quinta-feira, 18 de novembro de 2010
3x30 entrevista: Doutor Amor
Inauguro aqui um espaço exclusivo para entrevista no blog. Para a estreia, um bate-papo que tive com Thiago de Almeida, psicólogo especializado no tratamento das dificuldades dos relacionamentos amorosos, a quem eu gentilmente apelidei de Dr. Amor. Com vocês, ele, o homem que trata do coração e não é cardiologista.
Raio-X
Thiago de Almeida, 31 anos, viúvo
Nascido em São Carlos
Faixa etária média que atende: entre 20 e 50 anos
Já atendeu 1,2 mil pacientes
3x30 – Por que você foi fazer psicologia? Sempre tentou entender o ser humano?
Dr. Amor – Dizem que quem faz psicologia quer se entender. Eu sempre detestei psicólogos e nunca acreditei em psicoterapia, até eu começar a atender meus primeiros pacientes, quando estagiava na universidade onde me formei. Achava que não impactava. Sempre fui um tremendo CDF, lia muito. E um dia eu li um texto do Levi-Strauss chamado “O Feiticeiro e sua Magia” no qual um homem chamado Quesalid começa a freqüentar o mundo dos xamãs por duvidar de seus poderes, por achar que os feiticeiros são todos charlatões. Aí decidi que ia fazer o mesmo: queria provar o charlatanismo da psicologia. E aí prestei o vestibular na UFSCAR.
3x30 – E o que te convenceu de que psicologia não era charlatanismo?
Dr. Amor – Quando me dei conta, ainda no segundo ano, durante meu estágio, de que tudo o que eu falava tinha um peso tremendo na vida das pessoas, como ainda acontece. Conheci muitos maus profissionais, mas nem eles me fizeram desistir da psicologia depois que me convenci de sua eficácia. Vim e fiquei na psicologia devido à necessidade dos meus pacientes, os quais muito estimo, e não por causa dos que não honram a profissão e nem o privilégio de estar na frente de um paciente.
3x30 – Por que se especializar nas dificuldades dos relacionamentos amorosos?
Dr. Amor - Quando eu me formei, vi que quase nenhum profissional falava disso. Mas a temática está na vida de todo mundo. Só que as pessoas só buscam ajuda quando a coisa vai bem mal. Aí vão ao psicólogo. Ou ao astrólogo. Ou ao psiquiatra.
3x30 – Quais são as principais queixas em seu consultório?
Dr. Amor - Ciúme em primeiro lugar. Infidelidade em segundo. Ouço muita coisa do tipo: “Não sou ciumenta. Eu só ligo para ele de cinco em cinco minutos para saber onde ele está, se está bem...”.
3x30 – Ciúme em primeiro? Por que, hein?
Dr. Amor – O ciúme funciona como mecanismo de preservação da relação em vista de um inimigo real ou imaginário.
3x30 – Mais imaginário...
Dr. Amor – Mas é que o ciúme não é só amoroso ou sexual. Tem gente que sofre horrores por ciúme da família, do trabalho. O ciúme pode ser bom, pode ter um efeito de proteção, sim. Ele não é de todo negativo. O problema é que o ciumento não se reconhece como tal. Acha que isso é amor.
3x30 – E ex, assombra?
Assombra quase todos os casais.
3x30 – Mulher é mais ciumenta?
Dr. Amor – Meio a meio, viu? Homem também sofre com isso.
3x30 - Que outros motivos levam as pessoas ao seu divã?
Dr. Amor - Timidez. Falta de repertório sentimental, o problema mais notório dos homens. Tem ainda aqueles que têm uma enorme dificuldade de sair de um relacionamento ruim. E fica naquele namoro ioiô. Vai, volta...
3x30 – Sei bem como é...qual é o peso do relacionamento dos pais na vida amorosa dos filhos?
Dr. Amor - Para os adolescentes é maior esse peso porque eles não têm repertório e as referências são a dos pais. Com o tempo, e experiência, cada um vai desenvolvendo seu próprio jeito de se relacionar.
3x30 – Ou seja, melhor não casar tão cedo, então? O ideal é ter mais experiência?
Dr. Amor – Depende. E mesmo porque hoje tem tanta possibilidade. Tem o ficar, tem o divórcio, tem o recasamento. As pessoas se casam mais tarde hoje não por falta de repertório emocional, mas porque querem investir na vida profissional.
3x30 – Então ser fruto de relacionamentos ruins não é determinante?
Dr. Amor - O problema é menos os pais e mais nossas expectativas e paradigmas. Costumo citar o mito do Leito de Procrusto, uma metáfora sobre os outros quererem mutilar nossos sonhos e possibilidades de acordo a conveniência deles. A gente pré-determina um padrão, traçamos um script e queremos que o mundo se encaixe nele.
3x30 – O lance do príncipe...
Dr. Amor – Sim. E num primeiro momento, o da paixão, não dá para ver a porção sapo do príncipe. Ou o viés bruxa da princesa.
3x30 – E como a gente entende o “leito procrustiano” do outro?
Dr. Amor – Não é o do outro que temos que entender. É o nosso mesmo. Antes de nos relacionarmos. Já é bem difícil entender o nosso próprio leito...
3x30 – A paixão é mesmo cega? Pode ser a combustão de um relacionamento horrível?
Dr. Amor - O problema é que quando estamos apaixonados, relevamos os defeitos e atitudes que não gostamos com medo de perder aquela pessoa. Jogamos a sujeira para debaixo do tapete para agradar quem amamos. Só que isso dura, no máximo, 18 meses. Sem querer ser pessimista. E aí é substituído pelo amor, que é outro processo. Ou não. Acaba ali mesmo.
3x30 – Não é possível sentir paixão e amor ao mesmo tempo?
Dr. Amor – Tem quem consiga, mas é uma minoria. E tem sempre a ver com quebra de rotina. Quem consegue fazer isso, tende a manter a paixão acesa.
3x30 – Você já teve muita decepção amorosa?
Dr. Amor – Aprendi muito com meus relacionamentos. Mas com certeza sou melhor psicólogo que namorado. Dado até a enorme diferença entre o número de casos que atendi e a quantidade de relacionamentos que tive.
3x30 – Você acredita no amor?
Claro! Sabe o que significa amor? “A” é negação e “mor” é morte. Amor é a negação da morte, aquilo que vivifica! É o que nos liga à vida, nos conecta ao todo. O amor está em tudo: na prosa, na música, nas pinturas. Sem amor, não há vida.
Débora – A Separada
Raio-X
Thiago de Almeida, 31 anos, viúvo
Nascido em São Carlos
Faixa etária média que atende: entre 20 e 50 anos
Já atendeu 1,2 mil pacientes
3x30 – Por que você foi fazer psicologia? Sempre tentou entender o ser humano?
Dr. Amor – Dizem que quem faz psicologia quer se entender. Eu sempre detestei psicólogos e nunca acreditei em psicoterapia, até eu começar a atender meus primeiros pacientes, quando estagiava na universidade onde me formei. Achava que não impactava. Sempre fui um tremendo CDF, lia muito. E um dia eu li um texto do Levi-Strauss chamado “O Feiticeiro e sua Magia” no qual um homem chamado Quesalid começa a freqüentar o mundo dos xamãs por duvidar de seus poderes, por achar que os feiticeiros são todos charlatões. Aí decidi que ia fazer o mesmo: queria provar o charlatanismo da psicologia. E aí prestei o vestibular na UFSCAR.
3x30 – E o que te convenceu de que psicologia não era charlatanismo?
Dr. Amor – Quando me dei conta, ainda no segundo ano, durante meu estágio, de que tudo o que eu falava tinha um peso tremendo na vida das pessoas, como ainda acontece. Conheci muitos maus profissionais, mas nem eles me fizeram desistir da psicologia depois que me convenci de sua eficácia. Vim e fiquei na psicologia devido à necessidade dos meus pacientes, os quais muito estimo, e não por causa dos que não honram a profissão e nem o privilégio de estar na frente de um paciente.
3x30 – Por que se especializar nas dificuldades dos relacionamentos amorosos?
Dr. Amor - Quando eu me formei, vi que quase nenhum profissional falava disso. Mas a temática está na vida de todo mundo. Só que as pessoas só buscam ajuda quando a coisa vai bem mal. Aí vão ao psicólogo. Ou ao astrólogo. Ou ao psiquiatra.
3x30 – Quais são as principais queixas em seu consultório?
Dr. Amor - Ciúme em primeiro lugar. Infidelidade em segundo. Ouço muita coisa do tipo: “Não sou ciumenta. Eu só ligo para ele de cinco em cinco minutos para saber onde ele está, se está bem...”.
3x30 – Ciúme em primeiro? Por que, hein?
Dr. Amor – O ciúme funciona como mecanismo de preservação da relação em vista de um inimigo real ou imaginário.
3x30 – Mais imaginário...
Dr. Amor – Mas é que o ciúme não é só amoroso ou sexual. Tem gente que sofre horrores por ciúme da família, do trabalho. O ciúme pode ser bom, pode ter um efeito de proteção, sim. Ele não é de todo negativo. O problema é que o ciumento não se reconhece como tal. Acha que isso é amor.
3x30 – E ex, assombra?
Assombra quase todos os casais.
3x30 – Mulher é mais ciumenta?
Dr. Amor – Meio a meio, viu? Homem também sofre com isso.
3x30 - Que outros motivos levam as pessoas ao seu divã?
Dr. Amor - Timidez. Falta de repertório sentimental, o problema mais notório dos homens. Tem ainda aqueles que têm uma enorme dificuldade de sair de um relacionamento ruim. E fica naquele namoro ioiô. Vai, volta...
3x30 – Sei bem como é...qual é o peso do relacionamento dos pais na vida amorosa dos filhos?
Dr. Amor - Para os adolescentes é maior esse peso porque eles não têm repertório e as referências são a dos pais. Com o tempo, e experiência, cada um vai desenvolvendo seu próprio jeito de se relacionar.
3x30 – Ou seja, melhor não casar tão cedo, então? O ideal é ter mais experiência?
Dr. Amor – Depende. E mesmo porque hoje tem tanta possibilidade. Tem o ficar, tem o divórcio, tem o recasamento. As pessoas se casam mais tarde hoje não por falta de repertório emocional, mas porque querem investir na vida profissional.
3x30 – Então ser fruto de relacionamentos ruins não é determinante?
Dr. Amor - O problema é menos os pais e mais nossas expectativas e paradigmas. Costumo citar o mito do Leito de Procrusto, uma metáfora sobre os outros quererem mutilar nossos sonhos e possibilidades de acordo a conveniência deles. A gente pré-determina um padrão, traçamos um script e queremos que o mundo se encaixe nele.
3x30 – O lance do príncipe...
Dr. Amor – Sim. E num primeiro momento, o da paixão, não dá para ver a porção sapo do príncipe. Ou o viés bruxa da princesa.
3x30 – E como a gente entende o “leito procrustiano” do outro?
Dr. Amor – Não é o do outro que temos que entender. É o nosso mesmo. Antes de nos relacionarmos. Já é bem difícil entender o nosso próprio leito...
3x30 – A paixão é mesmo cega? Pode ser a combustão de um relacionamento horrível?
Dr. Amor - O problema é que quando estamos apaixonados, relevamos os defeitos e atitudes que não gostamos com medo de perder aquela pessoa. Jogamos a sujeira para debaixo do tapete para agradar quem amamos. Só que isso dura, no máximo, 18 meses. Sem querer ser pessimista. E aí é substituído pelo amor, que é outro processo. Ou não. Acaba ali mesmo.
3x30 – Não é possível sentir paixão e amor ao mesmo tempo?
Dr. Amor – Tem quem consiga, mas é uma minoria. E tem sempre a ver com quebra de rotina. Quem consegue fazer isso, tende a manter a paixão acesa.
3x30 – Você já teve muita decepção amorosa?
Dr. Amor – Aprendi muito com meus relacionamentos. Mas com certeza sou melhor psicólogo que namorado. Dado até a enorme diferença entre o número de casos que atendi e a quantidade de relacionamentos que tive.
3x30 – Você acredita no amor?
Claro! Sabe o que significa amor? “A” é negação e “mor” é morte. Amor é a negação da morte, aquilo que vivifica! É o que nos liga à vida, nos conecta ao todo. O amor está em tudo: na prosa, na música, nas pinturas. Sem amor, não há vida.
Débora – A Separada
26 comentários:
Déb, adorei esta nova "seção"...
18 de novembro de 2010 às 01:14O Dr. Amor está solteiro?
Hã hã hã??
Hahahaha!
Beijocas!
Olá Debora,
18 de novembro de 2010 às 05:29ficou show de bola mesmo. Curti pacas ser o teu primeiro entrevistado.
Debora adorei a entrevista, vcs como sempre chegando coisas novas e óteeemas de se ler...
18 de novembro de 2010 às 07:34Fica a pergunta q não quer calar
(né Nanda)...
O Dr. Amor está solteiro??? kkkkk
Bjs
Muito bom! Parabéns à entrevistadora e ao entrevistado!
18 de novembro de 2010 às 08:36Adorei, beijos
Deb
18 de novembro de 2010 às 09:19Adorei,muito bom mesmo.
O Dr. Amor está solteiro?
rsrs
Bjos
Viuvo?!?!
18 de novembro de 2010 às 10:39Muito bom Adorei!!
18 de novembro de 2010 às 10:41"Sem Amor eu nada seria..."
Bjuss
Que legal!!!
18 de novembro de 2010 às 11:22Gostei d+++!!!
Não tem como Dr Amor ter um espacinho fixo aqui??? rs rs rs
Bjussss
Dr Amor, vc vem sempre aqui? ;))
18 de novembro de 2010 às 11:48Como Psicóloga, não posso deixar de parabenizar o blog pela iniciativa e o "Dr Amor" pelas palavras...
18 de novembro de 2010 às 12:16Muito bom, tomara que continue!
Não via um post tão bom por aqui há um tempo! Parabéns!!
Que bom ouvir a voz de um especialista.
18 de novembro de 2010 às 12:18Parabéns ! Boa sacada !
Bjs
Sensacional a entrevista. Parabéns Débs e, doutor, obrigada mais uma vez pela "parceria".
18 de novembro de 2010 às 12:35Patrícia, A Solteira
Gostei da entrevista.
18 de novembro de 2010 às 13:38Adorei! Ótima entrevista. Sugiro que o Doutor Amor volte com um "Doutor Amor Responde", com perguntas de todo mundo. Que tal?
18 de novembro de 2010 às 16:01Beijos, beijos,
Bela - A Divorciada
Parabéns pelo post, Dé, você é demais!!! Adorei!!
18 de novembro de 2010 às 18:22Muitooooo bom, super adorei.
18 de novembro de 2010 às 18:39E acho que deve mesmo rolar o Doutor Amor Responde!!
E ele fez sucesso aí com a mulherada, heim!
Beijos para o trio!
Ninguem responde...entao vou perguntar : ele tá solteiroooooooooooooooo????? e todo mundo já voltouuu!! Dr Amor Responde já!!!!!
18 de novembro de 2010 às 21:44Amei a entrevista!Nossa que lindo o significado de amor.Adorei a sugestão Bela q vc colocou aí em cima ,parabéns para vcs , bjs!!!
18 de novembro de 2010 às 21:55Oi Débora, que sacada legal! Adorei!
18 de novembro de 2010 às 21:57E realmente se essa for mesmo a foto do Dr. Amor UALLLLLL..... vê se responde se ele está solteiro!!!!
Contudo acho que o amor é um sentimento muito individual e não sei se pode ser analisado sem que seja individualmente.
beijocas,
mari
Endosso a proposta de Bela, que o Dr Amor volte, parabéns adorei, Bjs!!!
18 de novembro de 2010 às 22:14Bela, que proposta legal, adorei... espero que venha mais vezes kkk
19 de novembro de 2010 às 00:17bjs
Gostei quando ele falou que o ciúmes é meio a meio, pra homens e mulheres.
20 de novembro de 2010 às 01:54Nós homens temos uma tendência a fazer cara de mal, de durões, mas quem de nós homens NUNCA teve ciúmes de uma mulher?
Gostei tb quando ele diz que o amor é vida. E quem não quer ter uma vida tranquila?
Já o ciúme, tem a ver com posse ou psedo-posse. Não é legal, mas as vezes acontece...rsrsrsrs.
Débora, muito boa a iniciativa de trazer o Dr.Amor ao seu Blog.
As mulheres que estão se assanhando para o lado do Dr Amor, atentem para a margem de erro! (brincadeirinha).
Beijos
Fica Fixo Doutorrrr *-*
22 de novembro de 2010 às 11:35Uau, Debs! Adorei!!!
22 de novembro de 2010 às 18:36Aprovadíssima a nova sessão e que venham mais entrevistas!
Aliás, li ontem uma matéria tua na iSTOÉ!
beijo
Oi "ar menina" eu quero o Dr Amor pra mim, #Comofaz?? hahaha
23 de novembro de 2010 às 09:46Beijos pro trio!
Hoje não vou fazer gracinhas.
23 de novembro de 2010 às 14:15Nunca vi uma interpretação tão linda da palavra amor...
Estou chorando de emoção!
Dr Amor Responde jÁ!!!!!
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