sábado, 11 de setembro de 2010
I´m sorry
As ruas da cidade parecem muitas vezes uma pista de boliche. Tem gente que serve para peão, outras para a bola do strike. É um tal de esbarrar nos outros que não tem limite. Falta de educação, pressa, o que seja. Tudo parece explicação, mas tem uma que chegou nos meus ouvidos outro dia que achei curiosa.
"Estes esbarrões, dizem alguns estudiosos, é vontade de calor humano". Ouvi essa em Londres, aquela cidade cheia de ingleses, sabem? Ingleses... aquelas criaturas de sotaque empolado e com um quê de esnobe-blasé; vestidos com seus cashemires, mesmo no verão. Vale andar pelas ruas e observá-los com um certo estranhamento. E razões não faltam para isso aos que tem origem latina. É o estranhamento combustível da curiosidade que está em questão.
Londrinos tem sotaque ainda mais característico e bem, mas bem longe do básico dos cursinhos de inglês das bandas de cá, que adoram aquele jeito "Pato Donald" de falar dos norte-americanos. Aquela coisa entre o vazio e o debilóide. Tem quem goste... Prefiro o acento da Rainha, mesmo que isso signifique comer feijão no café da manhã. Jamie Oliver que me perdoe mas a gastronomia não é o forte daquela ilha, pelo menos a típica. Por isso, quando se vai lá, encarar o curry é inescapável, não tem como fugir do tempero indiano. Ele chegou para ficar e dar gosto às batatas britânicas.
Ah, sim, desculpe. Estava falando dos esbarrões como calor humano. Interessante, até que faz sentido. Os esbarrões são os mesmos daqui. Só que vem acompanhados de um "I´m sorry" na sequência. Muitos são automáticos, sequer olham na sua cara, e poderiam ter sido evitados com um simples "Excuse me?" antes, que eles não dizem de jeito nenhum. Parece que querem gente pelo caminho, só para esbarrar. O campo magnético deve ser outro por aquelas bandas.
Depois de alguns dias, o tal do "I´m sorry" realmente enche o saco. Dá vontade de responder "I do not". Só que cadê cara para isso? I´m sorry, mas me desculpe não dá para recusar. Ainda mais para quem precisa de calor humano, vai que a tal teoria tem lá seu fundo de verdade?
Giovana - está solteira
7 comentários:
Aqui no Brasil, isso pode ser tentativa de assalto. I'm sorry...is the reality! Ok, we will try to see rainbow.
11 de setembro de 2010 às 02:35Kiss
Eu não tenho a menor dúvida de que as pessoas estão cada vez mais solitárias, mesmo em meio a multidões. A solidão tem sido o mal do nosso século.Lembro-me de ter visto uma reprtaem há alguns anos atrás, que dizia que as pessoas estavam pagando só para poderem se abraçar (e não tinha nenhuma conotação sexual). Isso era apenas como terapia, para aliviar s tensões da solidão. Aqui no Brasil, vemos nas filas dos bancos muitos aposentados. Será que os aposentados têm tantas contas para pagarem? Ou será que eles vivem investindo as economias? Eu acredito sim, que as pessoas estão fazendo qualquer coisa para terem um pouco de calor humano, mesmo que seja num esbarrão. Abraços
11 de setembro de 2010 às 07:55É uma teoria que eu mesmo já tinha pensado. Não só no caso dos ingleses.
11 de setembro de 2010 às 09:09I'm sorry...mas o inglês britânico e o americano têm vários sotaques distintos assim como o português brasileiro e o original, enfim preferência não se discute mas devo confessar que achei meio preconceituosa e arrogante sua colocação! Pato donald????
12 de setembro de 2010 às 13:44I'm sorry, I don't agree! hahahaha...
Quanto a se esbarrar, concordo com tudo!
beijocas,
mari.
Belo post, nunca havia parado para pensar que em uma atitude tão bruta poderia sair algo tão afetuoso, mesmo que seja algo para cobrir alguma carência. Esse mundo anda muito individualista.
13 de setembro de 2010 às 10:27bjs
Oi Gio,
14 de setembro de 2010 às 22:27Vem pra China e você vai ver o que é esbarrão. Os Chineses não tem a menor noção de espaço, e aqui não tem nem um 'duibuqi' (desculpe) de educação. Aqui nem olham pra trás.
É ter paciência mesmo.
;)
Tb nunca havia pensado nessa atitude como afeituosa como disse a colega lá emcima... mas refletindo, acho na maioria dos casos é falta de educação pelo fator pressa.
14 de setembro de 2010 às 23:52Acho que no caso dos ingleses, é que eles não devem "se aproximar como no Brasil"... seilá.
Ademais, adorei o post.
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