quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Uma roubada a gente nunca esquece


Tínhamos mais de 400 km pela frente. Era estrada para burro e uma infinidade de pedágios. Só para sair de São Paulo, levamos uma hora e meia. Mau sinal. Quando finalmente atingimos a estrada e pudemos respirar aliviadas, me ocorreu de estar levando minha amiga Patrícia para uma das maiores roubadas da vida dela. Já com peso na consciência, me adiantei:

- Você já reparou que os micos e as roubadas são sempre aqueles momentos que lembramos com mais precisão? São as famosas “histórias para contar”.

Aquilo foi quase um presságio.

Chegamos a Bebedouro e já era noite. Fomos muito bem recebidas e acolhidas – com um dedinho de prosa e copão de cerveja congelada. O resto era fácil: dirigir até Barretos, pegar nossas credenciais e seguir para o espaço vip vip vip da festa do peão.

Claro que a essa altura do post você já sabe que não foi isso que aconteceu.

As credenciais não estavam no lugar combinado. E nem na bilheteria do Parque do Peão. Simplesmente não existia credencial. Ligamos 253 vezes para a mulher com quem eu tinha combinado tudo – uma senhoura muito conhecida na high society barretense – e nada. Um celular desligado. O outro só tocava. Pedimos ajuda aos organizadores da festa para que a chamassem. Deram de ombros e quase riram na nossa cara como quem diz: “Ai, todo ano essa gente tentando entrar de graça”.

Enfurecidas, putíssimas e cansadas da longa viagem, só nos restou uma alternativa: pagar o ingresso e entrar no tal do Parque. Só o show da Mariah Carey que a gente deixou de lado porque o ingresso era exagerado demais para duas mulheres que sequer sabiam cantar uma música dela.

Do lado de dentro, a fauna. Masculina. Homem, homem, homem. Pensei: ‘É o paraíso! Minha amiga solteira vai fazer a festa aqui!”. Patrícia, uma legítima caiçara “surfistinha”, parece ter lido meus pensamentos e foi logo dizendo:

- Num dá, né? Homem de calça apertada não dá o menor tesão!!!

Justo! Justíssimo! Apertadíssimo!

Duas mulheres sozinhas na festa – uma loira e uma morena – começaram a chamar a atenção. Principalmente porque os machos de calça apertada já estavam bêbados.

Um homem chega para mim e, com o sotaque mais arrastado do mundo, diz:

- Esperei por você a vida inteira! Você é tudo que eu sonho numa mulher.

Um outro manda essa:

- Adoro morenas de nariz arrebitado!

Nariz arrebitado, eu? Com essa baita napa? O álcool distorce tudo mesmo, até tamanho de nariz.

A loira sofreu mais com o assédio, claro. Chegou a dar uns golpes de judô num cara mais atrevido.
A multidão que saiu da apresentação da Mariah foi unânime: o show foi uma merda. Parado demais. Ótimo! Não perdemos tanto assim.

De repente, um trio elétrico é acionado e aquele povo de chapéu e cinto começa a pular feito pipoca. Me dá um déjavu e me pergunto se estou no interior de São Paulo ou na Micareta de Feira de Santana que fui faz uns anos.

Horas depois, sem beber porque eu ia ter que dirigir até Bebedouro, o sono bateu forte. Quando ouvimos pela milésima vez a música: “CHORA, ME LIGA, IMPLORA MEU BEIJO DE NOVOOOOOOO”, percebemos que era hora de tomar o caminho de volta.

O grande ganho do fim de semana frustrado em Barretos foi a turma que conhecemos em Bebedouro (vale um post à parte!). E, claro, muita história para contar (viram o tamanho do texto?)

Débora – A Recasada

13 comentários:

Andarilho disse...

Hahaha, que roubada mesmo. Aliás, eu acho todo esse lance country uma grande roubada.

26 de agosto de 2010 às 00:07
nanda disse...

Hahaha! Ótimo, Débora! Que aventura, hein! Mas quem não vive, não conta histórias boas depois! Este seu post estaria na minha categoria "Indian program" (sem preconceitos!). E aguardo o próximo post! Beijocas!

26 de agosto de 2010 às 00:09
Blog Sozinha ou Acompanhada disse...

Debs,

Barretesão, October Fest, Micareta é tudo roubada! Mas todo mundo ter que ir uma vez na vida. Ah, e ter perdido o show da Mariah é imperdoável. Eu amo! Queria muito ter assistido. Engraçado que hoje escrevi sobre ela no blog.
Beijocas,
Irma

26 de agosto de 2010 às 00:36
Olívia disse...

Ahahahah

Me rachei de rir com essaaa...

Adoooroo roubadas... São as mais legais pra contar na roda de cerveja.

Qual será a próxima????

Posso ir junto???

hahahhaa

.Olívia.

26 de agosto de 2010 às 09:50
Márcia de Albuquerque Alves disse...

Deb minha amiga, isso sim foi roubada kkkkkkkkkkk
Mas, é válido, ao menos prá contar kkk

amei!

Ps.: homem de calça apertada é a TREVA!

bjsssss

26 de agosto de 2010 às 10:32
Freda Franchin disse...

Como assim Bebedouro?!?! Não acredito que sábado vc esteve aqui na minha cidade!! Me conta onde foi tomar cerveja??
Eu ia todo ano pra Barretos qdo tinha 18, 20 anos, era sempre o maximo, mas depois de uns 6 anos seguidos de festa do peao, cansei, comecei achar tudo uma chatíce. Foram uns 6 anos sem dar as caras lá (e olha que moro pertinho, 25 minutos de estrada e to la, meu namorado mora la), aí que esse ano finalmente voltei lá, fiquei num rancho e nem parecia que eu estava lá, rsrsrs Mas sem duvida trouxe boas lembranças. Tbem acho q td mundo tem que ir pelo menos 1 vez na vida!
bjao

26 de agosto de 2010 às 10:57
André Julião disse...

Barretos eu não sei, mas Bebedouro é metrópole, terra de visionários (pelo menos no que se refere à família da minha namorada).

Dizem que melhor do que lá, só Monte Azul. Terra das baladas.

26 de agosto de 2010 às 12:15
Carmem Sanches disse...

Nossa sei bem como é isso!
Uma vez eu e três amigas passamos três horas, numa quinta-feira a noite, para ficarmos lindas e superproduzidas para a maior festa do Dia das Bruxas da Baixada Santista. Depois de muita correria e de conseguir uma carona (na época nenhuma tinha carro e nem coragem de pegar ônibus vestida de bruxa ou coisa pior), seguimos para a balada. Ao chegar no lugar, já início da madrugada, estava tão cheio que não conseguimos entrar.
Tivemos que descer o Ilha Porchat a pé (detalhe: de salto alto) e esperar até às 5h da matina nos quiosques da praia, para seguir para o ponto de ônibus.
Master roubada de pobre!
Beijos e até a próxima

26 de agosto de 2010 às 12:37
3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

SEGUUUUUUUUUUUUUURA, amiga!!! Hahaha!!!

Eu quero uma audiência para saber TUDO desse babado DJÁ!!!

Beijão,

Bela - A Divorciada

26 de agosto de 2010 às 13:21
Fermina Daza disse...

O texto ficou grande, mas a leitura fluiu muito bem justamente porque uma roubada, ou algo que, aparentemente, não temos nada para contar, resultam em boas histórias.

Adorei. Baita texto! Vou guardar aqui nos meus favoritos.

26 de agosto de 2010 às 14:12
Marta Melo disse...

Nossa q roubada,mas teria sido pior se vcs tivessem pago o ingresso para o show da Mariah Carey...Pelo menos desse plus da roubada vcs se livraram!Bjs

26 de agosto de 2010 às 18:34
Blog Sozinha ou Acompanhada disse...

Nos meus aureos tempos fui frequentadora assídua de Festa de Peão, mas nunca fui a Barretos não!
Tinha medo...hahahaha....Mas cantava um fio de Cabelo como ninguém de dar inveja ao Xororó! tb acho que vc deveria ter visto a Mariah...imperdoável!!!
hj se pudesse enforcava o Xoroó com o cordão do sapato do Chitão!!!
beijocas,
Mari.

26 de agosto de 2010 às 21:35
Superxiki - Arte . Design . Fotografia disse...

Roubada é roubada!! Não tem como esquecer mesmo.

31 de agosto de 2010 às 16:38