terça-feira, 16 de junho de 2009
Carta da leitora
Dia de convidada especial. Quem nos escreve hoje é a minha amiga Roberta, jornalista, gata, baiana, escorpiana de 28 de outubro que, como eu já escrevi aqui, é o melhor dia do ano para alguém nascer. Não lembra dela? A fofa já foi citada neste blog, por mim, como Emília, no post Carta a uma quase divorciada. Obrigada pelo texto, baby. Escreva sempre, acho você tudo.
Beijão,
Isabela – A Divorciada
Emília seria o nome da filha que eu teria com meu ex-marido. E foi o nome que usei para revelar minha experiência a este blog, ainda abalada e sem noção, com o apoio de Bela. Agora que consigo respirar pausadamente, revelo-me: Roberta, muito prazer!
Sou leitora deste blog, compartilho com as separadas a mesma dor da perda de alguém que continua vivo. Queria escrever algo bonito, poético até, mas recebi um e-mail dias atrás que me tirou todas as palavras ensaiadas para esta ocasião.
A mensagem veio de um amigo que, apesar de seus vinte e poucos anos, parece traduzir uma história de vida inteira. Este jovem rapaz me disse tudo o que eu queria dizer. Na hora, pensei: “que danado!”. Com a permissão dele, reproduzo este trecho:
“Eu sempre quis lhe dizer que essa dor passa, da mesma forma como ela nos fadiga, ensina: que, às vezes, ela dá uma mistura de dúvida com falta de ar; que, às vezes, provoca sensações que fazem com que o tempo pareça parado; que, às vezes, costura olheiras que escondem horizontes.
Quando a dor nem é dor, vira vazio. Vira desesperança. Daí a gente não sabe o que está sentindo. Se ri para esquecer ou se para brilhar. Quando a dor é dor, o peito dói, de verdade. E pronto. Ou seja, não tem escapatória.
De repente, a terra firme de um, vira a ponte bamba do outro.
No meio do dia: músicas, cheiros, gostos, palavras, pessoas e, sobretudo, pequenas situações. No meio do dia, o dia todo: lembrança.
É a cara que por saber que ainda continua dar-se ao tapa, mostra-se valente.
São tantos sins e nãos, tantos talvez e porquês, tantos quereres...
E daí vem a gradação das miudezas que nos faz eternamente nunca esquecer de um amor. Nunca.
Só que o imponderável é a surpresa cicatrizante. E o tempo passa ao passo em que se vai reavendo o equilíbrio, que pode ser inalcançável, mas nunca uma desilusão.
Da falta de amor sublime ninguém morrerá, já que ele nasce de jeitos novos. Outros tempos, outros ares, outra você.
E aos poucos a gente descobre que amor não morre mesmo e, por isso, temos que reaprender a sentir. Talvez, como diria Chico Buarque, "no fundo falso da gaveta do coração".
No final, que a felicidade seja recompensa.
As coisas práticas a gente vai levando, e as não práticas a gente vai vivendo.
E isso é tudo uma delícia. Tenha certeza disso.”
Roberta
15 comentários:
Oi Robert,
16 de junho de 2009 às 11:50Adorei que o "imponderável é a surpresa cicratizante" e a citação de "outra você".
Manda um beijo para o seu amigo, tenho certeza de que os nossos leitores e leitoras vão gostar dele.
Beijão e thanks pelo texto,
Bela - La Divorciada
Muito legal o texto.
16 de junho de 2009 às 12:53E super concordo que não tem dia melhor pra nascer! Tb nasci nele! rs...
Bjs!
Esse texto é maravilhoso...
16 de junho de 2009 às 13:58Maravilhoso!!!!
16 de junho de 2009 às 14:20"Quando a dor nem é dor, vira vazio. Vira desesperança. Daí a gente não sabe o que está sentindo. Se ri para esquecer ou se para brilhar."
Puxa, que coisa boa ler esse texto right now...
16 de junho de 2009 às 14:58Acabo de voltar de um almoço com meu (ex) marido - até estranho dizer assim... - e foi tão lindo esse encontro...tão suave. Leve como esse texto.
Esse encontro vai render um post...
Valeu amigo da Roberta!! Valeu Roberta!!
beijos
deb
Lindo o texto
16 de junho de 2009 às 15:42bjs
Nossa o texto disse TUDO!
16 de junho de 2009 às 16:47"As coisas práticas a gente vai levando, e as não práticas a gente vai vivendo.
E isso é tudo uma delícia. Tenha certeza disso.”"
ADOREI...
(DA MAIS NOVA LEITORA DE VOCÊS)
Queria poder respirar um ar que não me lembrasse essa dor.
16 de junho de 2009 às 17:29Olá, leitoras, Roberta e Bela.
16 de junho de 2009 às 18:34Na verdade, na verdade, as dores são para ser vivídas e com elas podemos crescer. Podemos não crescer, mas o que seria melhor? Acho que aproveitar o lado bom das coisas, né? Por mais que em questões como essas a vontade seja de cuspir no mundo toda a impotência que sentimos!
Apesar dos vinte e poucos (25) do amigo que escreveu para a Roberta, talvez ele tenha passado dores que por tempos o deixaram mudo, mas o inenarrável de outrora virou sorriso, posts em blogs e um jeito melhor de viver. Afinal, foram essas mesmas dores que fizeram nascer outro dele.
Este outro, que vos escreve agora, é a soma de tudo o que passou. E se formos pensar bem, o tudo não passou de deliciosas e horrorasas sensações que, no fim das contas, apenas compõem a vida, que sempre continua independentemente...
Ainda bem que continua... com a janela e a porta abertas. E que entre o imponderável!
um beijo
Marcelo
Na alma!
16 de junho de 2009 às 19:23Bj
Rô, como já conversamos, sou prova viva de que tudo pode ser diferente, pode ser um retorno com pessoas mais fortes, mais maduras, dispostas a criar uma convivência de companheirismo e união plena ooooouuuuu uma nova fase cheia de surpresas, momentos felizes...
16 de junho de 2009 às 19:35Não nascemos amarrados a ninguém e vamos partir deste mundo sozinhos...
Então... por que sofrer tanto? Acho que vale mais a pena nos amarmos intensamente...
nos "bastarmos".
O restante será uma deliciosa consequência. Bj. Márcia
Nossa, que texto lindo! Que bom ter amigos assim, Roberta. São essas as pessoas que efetivamente fazem a diferença. bjos
17 de junho de 2009 às 07:14Paloma e Isa
Ai... Eu quero pra mim... Eu adorei! É isso mesmo o que a gente sente, é isso...
17 de junho de 2009 às 09:51Beijo!
P.S. Posso pegar pra mim?
Bom dia Bela
17 de junho de 2009 às 11:26bjss
Crescer, renascer... tudo é oportunidade!
17 de junho de 2009 às 12:03Bela, querida, estive por aqui ontem,mas não deu pra comentar, pq o computador do hospital é bloqueado para comentar...
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