quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Não sob o mesmo teto
Um comentário da nossa queridíssima leitora Nina no post Esperando o homem perfeito me fez pensar sobre um ponto além de como escolhemos os nossos pares. Ou melhor, me fez refletir sobre o que devemos fazer com eles: casar ou não casar, eis a questão. Segundo Nina, com quem eu concordo plenamente, existem vários arranjos possíveis no campo amoroso, sendo o casamento apenas um deles. É verdade, a vida pode sim ser uma delícia se a gente namora eternamente, cada um no seu espaço, com a sua casa, as suas coisas, o seu mundo em paralelo à rotina comum. Como costuma dizer a minha amiga Erilene, não existe nada melhor do que namorar. Mas, como isso se dá na prática? Vocês conhecem experiências bacanas assim?
Lembro da história da filha de uma senhora que fazia espanhol comigo no Recife. Uma mulher que namorava há 18 anos o mesmo cara e tinha com ele uma relação de casada, mas sem morar junto. Um namoro longevo, digamos assim. E feliz. Lembro que esse relato me chamou muito a atenção, mas também me deixou curiosa: nunca deu vontade de dividir o mesmo teto? E se eles quisessem comprar uma TV de plasma, daquelas lindonas, para ver filmes juntos, onde ia ficar? Não dá trabalho dividir as roupas entre a casa dela e a dele? E se ela acordasse com vontade de usar aquela saia roxa com o sapato vermelho, sendo que esse ficou na outra residência? Será que, em nenhum momento da relação, nenhuma das partes fez cobranças a respeito?
Não reparem que eu sonhe com uma vida a dois que inclua um endereço apenas. A felicidade vem de vários jeitos, eu sei. E tenho toda a admiração pelos espíritos livres que sabem amar acima de qualquer convenção. Só queria entender melhor como funciona. Vocês me explicam?
Beijão e um ótimo final de semana para todo mundo,
Isabela - A Divorciada
Lembro da história da filha de uma senhora que fazia espanhol comigo no Recife. Uma mulher que namorava há 18 anos o mesmo cara e tinha com ele uma relação de casada, mas sem morar junto. Um namoro longevo, digamos assim. E feliz. Lembro que esse relato me chamou muito a atenção, mas também me deixou curiosa: nunca deu vontade de dividir o mesmo teto? E se eles quisessem comprar uma TV de plasma, daquelas lindonas, para ver filmes juntos, onde ia ficar? Não dá trabalho dividir as roupas entre a casa dela e a dele? E se ela acordasse com vontade de usar aquela saia roxa com o sapato vermelho, sendo que esse ficou na outra residência? Será que, em nenhum momento da relação, nenhuma das partes fez cobranças a respeito?
Não reparem que eu sonhe com uma vida a dois que inclua um endereço apenas. A felicidade vem de vários jeitos, eu sei. E tenho toda a admiração pelos espíritos livres que sabem amar acima de qualquer convenção. Só queria entender melhor como funciona. Vocês me explicam?
Beijão e um ótimo final de semana para todo mundo,
Isabela - A Divorciada
13 comentários:
Eu também tenho essa curiosidade, porém moro com a mesma pessoa a 22 anos, mas tem horas que eu gostaria de viver uma relação do tipo cada um na sua casa, somos mesmo umas eternas insatisfeitas.
5 de fevereiro de 2010 às 00:54Só que namorar é muito bom e uma certa distancia a vezes ajuda a manter acesa a chama por um tempo maior, além de criar aquele clima de expectativa que não acontece quando se vive na mesma casa.
Tudo na vida tem os dois lados, basta a nós escolhermos qual queremos.
Bjos meninas.
Oi, Bela, querida!
5 de fevereiro de 2010 às 07:16Obrigada pela citação! Achei muito chique, adorei!
Ontem mesmo eu escrevi um e-mail a esse respeito, acredita? Eu quis dizer que não tenho projetos pré-concebidos no que diz respeito a relacionamentos. São dois quereres que tem que se encontrar, o meu e o do outro. Portanto, a priori, não penso em casar/não casar, morar junto/morar separado, nos vermos todos os dias/nos vermos de vez em quando...
Relações são feitas a dois, com espaço para caber os sonhos e projetos de ambos.
É isso!
Beijo grande!
(... continuando o comentário anterior...)
5 de fevereiro de 2010 às 08:09No texto da Deb sobre o "abraço perfeito", há a declaração de um francês que diz exatamente o que eu espero de um relacionamento. Eu não diria melhor, por isso, transcrevo aqui:
"“(...) um jogo de adultos, entre adultos, em um terreno bem diferente, em outra escala temporal, uma de tempo contínuo em lugar de estático. Um jogo a construir, um jogo profundo entre gente disposta a reconhecer-se entre si, a aventurar-se, a desnudar as almas, a experimentar viver a fundo. Um jogo maravilhoso, único. Difícil encontrar a contrapartida. Muitos nunca a encontram. Encontram substitutos. Personagens semelhantes, mas sem gosto nem sabor.”"
É bem como eu penso. Uma relação está sempre em construção, e leva sempre o outro em consideração. Ou deveria... Pois na verdade é "difícil encontrar a contrapartida". Mas eu não desisti de tentar.
Beijo de novo!
Bela,
5 de fevereiro de 2010 às 09:01Minha mãe está num relacionamento assim, e eu pergunto a ela se não tem vontade de viver junto. Ela sempre responde que está ótimo assim!
Vai entender né?! Vai ver que ela ficou tão traumatizada que quer conhecer melhor seu PAR.
Acho linda essa maturidade que as pessoas adquirem com as experiências da vida.
Um beijão Bela.
.Olívia.
Gente, voto pelo casamento entre "vizinhos" ou pelo imóvel com quartos separados para o casal. Nossa geração nasceu e cresceu individualista demais. Para um relacionamento se manter longevo, nada como conservarmo-nos individuais, sem muita simbiose.
5 de fevereiro de 2010 às 10:22http://tribunadacoala.blogspot.com/2010/01/breve-historia-sobre-meu-sono-na-vida.html
bjs
Também queria um depoimento sobre isso. No geral, vejo mulheres que já foram casadas optarem por esse tipo de arranjo no segundo casamento. Já ouvi isso de várias mulheres mais velhas: "agora só quero namorar".
5 de fevereiro de 2010 às 11:02Mas eu confesso que acho estranho. Apesar de todo o desgaste que o viver junto gera, acho delicioso esse processo de construção da vida a dois sob o mesmo teto.
Acredito nele! =)
beijocaaa
deborocaaa
Amei esse post, justamente pq tenho pensado mto nisso. Tenho 30 e meu namorado 32, namoramos há 1 ano e somos completamente indidualistas, sempre falamos sobre namorarmos para sempre, morarmos no mesmo bairro, em casas separadas, com ctz a expectativa do encontro deve ser sempre boa, mas fico pensando em como será quando chegarem os filhos.
5 de fevereiro de 2010 às 14:38Enfim, é bem complicado, de qq maneira, como nunca morei com um homem, ainda tenho esse sonho, mesmo achando que o melhor jeito é cd um numa casa, mantenho o sonho de viver sob o mesmo tempo, preciso experimentar isso! Talvez morar na mesma casa e com quartos separados seja uma boa.
Acredito "sob o mesmo teto" e tento compreender as outras maneiras... mas estou entre casar e não casar também, rsrss. Parece que o segundo casamento é melhor. Um amigo me disse isso. Minha mãe está no segundo casamento e é mil vezes melhor. Eu inclusive gosto mais do meu padastro. O curioso é que eles não conseguem dormir sem o outro. Quando isso acontece, que é coisa rara, na noite seguinte parecem explodir de emoção. Muito legal. Acho que é a questão mesmo de amadurecimento, reconhecer o que é mesmo importante, e como Bela falou, coincidirem os objetivos de vida. Beijos meninas.
5 de fevereiro de 2010 às 16:19Essa ideia de eternos namorados me soa mais boa do que ruim. Como tudo, é botar na balança e pesar os prós e os contras, caso a caso.
5 de fevereiro de 2010 às 21:14beijos, Gio
Acho que se deve tenatar e viver junto, construir junto, tendo na mente que o outro é outro, e nem sempre corresponderá aos nossos desejos.
5 de fevereiro de 2010 às 21:15Evitar o fim de uma relação morando separadamente, deixando assim de compartilhar bons momentos juntos é uma maneira estranha e egoíta( um tanto) de quem acha que já viveu tudo.Não falo isso por ter um 'bem' hoje. Sempre pensei assim.
Um abraço.
Adoro esse blog...
inté
Bela, este teu post é muito instigador e me fez pensar, novamente, sobre aqueles assuntos que costumávamos conversar: casamento, filhos, sociedade, regras, convenções, etc.!
7 de fevereiro de 2010 às 20:31Tks!
Beijos,
Johnny
Oi Meninas, sou a mãe do Johnny. Vivi com o pai dele 19 anos. Hoje cada um tem sua casa e gosto das duas. Mais da minha mas gosto da dele também. E com isto a vida ficou melhor. Para chegar neste ponto sofremos um pouco.
7 de fevereiro de 2010 às 20:48Citando Drummond....q. é sábio, eu depois de muuuuitos namoros eu um casamento, prefiro o 1o....Quem não tem namorado é alguém que tirou férias de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil
9 de fevereiro de 2010 às 09:51porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, de lágrima, nuvem,
quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiriu, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado
mesmo, é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a
gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida, ou
bandoleira; basta um olhar de compreensão ou mesmo aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três
pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, e dois amantes, mesmo assim não pode ter namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de
padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de
virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a
infelicidade. Namorar é fazer pactos de amor com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível
de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme;
de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico
Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de
viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete
interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do
outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não
redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton
Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos,
quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a
infelicidade. Namorar é fazer pactos de amor com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível
de durar.
Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado
quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de
repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado
quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem
esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem
namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de
grilo e medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com
margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado,
saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem
passe debaixo de sua janela.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse
repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a
dizer frases sutis e palavras de galantearia. Se você não tem namorado porque ainda não enlouqueceu aquele
pouquinho necessário a fazer a vida passar e de repente parecer que tudo faz sentido:
Enlou-cresça
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