quinta-feira, 16 de setembro de 2010
No escurinho do cinema
Grande momento de desopilar o pensamento, a sala de cinema também é um zoológico humano. Sente-se na sua poltrona favorita, comprada horas antes e escolhida a dedo. Tela diante dos olhos na altura perfeita e sem cabeças como obstáculo, melhor impossível. Hora de curtir aqueles cinco minutinhos da galera entrando na sala, até que surgem os "outros". E que outros. Sentados ao seu lado, você espremida no meio, dois casais. Não tem como fugir. Domingo à tarde é hora de cinema a dois.
Do lado esquerdo do ringue das poltronas, temos o casal que daremos o nome de "mesa pra dois". Comedidos como início de romance gênero pé atrás, o casal mesa pra dois pega na mãozinha, conversa amenidades em voz baixa, mas não de forma suficientemente silenciosa para você ao lado não escutar; tudo involuntariamente claro. Não há beijo de luz acesa, zero risos - menos zero risadinhas - sequer um estalo de bitoca com luz apagada.
Tudo é comedido, controlado. O cabelo da moça é repartido no meio, os ombros encolhidos e as pernas sempre cruzadas. O rapaz usa camisa pólo, relógio, jeans e sapatênis. Alguma surpresa? Fica a torcida sincera de que eles sejam mestres em esconder o jogo. Quantas vezes não compramos um filme pelo trailer e ele se revela um saco depois de comprado o ingresso? O contrário também existe, esperemos...
Já do outro lado do ringue temos outro cenário. Com vocês, o casal "sofazão". Só que não é o sofazão da sexta-feira à noite. Falo do sofazão da domingueira, do refastelo das 16h, tem coisa pior que crepúsculo em dia de domingo? Casal que resiste à essa hora maldita com criatividade consegue superar qualquer problema, fica junto para sempre. Você, que tem um relacionamento, já parou para pensar o que estava fazendo no finalzinho de tarde de um domingo? Aham...
E tem uma coisa: espírito sofazão quando encosta, fica. Fazer um programinha fora de casa não resolve sozinho e o casal homônimo é prova disso. Vão para o cinema e já entram falando alto, estão em casa e com um sofazão de mais de 100 lugares. O sujeito não senta, se atira na poltrona. A namorada, de saia rodada florida e chinelinhos, estilo fofa desencanada, pousa no assento equilibrando um famigerado combo, que tem como destaque um saco de aspirador de pó cheio de pipoca; que seu querido devora igual uma draga. Ele nem respira, tampouco fala uma frase até o fim. A boca é um intermitente mastigar, como uma garagem aberta batendo a porta no chão, abre e fecha. Ali, só entram grãos de milhos eclodidos, triturados e engolidos em escala industrial.
Num primeiro momento, parecem amigos. Até a mocinha passar o pé na canela do rapaz. Ela é desencanada. Logo, tira o chinelo, passa um pé na canela do sujeito e o outro ela bota na mureta da frente. Enquanto isso, ele continua o processo de trituração do milho, também conhecido como comer pipoca se fosse feito de forma civilizada. O saco de pipoca era sua mais nova namorada. Não dava para encarar aquela comilança de frente, pois só o barulho já colocava a imaginação no limiar do nojo.
Luzes apagam-se e a mão de Deus começa a operar. Subitamente, o casal sofazão muda de lugar, levando consigo aquela vibe domingueira detestável. Ah, sim, o que houve com o casal "mesa pra dois"? Ora, nada. Calaram-se e viram o filme até o final. A audiência agradece. Leonardo de Caprio safra 30 anos no telão exige plateia atenta, sem perturbação.
Giovana - está solteira
6 comentários:
Putz, eu testo todo o meu lado zen no cinema com os casais, amigos e pessoas sofazão. Mas a pipoca + coca eu até curto. Foda é aquela gente que ainda atende o celular durante o filme e diz baixinho (ou não): "tô no cinema, não posso atender agora"
16 de setembro de 2010 às 10:46Então pq atendeu? Ora pois...
beijoo
deb
Eu fico tensa em todos os lugares onde tem mistura de gente. Devo ser metida a besta ou pedante, sei lá.
16 de setembro de 2010 às 10:52Ou então a minha santa mãezinha que me deu muita educação.
vai saber.
Eu gosto de ir ao cinema na primeira sessão da tarde, geralmente é a mais tranquila.
16 de setembro de 2010 às 14:41O pior do escurinho do cinema são os adolescentes.
16 de setembro de 2010 às 14:54Eles sempre estão em bando e a fim de tudo, menos assistir ao filme em silêncio!
P.S: concordo com Leonardo Di Capri safra 30 anos. O moço estta imperdível
Estou com o andarilho, se tiver alguma sessão as 11h00 da manhã tô dentro! Quanto mais cedo melhor, prefiro ficar no meio dos velhinhos educados rs
17 de setembro de 2010 às 09:50bjs
Humm cinema para ficar de "vela", melhor ir na sessão vazia. Fazia isso qndo solteira rsrs
17 de setembro de 2010 às 23:12Postar um comentário