quarta-feira, 26 de maio de 2010
Criaturas estranhas: mitômanos
Tenho um tremendo cuidado com os mitômanos, e isso nada tem a ver com plantas ou qualquer algum ser vivo misterioso do gênero elo perdido. Mitômanos são criaturas como nós; apenas com uma característica um tanto perversa: bem lá no fundo, sabem que é mentira o que dizem embora insistam; é tudo verdade!
Com uma tremenda vontade de tornar seus desejos realidade, o mitômano esforça-se para ser o primeiro a crer piamente no que fala e nos valores que defende. E olha que eles são bons nisso. Em acreditar no que não são.
Toda a solteira que se preza - casadas e divorciadas também fazem parte do pacote - já devem ter cruzado com um mitômano na vida. Claro que alguns chegam a ser engraçados de tão inofensivos. Captamos a mentira só de olhar para o sujeito. Outros contém doses cavalares de crueldade. Quando a verdade chega, é um tapa na alma e no coração.
Porém, ao revirar alguns arquivos, os exemplos mais cruéis de mitômanos que encontrei são justo mulheres. Antes que alguém se levante em prol da ala feminina, sugiro ler o post até o final. Isto é apenas uma constatação baseada em experiência própria. Dos exemplos que já presenciei, as mulheres foram as mais "profissionais" na arte da mitomania.
Acredito que isso tenha sido uma infeliz coincidência adicionada ao fato de que nós, raramente, brincamos em serviço. E isso vale para qualquer coisa. Mulheres cobram-se pela excelência em tudo que fazem, e olha que é absolutamente qualquer tarefa ao mesmo tempo agora. Somos multi-facetadas e queremos a perfeição de cálculo e métrica deles, dos homens, mestres da lógica pelo simples fato de só conseguirem fazer uma coisa de cada vez. O lado bom disso para o time masculino é que eles, pelo visto, se estressam bastante; só que bem menos que a gente.
As mitômanas com quem já cruzei por aí constroem seu castelo de mentiras com detalhismo diabólico. Sabem escolher com quem se relacionar, por quais empregos lutar, as palavras certas para cada ocasião. Não perdem uma batalha à primeira vista, já ganhar a guerra.... Observam, categorizam, determinam, acreditam na utopia que criaram para si e, quando seguras, partem para o ataque. Aí, é um salve-se quem puder. Quanto mais tempo num lugar, mais estragos virão. Ter mitômanos e mitômanas por perto é, com o perdão da palavra, uma bucha só viável para os de sangue frio.
O mais curioso é que a máxima de que castelo de areia não fica em pé é tiro e queda para essas criaturas. A derrubada do pedestal sempre acontece por uma precipitação da hora de fazer e acontecer, e o resto que se exploda. E isso vem em forma de um comentário infeliz, de um ato de deslumbramento, daquela atitude de usar o que não é seu como auto-promoção. Ou de um pré-julgamento, sempre decidido às pressas, sobre os outros. Nada como rotular as pessoas depois de 1 hora de reunião. Assim, é moleza! Só que, cedo ou tarde, o teatro desaba. O mitômano põe os pés pelas mãos, se enrola na própria língua, toma as decisões erradas, em miúdos, mostra quem é, fica nu no palco.
Depois disso, é só uma questão de tempo para ele (ou ela) decidir por conta própria incomodar outra vizinhança. Ou alguém mais acima na relação, seja ela qual for, decidir que mitômanos por ali, nem pensar. A segunda opção nos dá um tremendo senso de justiça. No final das contas, é bom até para o mitômano ou mitômana que, assim, poderá encontrar a sua turma e ser feliz enganando a si mesmo.
Giovana - está solteira
7 comentários:
A existência dessas criaturas é uma das piores realidades.
26 de maio de 2010 às 09:36Gostei do termo. E acho que é verdade, entre esses seres, os do sexo feminino predominam.
26 de maio de 2010 às 09:44Oi Andarilho,
26 de maio de 2010 às 09:58tudo bem? Não disse que os do sexo feminino predominam como regra geral... Mas, sim, que os exemplos mais assustadores que já vi eram mulheres.
Isto é tão somente uma constatação pessoal, não uma regra. Beijos, Gio
Oi Giovana!
26 de maio de 2010 às 10:24Bem, o texto ficou ótimo, mas, analisando assim, realmente criatuas assustadoras kkkkk
E realmente, tem dos dois lados!
Muito legal a interpretação dessas criaturas! bjs
acho que já estamos bem vacinados contra mitômanos, né Gio? Frequentávamos quase um zoológico só com estes espécimes.
26 de maio de 2010 às 21:16Tenho uma amiga muito íntima assim. Eu sempre fui muito, mas muito crédula mesmo, e me enganar sempre foi das coisas mais fáceis, porque como dizia meu esposo, minha ingenuidade é patológica. Então imagine o quadro: uma mitômana e uma ingênua patológica. Um desastre! Ela me contava as coisas mais absurdas e eu acreditava sinceramente. Cheguei a ficar com raiva da forma desumana como ela se dizia tratada por algumas pessoas. Eu ficava surpresa de como aquelas pessoas, que eu tinha conhecido e achado pessoas de bem, conseguiam ser tão falsas e hipócritas, porque se elas eram capazes de tamanhas atrocidades e na sociedade se mostrarem tão boas, então só podiam ser perigosas psicopatas.
2 de setembro de 2010 às 11:39Nunca passava pela minha cabeça que minha amiga que estava mentindo. Ela mentia de tal forma fria e calculista, e se mostrava sempre de carácter tão magnífico, que eu nunca suspeitava. Até que, "por acaso" (sim, porque Deus acho que quis dar um basta, já que eu sempre tive amizade leal por ela) comecei a descobrir suas mentiras, e depois ainda dei uma ajudinha à Deus e comecei a buscar a verdade dentro das minhas limitadíssimas possibilidades - eu não tenho acesso a praticamente nada da vida pessoal dela, só mesmo informações que estejam na internet - E tudo tomou um rumo assustador, e acho que devo ter visto só a ponta do ice-berg... Enfim... Ela é realmente muito boa para mentir, e tem uma mente extremamente inteligente e metódica, o que facilita bastante a doença dela, e dificulta muito a vida de quem é enganado por ela. Penso que ela minta por carência, sentimento de rejeição social e baixíssima auto-estima, não por maldade ou desvio de caráter, isso é claro, se eu não estiver sendo ingênua e boba outra vez. Mas prefiro acreditar que ela não é ruim, mas sim que sofre muito. De qualquer forma é muito triste, e eu agora só posso mesmo orar por ela, e desejar o seu sincero restabelecimento, um dia...
Abraços e parabéns pelo blog!
Gostei muito tanto do termo utilizado como, em especial, do 5º parágrafo. Agora cheguei ao seu texto, quando, ao ler um ensaio do Reberto daMatta, deparei-me com o termo mitômanos que eu não sabia o que era (que precário vocabulário que tenho!!! Talvez a razão esteja em ser matemático e além do mais, como todo homem, somente focado em uma coisa só, no caso os números). Parabéns pelo texto.
26 de outubro de 2011 às 17:57Postar um comentário