quinta-feira, 22 de julho de 2010
'Minha ex está namorando'
Não faz muito tempo, nosso leitor Fernando (nome fictício), de 34 anos, administrador de empresas, morador da muy linda capital baiana, Salvador, escreveu para nós contando que estava se sentindo mal por saber que a sua ex-mulher, de quem ele se separou em agosto do ano passado, após cinco anos de casamento, estava namorando.
Fernando mantém uma boa relação com a ex. E inclusive já tem um novo relacionamento também, mas não nega que ficou baqueado quando soube que ela estava em outra. Ao ler isso, não perdi tempo e propus a ele uma entrevista sobre o assunto, para a gente entender melhor essa história: até que ponto eles se sentem nossos donos após o fim? Abaixo, Fernando responde. Mas, antes disso, eu agradeço super a gentileza de ter atendido o nosso pedido. E de ser nosso leitor. A gente ADORA quando os meninos abrem o coração aqui.
Beijos e boa sorte com tudo,
Isabela – A Divorciada
Como você ficou sabendo que a sua ex estava namorando?
Batíamos papo no MSN. Ela sabia que eu estava com uma pessoa e eu que ela ainda estava só. Um dia, ela começou a falar, contar dois casos de pessoas que estavam dando em cima dela. E eu escutando atentamente. Fiquei meio nervoso, mas me mostrei imparcial, mesmo porque as duas pessoas eram casadas e eu conheço muito bem a mulher com a qual casei. Sabia que eles não tinham a menor chance. O que fez meu coração se acalmar!
Uma semana, depois ela me disse que ia sair com o pessoal do trabalho para uma festa com o grupo Asa de Águia (ela detestava esse tipo de festa quando estava casada comigo). Na segunda, nos falamos pelo MSN. Eu estava com um pressentimento de que alguma coisa ia acontecer.
Aí ela começou a dizer que a festa foi legal, que ela tomou uma cervejinhas, que tinha ate ficado “altinha” (coisa que quando estava comigo não fazia também) e que tinha encontrado por acaso um aluno (ela é professora) e que ele tinha passado a festa toda conversando com ela. No final, rolou um beijo. Segundo ela, não ia ser nada sério porque ele era muito mais novo. A culpa foi da cervejinha!!!
Nessa época eu a acompanhava no Twitter e via alguns sinais de que eles iam jantar, ao cinema. Um tempo depois, ela assumiu o namoro e eu não a acompanho mais desde então.
Como reagiu diante da notícia? Como se sentiu?
Na hora meu coração parou, a boca secou e eu pensei: putz, fudeu! Perdi a minha mulher para sempre... Ela vai se apaixonar e eu nunca mais vou ter uma chance de novo. Mas respirei fundo e escrevi para ela que estava feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por ela ter voltado a viver a vida dela, que ela estava se recuperando de mais de dois anos de depressão e que isso me deixava extremamente feliz. E estava triste porque sou ex-marido e agora ela está com outra pessoa. Mas que a respeitava muito. Dei força para ela assumir, tentar, independentemente da idade dele.
Não sei o que de fato ocorreu: não senti ciúmes, acho mesmo que senti medo de perdê-la mais rápido do que já estava perdendo, ou de admitir para mim mesmo que já havia perdido. Não era ciúme e sim medo da verdade.
Ficou pensando no assunto depois?
Claro que fiquei, não tem como não pensar a respeito. Ficava imaginando o que podia ter feito de diferente, o que podia ter feito a mais, fiquei pensando no que fazer para reverter a situação, onde foi que eu errei. Mas fiquei só no pensamento. Não tinha como voltar no tempo e desfazer o que já estava feito. E era impossível naquele momento fazer um novo começo. Ela já estava muito magoada comigo.
É verdade que os divorciados, por um bom tempo, se sentem meio donos da ex? Por que?
Se é verdade eu não sei. Até acredito que sim. A idéia de posse é intrínseca a todos nós. É normal, é compreensível quando existe ou existiu amor, carinho na relação. Eu acho aceitável, não sendo patológico, é claro. Mas nunca me senti dono, nunca quis controlar os passos nem a vida de ninguém.
Acha que as mulheres são assim também? Como a sua ex reagiu quando você começou a namorar?
Acho que todos são assim, esse sentimento de posse existe. Mas eu e minha ex pensamos diferente. Quando ela soube respeitou. Ficou bem chateada por ser alguém que fez parte do nosso convívio no final do nosso relacionamento. Mas nunca me disse nada que desrespeitasse a mim ou a pessoa que está ao meu lado hoje. Ela é muito inteligente e sabe que brigar não vale a pena.
Dá para ser amigo da ex? Como você conseguiu isso?
Dá sim. Tenho certeza de que nos tornaremos amigos. Mas para isso precisamos superar algumas coisas. Não tem fórmula e não tem tempo pré-determinado. Mas nos conhecendo e sabendo o bem que queremos um para o outro, sei que de fato isso no fim vai acontecer.
O nosso casamento não acabou por traição, brigas, desentendimento. Até existiram brigas e desentendimentos, mas a motivação foi outra. Ela passou por um longo processo de depressão e fomos nos afastando lentamente. Quando acordamos para a situação já estávamos morando em estados diferentes. Já não nos entendíamos e não conseguíamos nos comunicar. Passamos meses sem diálogo, sem troca de carinho. Não existe um culpado. O que fica para mim de lição é que não podemos descuidar um só minuto da pessoa que amamos.
Fernando mantém uma boa relação com a ex. E inclusive já tem um novo relacionamento também, mas não nega que ficou baqueado quando soube que ela estava em outra. Ao ler isso, não perdi tempo e propus a ele uma entrevista sobre o assunto, para a gente entender melhor essa história: até que ponto eles se sentem nossos donos após o fim? Abaixo, Fernando responde. Mas, antes disso, eu agradeço super a gentileza de ter atendido o nosso pedido. E de ser nosso leitor. A gente ADORA quando os meninos abrem o coração aqui.
Beijos e boa sorte com tudo,
Isabela – A Divorciada
Como você ficou sabendo que a sua ex estava namorando?
Batíamos papo no MSN. Ela sabia que eu estava com uma pessoa e eu que ela ainda estava só. Um dia, ela começou a falar, contar dois casos de pessoas que estavam dando em cima dela. E eu escutando atentamente. Fiquei meio nervoso, mas me mostrei imparcial, mesmo porque as duas pessoas eram casadas e eu conheço muito bem a mulher com a qual casei. Sabia que eles não tinham a menor chance. O que fez meu coração se acalmar!
Uma semana, depois ela me disse que ia sair com o pessoal do trabalho para uma festa com o grupo Asa de Águia (ela detestava esse tipo de festa quando estava casada comigo). Na segunda, nos falamos pelo MSN. Eu estava com um pressentimento de que alguma coisa ia acontecer.
Aí ela começou a dizer que a festa foi legal, que ela tomou uma cervejinhas, que tinha ate ficado “altinha” (coisa que quando estava comigo não fazia também) e que tinha encontrado por acaso um aluno (ela é professora) e que ele tinha passado a festa toda conversando com ela. No final, rolou um beijo. Segundo ela, não ia ser nada sério porque ele era muito mais novo. A culpa foi da cervejinha!!!
Nessa época eu a acompanhava no Twitter e via alguns sinais de que eles iam jantar, ao cinema. Um tempo depois, ela assumiu o namoro e eu não a acompanho mais desde então.
Como reagiu diante da notícia? Como se sentiu?
Na hora meu coração parou, a boca secou e eu pensei: putz, fudeu! Perdi a minha mulher para sempre... Ela vai se apaixonar e eu nunca mais vou ter uma chance de novo. Mas respirei fundo e escrevi para ela que estava feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por ela ter voltado a viver a vida dela, que ela estava se recuperando de mais de dois anos de depressão e que isso me deixava extremamente feliz. E estava triste porque sou ex-marido e agora ela está com outra pessoa. Mas que a respeitava muito. Dei força para ela assumir, tentar, independentemente da idade dele.
Não sei o que de fato ocorreu: não senti ciúmes, acho mesmo que senti medo de perdê-la mais rápido do que já estava perdendo, ou de admitir para mim mesmo que já havia perdido. Não era ciúme e sim medo da verdade.
Ficou pensando no assunto depois?
Claro que fiquei, não tem como não pensar a respeito. Ficava imaginando o que podia ter feito de diferente, o que podia ter feito a mais, fiquei pensando no que fazer para reverter a situação, onde foi que eu errei. Mas fiquei só no pensamento. Não tinha como voltar no tempo e desfazer o que já estava feito. E era impossível naquele momento fazer um novo começo. Ela já estava muito magoada comigo.
É verdade que os divorciados, por um bom tempo, se sentem meio donos da ex? Por que?
Se é verdade eu não sei. Até acredito que sim. A idéia de posse é intrínseca a todos nós. É normal, é compreensível quando existe ou existiu amor, carinho na relação. Eu acho aceitável, não sendo patológico, é claro. Mas nunca me senti dono, nunca quis controlar os passos nem a vida de ninguém.
Acha que as mulheres são assim também? Como a sua ex reagiu quando você começou a namorar?
Acho que todos são assim, esse sentimento de posse existe. Mas eu e minha ex pensamos diferente. Quando ela soube respeitou. Ficou bem chateada por ser alguém que fez parte do nosso convívio no final do nosso relacionamento. Mas nunca me disse nada que desrespeitasse a mim ou a pessoa que está ao meu lado hoje. Ela é muito inteligente e sabe que brigar não vale a pena.
Dá para ser amigo da ex? Como você conseguiu isso?
Dá sim. Tenho certeza de que nos tornaremos amigos. Mas para isso precisamos superar algumas coisas. Não tem fórmula e não tem tempo pré-determinado. Mas nos conhecendo e sabendo o bem que queremos um para o outro, sei que de fato isso no fim vai acontecer.
O nosso casamento não acabou por traição, brigas, desentendimento. Até existiram brigas e desentendimentos, mas a motivação foi outra. Ela passou por um longo processo de depressão e fomos nos afastando lentamente. Quando acordamos para a situação já estávamos morando em estados diferentes. Já não nos entendíamos e não conseguíamos nos comunicar. Passamos meses sem diálogo, sem troca de carinho. Não existe um culpado. O que fica para mim de lição é que não podemos descuidar um só minuto da pessoa que amamos.
14 comentários:
Engraçado, escrevi hoje sobre a dificuldade que temos de "desligar" das relações antigas... O que eu chamo de "armadilhas da fada das figurinhas amorosas repetidas". Sempre achamos que a pessoa estará ali, aguardando o momento em que decidiremos "tentar de novo"!! E ISSO INDEPENDE DE GÊNERO! Adorei a sinceridade! Parabéns pelo post!Beijocas!
22 de julho de 2010 às 00:18A-do-rei este post!! Sinceramente, Bela, sua criatividade não tem limites...
22 de julho de 2010 às 00:45Bem, voltando ao post, amei a frase: "O que fica para mim de lição é que não podemos descuidar um só minuto da pessoa que amamos". Verdade. E diz tudo.
Bjs
Lu
http://decoresalteado10.blogspot.com/
e eu escrevi sobre Rituais de Passagem... acho que hoje estes blogs estão bem emocionais. Gosto!
22 de julho de 2010 às 08:57E quanto a este post, gostei muito e concordo que não dá para descuidar de quem amamos. Esta vida é muito doida mesmo!
Beijo
Kézia
http://www.acidasedoces.blogspot.com/
Oi Bela,
22 de julho de 2010 às 09:23como sempre ADOREI o texto, afinal quem não passou por isso?!
Bem, concordo com o rapaz que a 'posse' é algo do ser humano, querendo ou não, e isso é bastante complicado quando se trata da vida a dois. E quando o outro se apaixona novamente, aí sim, a gente sente que perdeu. Entendo plenamente a situação.
bjs
Eu passei exatamente pela mesma coisa, até porque sou muito amiga do meu ex. Sempre rola um sentimento estranho quando percebemos que definitivamente a relação acabou, mas não acho que é posse não. Acho que é a definição total do fim que nos mata! Eu costumo comparar com um velório... a parte mais difícil é o enterro propriamente dito, pq aquilo ali sela a morte definitiva. Acho que é bem por aí a coisa! Muito bom o texto!
22 de julho de 2010 às 09:40É pq a gente tem sempre a esperança boba (e a arrogância) de pensar que um dia, a(o) outra(o) vai se arrepender e voltar implorando.
22 de julho de 2010 às 09:42Bela, curioso esse post hoje, tava refletindo nesse assunto ontem!!!
22 de julho de 2010 às 10:23Amei a ultima frase dele... sabe, a ex do meu namorado acredtita que eles sao feitos um para o outro, e isso encomoda bastante.
Lindo post.
bjos
Fernando é super sensato, e um homem raro...admite o baque mesmo ele já namorando.
22 de julho de 2010 às 12:29Lília, também penso que é mesmo como a morte. E que enquanto a gente não enterra de vez, o fantasma fica rodeando...
Muy oportuno esse post, Belita...
bjs
dé
Oi Fernando, oi Gente,
22 de julho de 2010 às 14:42Sabe o que eu achei interessante tb? Ele citar as coisas que ela não fazia quando estava casada e agora faz, como ir a festas com banda de axé e beber cerveja. Conheço tantas mulheres que se espantam com o comportamento dos ex após o divórcio....Gente é a mesma coisa, né? Sempre pensei que, nós, mulheres, mudávamos menos de comportamento.
Gostei dessas observações.
Mais uma vez, obrigada pelo texto, Fernando. Seja bem-vindo ao nosso bloguinho.
Beijos,
Bela - La Divorciada
Bela,
22 de julho de 2010 às 16:21Parabéns mais uma vez pela forma com a qual abordou a minha historia!
Procuro palavras para agradecer, mas não as encontro.
Espero sinceramente que a minha história sirva, pelo menos, de alerta para as pessoas que amam e são amadas. Vamos ser mais comprometidos e atentos aos nossos.
Aprendi da forma mais dura. Ficou a lição!
Um beijo grande
Bola pra frente..
22 de julho de 2010 às 18:30nao é possivel desligar entao pelo menos tira as pilhas uma hora cansa..
bjs
Insana
Ouvi algo hoje que gostei "ninguém é de ninguém". È fato, mas vai explicar isso para o senhor Ciúme, que é tão irracional. Não dá! Mesmo quem decide cair fora de um relacionamento pode cair na tentação de ficar enciumado com a próxima escolha do ex-parceiro. Mas a gente precisa largar o osso e deixar as pessoas viverem. Fico pensando que se meu pai, que se separou da minha mãe após cinco anos de casado, tivesse deixado de ficar falando com ela, de dar esperanças a ela de que um dia voltaria, hoje, aos 53 anos, ela poderia estar em outra. Poderia ter encontrado outro amor. Mas o ciúme e o egoísmo dele a paralisaram. Pena. É preciso saber virar a página e fechar o livro, quando se termina de lê-lo. Espero que Fernando aprenda com tudo isso.
23 de julho de 2010 às 00:24Beijos,
Irma
Bela, adorei, vc é demais, ficou muito legal a entrevista, parabéns. A sinceridade do Fernando tb foi nota 10. Bjs, sandra.
24 de julho de 2010 às 20:31Nossa... certamente este post reflete um sentimento que inúmeras pessoas já sentiram ao longo da vida. Adorei a sinceridade do Fernando e a idéia do post. Parabéns!
28 de julho de 2010 às 07:18Postar um comentário