Tô Possessa e Mala

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Tô Possessa e Mala

Tem dias em que eu acordo me perguntando por que não nasci homem. Isso acontece alguns dias por mês, todo mês. Quando eu tomo aquela pílula mágica que me faz desmenstruar, eu desmonstruo junto. Mas como ela me dá muita dor de cabeça, fico sempre na dúvida sobre o que é menos mal: as crises de enxaqueca com ela, ou as cólicas abomináveis e a TPM crônica sem ela. Um debate que venho tendo comigo desde os 13 anos. Muito antes de iniciar minha vida sexual eu já tomava pílula. Era ainda uma menininha já tomando remédio de mulher.

Ontem topei ir ao cinema com Charlie mesmo sabendo que eu não estava 100%. Gosto muito desses convites inesperados dele e tento não perder a chance. O filme foi demais, o Queime Depois de Ler, dos irmãos Coen. Uma comédia.

Mas na volta, veio o drama. Charlie perguntou se tinha algo para comer em casa. Eu disse que não. Ele não disse absolutamente nada. Mas eu comecei a me justificar dizendo que tinha ido ao supermercado várias vezes na semana, mas que a casa tava precisando era de uma compra master, e que eu comprava muita comida que estragava, e que eu não sei administrar uma casa e que...aí eu já estava chorando, claro.

E continuei. Comecei a dizer que eu era uma incompetente, que ficava o dia inteiro em casa e que deveria saber o falta na cozinha, que sou péssima profissional porque ainda não consegui achar o ponto de equilíbrio da vida de frila, que sou péssima dona de casa porque não fiz as compras direito e que sou péssima esposa porque atormento meu marido quando estou de TPM.

Charlie ignorou porque me conhece e sabe que uma crise dessas passa cinco minutos depois. Mas aí aconteceu o ponto alto do dramalhão.

Ele me pediu para ajeitar o espelho do lado do passageiro. Comecei a mexer no botão interno, mas o espelho não se movia. Aí ele, meio nervoso: mexe por fora! Ele tá dobrado!! Eu fiquei tão nervosa, mas tão nervosa, que não achava o botão para a abrir a janela e quase abri a porta do carro em plena marginal. Aí, ele, puto da vida, abaixou meu vidro, passou por cima de mim e deu um tapa no espelho, fazendo voltá-lo ao normal.

Nossa. Fiquei histérica. Chorei feito um bebê. Céus, o que foi aquilo? Tenho TPM há anos, mas parece que só piora com o tempo. E eu simplesmente detesto perder o controle da situação. Ontem eu perdi.

Charlie foi muito bacana comigo depois. Me consolou, me abraçou, me beijou, me colocou para dormir. Mas eu ainda estou meio zureta.

Acordei cedo pacas e fui ver Bom Dia Brasil. Chorei vendo a notícia do policial que foi absolvido após ter matado aquele menininho de 3 anos, no Rio. Tive vontade de abraçar os pais. E não paro de chorar com o livro que ganhei ontem do Charlie, Para Francisco, livro que começou de um blog lindo.

Nessas horas, só me resta implorar para a TPM virar M logo e parar de me torturar.

Ah, como é chato ser mulher nesses dias...

A Casada