sábado, 19 de junho de 2010

Todos os nomes


Eu já fui caixa de banco. E, naquele tempo, a literatura me salvava da burocracia entediante de cada dia. Como eu estava na faculdade de jornalismo, o banco achou de bom tom me colocar dentro de uma empresa de comunicação. E lá ia eu para o bairro do Limão para meu dia a dia de filas, contas, cheques e muita gente reclamando do atendimento. A imensa maioria dos clientes era muito chata. Principalmente os jornalistas – o que quase me fez desistir da profissão. Em meio a tanta gente arrogante, um editor muito querido do Jornal da Tarde reparou que eu sempre tinha um livro ao lado do meu computador. E puxou papo. Depois disso, passou e levar livros para eu ler. E um deles foi o Todos os Nomes, do José Saramago, que morreu ontem, aos 87 anos, de leucemia.

Me identifiquei na mesma hora. O personagem principal, um funcionário de cartório, tem como principal diversão em meio a tanto tédio colecionar notícias de famosos. Até que um dia passa a se interessar por pessoas comuns. E se torna um obcecado por suas histórias (deve ser bem melhor que isso, faz 12 anos que li).

Passei a gostar ainda mais do Saramago e das pessoas que deixam doces lembranças na vida da gente – ainda que tenham passado por um breve instante pela nossa história.

Que o portuguinha com cara de vovô fofo e melancólico tenha uma vida longa através de seus livros!

Bom final de semana!!

Débora

11 comentários:

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Ai que post fofo!

"Todos os nomes" vale super a leitura. Recomendo "O Conto da Ilha Desconhecida" também. Pequenino e profundo,fala sobre o amor.O meu predileto dele.

Vida longa a Saramago sim. Ao legado maravilhoso que ele deixou.

Beijos,

Bela - A Divorciada

19 de junho de 2010 às 01:01
Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Deb,
linda homenagem.
Ele realmente é surpreendente!
bjs

19 de junho de 2010 às 08:28
Paloma Varón disse...

Adoro este livro, assim como todos que li dele.
Eu comecei com o "Ensaio sobre a Cegueira", tanto que nem tive coragem de ver o filme, para não "estragar".
Seu legado permanecerá entre nós e as próximas gerações, o que é ótimo. Viva Saramago! {E viva a Língua Portuguesa]

19 de junho de 2010 às 09:06
Anônimo disse...

Lamento muito pela morte do Saramago porque, sobretudo, perdemos um pensador lúcido e sagaz. Ele, melhor do que ninguém, refletia muito bem sobre o nosso tempo, tocava em questões essenciais e verdadeiras, coisa rara hoje em dia. Até que outro apareça, ficaremos neste vácuo.
Abraços,
Marcia A.

19 de junho de 2010 às 09:15
Andarilho disse...

O homem pode ter morrido, mas a obra dele vai perdurar por muuuuito tempo ainda.

19 de junho de 2010 às 09:28
Evelin disse...

Vida longa a Saramago (2)
\o

19 de junho de 2010 às 13:38
Blog Sozinha ou Acompanhada disse...

Saramago, um escritor que só se fez conhecido tarde na vida...tão inspirador, tão polêmico e profundo!

Adorei o post e sua históia Debs!
beijoca,

Mari.

19 de junho de 2010 às 18:58
Nina disse...

Deb,

Li muito Saramago, e gostei muito do que li.

Vou sentir falta.

"O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio"

Há que se viver nossos sonhos para sermos plenos.

Beijo

19 de junho de 2010 às 22:52
Nina disse...
Este comentário foi removido pelo autor. 19 de junho de 2010 às 22:54
Cultive-se! disse...

Merecidíssima homenagem!
Com seu apuradíssimo senso crítico e pragmatismo, valia-se da língua portuguesa pra fazer verdadeiras obras primas. Uma grande perda, sem dúvida! E uma enorme fonte de inspiração para todos os jornalistas e escritores que pretendem passar as nuances das emoções, das situações e da psicologia humana.
Parabéns pela iniciativa!

20 de junho de 2010 às 20:16
Silvia A. disse...

Dé, obrigada por compartilhar sua estória e esta grande dica de livro, este eu não li ainda.....
O banco perdeu uma funcionária e nós ganhamos uma jornalista ...uhuhuhu

22 de junho de 2010 às 17:35