim, porque você me lembra a Bahia, onde já morei.. Olha só que inspirador?
beijo carinhoso,
A Solteira
Assisti recentemente a minisérie sobre Chiquinha Gonzaga pois já havia ficado sabendo sobre essa corajosa mulher.Uma mulher que viveu adiante de seu tempo e aceitou amar um homem 36 anos mais jovem e que foi o seu grande amor.Também amei alguém muito mais jovem do que eu e foi o grande amor da minha vida, mas infelizmente ele não foi tão corajoso como eu...Grande abraço à todas as corajosas mulheres deste país!!!!!!!!
28 de janeiro de 2009 às 15:12Postar um comentário