terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Esperando o abraço perfeito

Me permitam um contraponto ao post da Bela, Esperando o homem perfeito. Terminei a leitura de um livro, desses que caem em nossas mãos na hora certa, e passei a entender melhor a mim mesma e a muitas amigas minhas. Segundo a autora do livro “Diferentes formas de amar”, a psicóloga argentina Susana Balán, as mulheres nascidas nos anos 70 (nós, trintonas!) somos, salvo exceções, filhas de mulheres que descobriram o mundo do poder ao explorarem o universo profissional. Elas, por sua vez, são filhas de mulheres que se anularam em nome da família. E nós, somos resultado disso tudo.

Assim sendo, somos complexas e confusas afetivamente. Tememos ser só más ou só boas, tememos parecer fracas quando dizemos “te amo”, mas morremos de medo de nunca dizer “te amo” de verdade. E esperamos nada mais nada menos que um amor que seja verdadeiro, inteiro e cujo abraço seja aquele que se encaixa nos nossos braços. Essas mulheres, que Susana chama de “sincréticas afetivas”, buscam sim um amor para toda a vida, mas se esse amor virar algo burocrático e tedioso, não temem dispensá-lo. Essas mulheres querem alguém que dance com elas. Não querem admirar ou ser admiradas. Querem um homem que seja protagonista com elas. Não buscam o pai perfeito dos filhos, o príncipe encantado padrão-global de beleza ou o poderoso. Mas tampouco se conformam com qualquer sapinho gentil. Não mendigam amor.

O problema, segundo Susana, é que até entenderem isso e até se entenderem como complexas, as sincréticas afetivas vivem os “amores partidos”, “amores inconvenientes”, entre outros. Os “partidos” são aqueles um tanto pela metade, no qual há desequilíbrio, quando só um ama ou quando só um se esforça para dar certo. É o famoso “não tem tu, vai tu mesmo”. O famoso amor do medo de ficar sozinha. Já os amores inconvenientes são aqueles que elas sabem que não vai dar certo – ou porque o homem é casado, drogado, alcoólatra, desempregado convicto e outros do gênero. Nesse tipo de amor, a sincrética afetiva se entrega. Se apaixona e ama sem medo de temer parecer fraca porque sabe que é um amor que acaba logo.

Quando as sincréticas afetivas finalmente se entendem e percebem que tudo bem ser assim, param de buscar o “homem perfeito”. Mas não param de buscar o abraço perfeito – perfeito para elas. No geral, de acordo com a autora, elas encontram esse abraço nos homens que também são sincréticos afetivos. Susana diz que muitos homens da nossa geração também são assim. Só que disfarçam porque foram criados para ser aquilo que se espera de um homem: socialmente forte. E homem que busca “abraço perfeito” não se mostra forte. Então, queridas amigas, eles estão por aí disfarçados de fortes, mas também sedentos pelo abraço perfeito.

Queria colocar aqui uma frase linda de um dos personagens do livro ouvido pela psicóloga. Mas como esse post já ficou deveras grande, deixo esse adendo para o “Esperando o abraço perfeito – parte II”. Termino apenas dizendo que a autora compara esse amor que as sincréticas afetivas buscam com o tango. O nome do livro em espanhol, aliás, é “El abrazo preciso – dos para el tango”.

Débora - A Descasada

13 comentários:

Andarilho disse...

Eu ainda estou tentando entender o que é o abraço perfeito pra mim.

2 de fevereiro de 2010 às 09:18
SIL...Jasmim Flor ... disse...

A verdade é que demoramos muito a entender o que somos e porque somos assim, eu levei 46 anos para descobrir que sou uma sincrética afetiva, tenho muito daquela mulher que vive em nome da família e que se anula por ela; mas também tenho muito da mulher ativa, liberal que trabalha, que estuda que vai a luta. Não é fácil conviver com essa dualidade.
Na vida emocional os conflitos e a eterna insatisfação não na busca pelo homem perfeito mas sim pelo abraço perfeito para os meus braços.

2 de fevereiro de 2010 às 09:28
Anônimo disse...

eu não espero não. Porque perfeito é um momento, é que nem felicidade.

2 de fevereiro de 2010 às 09:52
.Olívia T. disse...

Eu sou da geração depois dessa geração...acho que sou mais deficiente ainda...

Enfim... estou à procura do abraço perfeito, mas sem pressa...

Mulherpolvo, permita-me acrescentar uma frase sobre a sua colocação:

Eu também não acredito que exista homem perfeito. E sobre a felicidade eu tenho alog a dizer:

- FELICIDADE NÃO EXISTE. O QUE EXISTE NA VIDA SÃO MOMENTOS FELIZES.

É o mesmo que acontece com os homens, as mulheres, os cachorros, os papagaios, etc...

Bjoss...

.Olívia.

2 de fevereiro de 2010 às 12:12
3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Profundo isso, não? Mas faz sentido, somos sincréticas mesmo.

Que venham todos os abraços perfeitos que a gente merece.

Beijão,

Bela - La Divorciada

2 de fevereiro de 2010 às 14:23
Nina disse...

É, precisa dois para o tango...

Adorei o texto, viu?
Mas Deb, e quando a gente encontra um cara normal, legal, os abraços se encaixam... E... o sujeito surtaaaaa!
Rs, vc sabe do que eu estou falando!

O outro é sempre o imponderável.

beijo!

2 de fevereiro de 2010 às 15:34
Cris disse...

Show de bola esse texto Deb. Adorei mesmo. Somos bem assim mesmo, mas é possível encontrar o abraço perfeito. Vou ter que ler esse livro.
Parabéns,
Beijos
Cris

2 de fevereiro de 2010 às 17:16
Johnny na Babilônia disse...

Deb, este seu post é, literalmente, FODÁSTICO!!!

Parabéns!

beijoss

2 de fevereiro de 2010 às 18:12
Patrícia Costa disse...

Adorei o texto!

Eu também estou esperando o abraço perfeito.

2 de fevereiro de 2010 às 23:21
Decor e salteado disse...

Eu quero um abraço perfeito - pronto, falei!! Mas, claro, o dono dos braços que rende um abraço assim não pode surtar, como disse a Nina... senão a perfeição vai mesmo por água abaixo!


Bjs, meninas!

3 de fevereiro de 2010 às 00:33
SAL disse...

Abraços perfeitos a serem dados... abraços perfeitos a serem recebidos!

A gente se cobra muito em ser perfeita em muitas coisas mesmo ne?! Tem q até abraçar perfeitamente... dar a segurança, sentir a firmeza, não deixar vacuo... Tudo isso é meio complexo, parece que tem q ser medido, calculado... senão a perfeição vai embora!

Muito complexo, mas muito real!

Real, como mulheres sincréticas como nós!

bjo

3 de fevereiro de 2010 às 10:29
Dione disse...

Abraço perfeito... ADOOOORO!!!Paseei para deixar um beijinho`, meninas...
P.S. Com relação ao post anterior também prefiro meu cérebro! Se bem que... kkkkkkkkk
Beijo!

3 de fevereiro de 2010 às 11:46
Katarina disse...

Ei Débora,
existem homens e HOMENS...
isso é outra história! haha
bjos
katarina

5 de fevereiro de 2010 às 11:26