quarta-feira, 8 de julho de 2009

Uma carta de desamor

"Meu amor,

Preciso te dizer umas coisas que andei pensando. No começo eu não me perdoava por tudo isso. Mas agora decidi que a culpa foi toda sua. Passada a fase da culpa, veio a raiva. Tenho raiva, sabe? Muita. Porque você não percebeu os meus sinais. Não fui muito clara? O que mais eu precisava ter feito ou dito?

Tem umas coisas que você precisa saber sobre mim: eu sou uma farsa. Eu me moldei ao seu jeito. Banquei a durona, a antirromântica (essa nova regra ortográfica até me corta o raciocínio). Virei adepta do “assim tá bom, para que mais?”. Mas não tava bom. E eu menti para mim mesma. E eu queria bem mais.

Tem outra coisa que você precisa saber sobre mim. Eu sou romântica sim. Posso até botar banca de durona. Mas me derreto com as tradicionais demonstrações de amor. Eu sei, eu sei...já sei o que você vai dizer. Que o amor, e o romantismo, se expressam das mais variadas formas. Eu concordo. E você demonstrou muitas vezes. Mas aquele romance de filme-para-matar-diabético também é super bem vindo. Nós mulheres adoramos. E eu não sou diferente. Fingia que era, mas não sou.

Sabe quantas vezes você me deu flores? Quatro. Uma para me conquistar, outra para me reconquistar, outra de dia dos namorados (em uma década de dia dos namorados) e uma no meu aniversário. Ok, flor todo dia deve encher o saco. Mas quatro é muito pouco. Eu adoro ser surpreendida – e quem não gosta? E eu era mestra em deixar bilhetinhos fofos, cartas apaixonadas, montava altos kits de aniversário e dia dos namorados. E era só isso que eu queria em troca...

Por outro lado, as suas surpresas para mim eram sempre as coisas que você queria para você mesmo. Aquele quadro...sabe que naquele dia que você chegou com ele eu tive que ir ao banheiro chorar baixinho a minha decepção? Jurei que a surpresa era outra. Depois acabei gostando dele. E assim eu fui me adaptando ao seu jeito, à sua forma de demonstrar o amor. Mas, no fundo no fundo, eu queria mais. E ficou faltando a grande prova de amor. A máxima e suprema prova que você nunca me deu. Talvez isso tenha me deixado frustrada de vez.

Pensando bem, não estou mais com raiva de você não. Tô é com raiva de mim. Por ter sido tão incapaz de ter dito tudo isso enquanto ainda era tempo. Mas a gente aprende, não é mesmo? De agora em diante, não vou mais disfarçar nada. E nem ceder tanto assim.

Da sua pequena"

Débora - A grande

26 comentários:

Frô disse...

Deb,

Acredito que a carta seja sobre a sua história.

Nunca fui casada, mas acho que chega um ponto no relacionamento em que tantas frustrações se juntam que no fundo não é um fato (a falta de romantismo) que acaba com tudo.

Imagino que esta sua carta seja apenas um desabafo de um destes seus pontos de frustração.

Não querendo defender ninguém, mas homem é, no geral, desligado mesmo pra essas coisas de romantismo.

Espero que esta sua carta seja um alerta para estes homens desatentos prestarem mais atenção nessa nossa necessidade.

Um grande beijo,
Frô

8 de julho de 2009 às 13:21
Tati disse...

Comigo não é diferente, também finjo que não sou romântica, mas adoraria um pouco mais de atenção.

Tati-Ainda Casada, rs.

8 de julho de 2009 às 13:21
Roberta disse...

eh...a gente aprende com os erros...mas sempre existem novas possibilidades...e que na próxima....cometamos(acho que escrevi errado) erros diferentes...para aprender mais um pouquinho...

Beijos Lindinha

8 de julho de 2009 às 13:46
Andarilho disse...

Farei aqui o papel de advogado do diabo (ou dos homens, no caso).

Nem todo mundo sabe interpretar sinais. Nem todo mundo consegue enxergá-los. E mesmo vendo, os sinais podem ser tão dúbios que a gente acha que tá vendo demais, ou de menos.

Então, o que nós, desligados homens, precisamos mesmo é que certas coisas sejam ditas. Porque a maioria de nós não nasceu com sexto sentido nem com poderes à la X-men.

Agora, se você pedir com todas as palavras (mas deixando claro mesmo!) e o cara fingir que não escutou, aí pé-na-bunda do rapaz. E se você não souber o quanto é ser clara o suficiente, imagine que você esteja explicando o que vc quer pra uma criança de 10 anos. (Sim, homem é meio bobo mesmo, hahaha.) Só não precisa usar aquela vozinha infantil, ok?

8 de julho de 2009 às 13:52
Andarilho disse...

Olha, a gente não gosta é de um momento de discussão de relação.

Vamos ver se eu consigo explicar melhor...

O que a gente não gosta é de sentar com a OBRIGAÇÃO de ter de conversar sobre o relacionamento. Parece que estamos sendo intimados. E ninguém gosta de ser intimado.

Claro que tem assuntos muito sérios, que vão exigir uma conversa mais concentrada. Dessas não tem como fugir. Por exemplo, discutir a relação financeira do casal, é algo sério, que exige uma boa conversa, mas que raramente casais fazem. Neste caso, tanto culpa da mulher quanto do homem.

Nestes assuntos mais sérios, se os dois realmente estiverem pensando em algo mais sério pra relação, o cara não vai fugir, até porque ele também vai querer dizer um monte de coisas. Claro que se ele estiver confuso quanto ao que quer, ou se for imaturo, vai tentar adiar a conversa.

Eu acho que seja daí que vem a fama de homens fugirem das DR. Porque a maioria não sabe o que quer, e as mulheres geralmente são mais ansiosas, e querem uma resposta mais rápido. E se homens esquentam na cama rapidinho, pra decidirem a vida, eles são mais lerdos, hehehe.

Agora, se o relacionamento de vcs já dura um bom tempo, e o cara ainda não sabe o que quer da vida... Provavelmente ele não quer nada mesmo, e está como a música do Zé Pagodinho, deixando a vida levá-lo.

Oh God, isso quase virou um post e eu acho que ainda não me expliquei bem.

8 de julho de 2009 às 14:13
Sempre Que Penso... disse...

São esses momentos que estou evitando...Se um dia precisar chorar por 'desamor', quero faze-lo alto e forte, para que sare logo tudo de uma vez, mesmo que seja meio impossivel...

:)
Beijos, grande pessoa!!!!

8 de julho de 2009 às 14:21
Angela Natel disse...

Acho que é muito triste a gente se arrepender das coisas que não fez, não disse. Tenho muitos desses arrependimentos. Apenas acrescentaria alguns outros exemplos à minha própria carta, principalmente na parte das surpresas desagradáveis.

8 de julho de 2009 às 14:32
Vivi disse...

Oi,
Acho que é muito difícil não se "enganar". E coloco entre aspas porque não é de todo um engano. No fundo, não temos mesmo a explicação exata para o que sentimos a todo momento. Quando o relacionamento não está mais satisfatório, a gente fica procurando desculpas, pensando que entendeu errado, deixou passar alguma coisa. E a vida vai passando, e a gente vai deixando pra depois. É assim com todo mundo, ou quase todo mundo eu imagino. Porque o discernimento imediato de tudo é muito difícil de se ter. Ninguém é tão iluminado assim. Então, é como se estivéssemos mentindo para nós mesmos, e eu já acreditei nisso também. Mas hoje eu penso que não é bem assim. Não mentimos, mas é como conseguimos lidar com a situação naquele determinado momento. Ou seja, é tudo o que podemos fazer. E não há que ter culpa nisso. Aos poucos, os olhos vão abrindo, os sentimentos vão ficando claras e as desculpas para o outro e para nós mesmas vão acabando. E é quando vem a ruptura com a situação que incomoda. E a ruptura da situação pode virar no fim do romance ou até no fortalecimento dele. O importante é amadurecer, crescer, sem culpa e, sempre, exercitando o autoperdão e o amor-próprio. Porque o pior de tudo é não conseguir se perdoar e nem se amar.
beijos com carinho de quem não te conhece mas já te acha o máximo
Vivi

8 de julho de 2009 às 14:33
Tati disse...

Andarilho

Explique-se...kkk

Agora fiquei muito confusa. Merece outro tópico sim.

8 de julho de 2009 às 14:46
Andarilho disse...

Tati, melhor vc perguntar algo específico, senão eu só vou continuar divagando, divagando e não vamos chegar a lugar algum ;)

8 de julho de 2009 às 14:51
3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Hahahahaha

Por partes:

- Frô, tem muito da minha história sim. Mas tem um pouco de ficção (tô ficando boa nisso! rs). Mas a ideia é justamente mostrar essa confusão mental que acomete um ser recém-separado. Ora é culpa, ora é raiva, ora é arrependimento e, no fundo, não é nada disso! Mas a gente fica buscando uma explicação e quebrando a cabeça quando, na verdade, tem é que olhar pro coração.

- Tati, precisamos prosear! Me convida para um café na Vila Maria? Quem sabe não alugo um apê por aí?? :-)

Sobre o Andarilho, é que eu deixei umas perguntas para ele no blog dele. E aí ele voltou para se explicar, rsrsrsrs

- Melanie, Beta e Lioness, vcs são umas fofas! Sempre presentes por aqui! Isso é fazer parte da rede solidária...

- Vivi, obrigada!! É isso mesmo. Não nos enganamos não, tem razão. E tudo é válido quando estamos tentando...quando estamos amando!! E aí chega num ponto que fica tudo tão sem sentido que a gente tenta achar lógica...e não tem muito disso nessas horas. E vc tá certa, ninguém é tão iluminado assim. Mas obrigada por me iluminar mais um pouquinho! Tb te acho o máximo!!

beijos, beijos

Deb

8 de julho de 2009 às 15:01
G. disse...

Nossa, que carta perfeita. Muitas (muitas mesmo) mulheres tem histórias semelhantes, e acabam se 'violentando' e acreditando que tudo está bem por muito tempo. Damos um jeitinho de acreditar que não somos tão romanticas assim, outro jeitinho para nos convencer q está tudo ótimo, e assim vai. Eu mesma vivo uma história que tem alguns pontos semelhantes. Adorei.
Beijão

8 de julho de 2009 às 15:33
Verônica disse...

Como sempre a Deb brillhante na arte de se fazer entender... Com a sensibilidade à flor da pele e uma alma feminina na mais genuina essência da palavra ela consegue explicar em palavras claras tudo que muitas mulheres sentem e pensam, mas que não conseguem.

Deus te abençoe sempre Bela!
Beijos meninas!!

8 de julho de 2009 às 17:22
3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

É tão mais fácil quando a gente sabe o que quer - e o que não quer mais. Mais clara que essa carta, só mergulhando num lago em Bonito.

beijos, Gio - A Solteira

8 de julho de 2009 às 18:39
Unknown disse...

Essa carta é ótima, pois acredito que muitas pessoas se moldam aos seus respectivos parceiros para fazerem o outro feliz. Porém,num relacionamento ambos precisam se moldar para serem felizes. Mas... na boa, por que, na maioria das vezes, é sempre a mulher que acaba cedendo???

Beijos

8 de julho de 2009 às 19:47
Anônimo disse...

hummmmmmm....
Se eu disser que ri em algumas partes da sua carta, vc vai entender que NÃO foi uma risada e sim sorrisos?
Tem gente que não entende a diferença entre eles.

Eu achei tão ‘mulherzinha’ a sua carta ( e também não foi no sentido ‘pejorativo’ da palavra, como alguns blogs usam).
Foi FOFA.

Sabe, infelizmente as coisas que não dizemos, as que escondemos, as que disfarçamos costumam ser as que melhor nos definem, as que mais nos importam.

São também as que mais expõe nosso verdadeiro EU e as que mais nos deixam NÚS diante do outro.

Os ‘detalhes’( tanto os que acontecem como os que não se vive) é que contam a história de uma relação ou que deixam a sensação de que podia ter sido diferente.


Ok...opinião minha, claro............rs

Beijo GRANDE,nessa mulher MAIOR ainda.
Inclusive nos seus pequenos detalhes.

9 de julho de 2009 às 01:36
Anônimo disse...

Somos peritas em nos anular em prol dos outros, né não? rs
Não escondo meu romantismo de matar diabético (rs) e deixo bem claro que gosto de tudo isso.
Mas ainda me anulo em muitas coisas.
Será que isso faz parte do DNA feminino?
Beijos, querida!

9 de julho de 2009 às 02:42
Camille Mollona disse...

Gurias....mil desculpas por nao esta escrevendo. Minha colega esta de ferias e neste mes estou trabalhando em dobro!!! Sempre q posso entrar na net...do uma passada aqui!!!

Logo volta tudo ao normal!!!

Beijosss

9 de julho de 2009 às 08:01
Anônimo disse...

Passei por isso, e tantas vezes, que até dá vergonha.
Porque a gente inventa de achar que está bom o que não está?
E porque é tão difícil dizerquando ainda há tempo?
Eu fiz uma promessa de não mais me conformar com menos. Melhor nada.
Você é demais, tem talento, é bela... enfim! Tem uma vida novinha em folha para construir.

9 de julho de 2009 às 11:45
Paula Dultra disse...

oi Deb!
Tou relapsa com as amigas, assumo! preciso parar pra reler os textos de vcs atrasados e comentar tudo!

Sobre Crepúsculo: O livro é bemm melhor q o filme. Já tou no segundo e tou amando!

bjs

9 de julho de 2009 às 12:14
Cadinho RoCo disse...

Chega a ser comum ao invés de reconhecermos nossas falhas, tratarmoas de desloca-las para o outro que foi quem povocou tudo. Mas será que foi mesmo?
Cadinho RoCo

9 de julho de 2009 às 13:27
Paulinha Costa disse...

Eu aprendi com as minhas experiências:
_ Ninguém é obrigado a ler os MEUS sinais, provavelmente eles sejam óbvios somente para mim.
_ Quando eu quero que alguém entenda algo, eu simplesmente digo, assim, com todas as letras, depois disso tenho a mais plena certeza que se fez ou não, foi por livre e expontanea vontade ou falta de.
A vida seria bem fácil se todo mundo fosse claro e transparente.
Outra coisa, muitas vezes falar por sinais é só medo, e o medo não é bom conselheiro.
Eu não finjo, não me abandono e acima de tudo respeito meus sentimentos. Não é fácil, os homens não estão preparados para ouvir certas coisas, mas, acredito que a verdade sempre liberta.
Bjsssss

9 de julho de 2009 às 17:42
Tati disse...

Andarilho, desculpa a demora, rs.
"Nestes assuntos mais sérios, se os dois realmente estiverem pensando em algo mais sério pra relação, o cara não vai fugir, até porque ele também vai querer dizer um monte de coisas. Claro que se ele estiver confuso quanto ao que quer, ou se for imaturo, vai tentar adiar a conversa."
Esta parte me deixou confusa.

Deb, será um prazer, ainda mas com o cafézinho quase de graça..kk.
Curiosidade: em Minas as padarias não cobram o café, estranho né?

10 de julho de 2009 às 09:12
Andarilho disse...

Eu quis dizer que o cara não vai querer conversar sobre assuntos sérios, ou seja, discutir a relação, se ele não quiser algo mais sério. Ou se ele não sabe o que quer.

Agora, se o cara tá investindo bem numa relação, ele vai querer discutir algumas coisas sim. Porque ele quer saber se ela também investe na relação ou se é só algo pra passar o tempo. Porque ele quer saber em que terreno pisa.

10 de julho de 2009 às 09:29
Tati disse...

Andarilho, entendi sim o seu raciocínio. Mas no casamento não existe assunto menos sério ou mais sério. Toda decisão, pequena e grande envolve os dois e terceiros. Da marca do molho de tomate a mudança de cidade, são assuntos importantes. Vc já ouviu a "Lição do miolo de pão."
É isto que acontece em muitos casamentos. O meu até agora vem dando certo porque eu não perdi a minha identidade, alías recuperei a minha identidade porque houve um tempo sim que eu só vivia para ele, mas mesmo assim não é facíl.

10 de julho de 2009 às 13:35
Silvia disse...

Dé,essa carta bem q. poderia ter sido escrita por mim para meu ex...tudo igual ! Menos o final ! Não senti raiva de mim, só um arremedo de arrependimento de não ter feito antes a virada!
Então, gata, sinta tb. neste turbilhão o orgulho de ter a coragem de ir atrás do seu melhor futuro ! Tamos aí na luta, neguinha (dentro e fora do tatame...hehhehehe)!

12 de julho de 2009 às 21:29