terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Romance embrulhado para presente
Peguei-me pensando em presentear no Natal a pessoa que atualmente ocupa o meu coração. E me dei conta do quanto o gesto de presentear, o objeto escolhido e a forma de entregar têm tanto significado. E de como isso tudo é sintoma das várias fases por que passa a vida de um casal. Tomei como base meu relacionamento mais longo, que acabou seis anos atrás, e fui tentar remontar aquela história seguindo a trilha dos presentes trocados.
O primeiro que me veio à cabeça não tinha valor algum material. Foram florzinhas brancas do quintal da casa dele, no dia em que me propôs casamento, depois de cinco meses de paixão intensa. Isso foi há 15 anos, mas devido à emoção do momento, me lembro ainda do cheiro delas, do rosto apaixonado dele e até hoje é desta cena que me recordo quando vejo flores iguais em jardins por aí.
Também me lembrei de um cordão ripongo que ganhei de Páscoa. Ficou na memória justamente porque não era chocolate. Teve ainda uma tornozeleira azul de florzinhas. Era incrível como uma simples correntinha de perna podia despertar tanto instinto selvagem no rapaz. Esta guardo até hoje, apesar de não usar porque não combina mais com uma balzaca a caminho dos “enta”. Mas virou souvenir, o símbolo de uma época de amor inocente.
Uma camisola, uma rasteirinha, brincos de festa, um bonsai, uma tulipa vermelha. Uma vez ele me perguntou se eu fazia questão de ganhar joias, influenciado pelo irmão que gostava de oferecer este tipo de presente pra esposa. Eu respondi que não, afinal preferia a emoção e significados contidos no que ele me dava.
Da minha parte, lembro que quando chegavam as datas importantes, eu nem sabia o que escolher tamanha era a quantidade de opções que me vinham à cabeça. Acabava gastando com mais de um ou até uma dúzia, dependendo da conta bancária. E não via a hora de chegar uma data dessas, como dia dos namorados, Natal ou aniversário, para enchê-lo de presentes.
Fazendo esta retrospectiva agora, lembro que no final do relacionamento, as datas e a necessidade de ter uma ideia original de presente se transformaram em transtorno. Eu tinha que quebrar a cabeça e até pedir opinião para uma meia dúzia de amigas para conseguir comprar um simples presente para aquele com quem dividia o mesmo teto havia tanto tempo. Como podia não saber o que agradaria uma pessoa sobre a qual sabia tudo, dividia tudo e com quem planejava viver o resto dos meus dias? Lembro também de que os últimos presentinhos que eu ganhei não me agradaram muito. Até tive de ir trocar um deles, porque não consegui disfarçar que não havia gostado. Eram sintomas de um amor agonizante. De caminhos que não mais se cruzavam, mas andavam em paralelo. De mentes sintonizadas em canais adversos.
Definitivamente, falta de amor não é coisa que se disfarce, nem no presente mais caro do mundo. Assim como demonstrar amor verdadeiro é fácil e barato. Quando a gente gosta de verdade de alguém, já sabe o que quer presentear antes mesmo de chegar ao shopping. Por esta teoria, devo estar em estado de coração mole, porque voltei a ter muito mais ideias do que tempo e dinheiro nos últimos dias.
Feliz Natal e boas compras para nós. E, lembrem-se, é o coração que precisa estar embrulhado junto do presente.
Patrícia - A Solteira
13 comentários:
Oi Diguê, tudo bem?
14 de dezembro de 2010 às 01:25Só você pra me fazer lembrar de coisas que acontecem num casamento quando a barca da vida de duas pessoas tomo um rumo diferente, quando não existe mais aquela sintonia é f... Hoje não vou escrever aqueles textos que sempre posto mesmo porque você conseguiu me arrancar lágrimas de tristesa... É estou carente ainda mais nesta época e longe do meu filho... Mas quero colocar minha história de um presente que recebi e nem coração tinha, que dirá papel de presente... rs e olha que o presente maior ainda estava por vir, alguns meses depois...
Tudo isso foi só pra contar da vez que ganhei de presente um linda "centrífuga".... Sim uma centífuga de presente de aniversário, mas não era uma qualquer, ela tinha duas velocidades, reservatório de dejetos e vinha com um lindo livro de receitas extremamente saudáveis e foi entregue pelo meu filho com muita alegria e um sorriso no rosto inesquecível... o legal de criança é isso, a ingenuidade... mas disfarçar a decepção foi o pior...
Foi ai que descobri que a maior decepção é aquela que vem de quem nunca esperamos e que as vezes é preciso ter essa decepção para aprendermos que a vida não é feita apenas de alegrias, mas sim de tentativas...
Mais uma vez parabéns pelo texto... e você não é balzaca, quando vai acreditar em mim??? rs
Beijos
Vou dizer que não ligo pra presentes. Nem pra receber, nem pra dar.
14 de dezembro de 2010 às 08:51Posso falar?
14 de dezembro de 2010 às 09:57Adorei e achei a mais pura verdade!!
Ótimo texto!
Beijocas!
Adorei o texto, me fez repensar nos meus presentes, mas, achei muito lindo e delicado o texto! adorei! bjsss
14 de dezembro de 2010 às 10:23Amei seu texto. Muito sensível e muito verdadeiro.
14 de dezembro de 2010 às 11:15Vou lembrar de embrulhar meu coração junto com o presente.
Beijokas, boas compras e Feliz Natal também.
Certa vez, ganhei um negócio de gesso... Era uma lua com um ursinho deitado sobre ela... Azul e amarelo... Achei tão lindo, especial, perfeito...
14 de dezembro de 2010 às 14:59Hoje, vejo que se meu pequeno Pedro tivesse feito aquela lua, teria saído melhor do que saiu.
Enfim, hoje não amo mais que me presenteou...
Entendo e perdoei a minha irmã que riu oceanos quando viu a bendita lua!
Cinthya
Patrícia, que texto fofo! Adorei.
14 de dezembro de 2010 às 16:11Não tinha pensado nisso. Eu adoro presentear as pessoas que eu gosto, principalmente presentes diferentes, fazer surpresa, etc... mas, quando eu não gosto, ou acontece alguma coisa, eu travo e não consigo fazer nada novo.
E tem presentes que marcam né, ainda tenho um baú todo pintado de verde(cor que mais gosto) com uma carta dentro, dizendo que eu deveria escrever e guardar ali todos os meus sonhos, ganhei do ex-namorado.
Um beijão.
Gente que texto Tuuudo..^^
14 de dezembro de 2010 às 17:52amei de vdd..vou fazer isso nos próximos presentes que eu der a alguem..texto lindíssimo..amei, gostei e vou seguir^^
Bjô
Adorei o texto Patrícia!
14 de dezembro de 2010 às 18:50Lindo e sensível e dar o coração é tudo amiga!
beijocas,
Mari
Diguê, q máximo!
14 de dezembro de 2010 às 20:55Me fez lembrar do meu último namoro...a última fez que me apaixonei de verdade. No final, foi igual, já não gostava mais do presente e ele tb, acabavamos trocando e na época já achava que era sinal que tinha chegado o fim! Q louco! E olha q foi há 5 anos!
Adorei o texto ! Eu sempre embrulho meu coração para presente e personalizo a maioria deles. Não gosto muito de presente comprado e, sempre que posso, invento um presente, faço mesmo, mudo alguma coisa só para a pessoa receber sempre uma lembrança minha junto ! Acho bem mais importante o presente quando ele é incomum, único, dá a sensação de que a pessoa é realmente especial e quero que ela se sinta assim quando receba. O presente que mais gosto de dar e de ganhar são livros , sempre com um "plus", claro !
14 de dezembro de 2010 às 21:41Patricia,
15 de dezembro de 2010 às 11:52Grande texto, uma grande expressão de verdades que muitas vezes não percebemos...
Não somos, ao final do dia, reflexo dos químicos que nos mantém acordados ou nos pões à dormir, somos a mais pura e cristalina realidade escancarada de nossos sentimentos.
Rio bastante com o Blog de vocês... acho que vou demitir meu psiquiatra... e ficar só com a receitinha dos químicos para emergências... hahahha!
beijos
Adeodato
Patrícia, belo texto! Tem coisas que a gente só se dá conta muito tempo depois né? Como é o caso dos sintomas de um amor agonizante!
16 de dezembro de 2010 às 16:32Presentear é sim um ato de amor, e não precisa ser nada caro não! Basta pensar naquela pessoa especial e um leque de opções surge á mente!
E presentear fora das datas comemorativas vale ainda muito mais!
Boas compras e sucesso com quem tá ocupando teu coração!
BJ
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